quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Carta a algum filósofo



Os pensamentos de julgamento de um pseudo-filósofo, de um reles poeta, de mais um mero místico dentre tantos que a mídia nem releva, de um velho boêmio, carpinteiro de banalidades noturnas, apreciador do orgasmo carnal que dilacera a alma em mais um ritual pagão de oferendas orgásticas a deuses desconhecidos do imaginário. Uma espécie nordestina que escolheu a nossa terra para na tentativa de implantar seus pensamentos estranhos, estabelecer um contato imediato com as classes intelectuais da sub-cultura daqueles que se admiram e são atraídos por qualquer sotaque diferente, por qualquer eloqüência mal proferida, por qualquer seita clandestina.
Vomitado pela boca da platéia, ignorado pelos alunos, desprezado pelos artistas, e repugnado pelos interioranos. Quis subir acima da própria glória e não suportou o descaso causado pelo sono que seus livros provocaram nos bibliotecários. Rebelou-se contra as pessoas que andavam em seus mundos paralelos e zombou de um estilo de vida que ele não pôde acompanhar.
Passado muito de sua vida, paga a taxistas o seu pólen dourado que ele chama capitalismo, ajunta migalhas para não vender seu espírito transcendente a esta terra que é a parte má do dualismo grego. Miscigena a desconexa experiência religiosa e a fundamenta nas mais arcaicas faltas de revelação do Divino. Ascende velas e oferece seu corpo a ilimitadas formas de energias flutuantes da atmosfera, como se fossem dimensões secretas, como se fossem novos mundos infinitos, quando não passam de coadjuvantes desta Era, porém os místicos adoram dar a coadjuvantes os papeis principais.
Valorizando o transcendente, e afogando-se no próprio egocentrismo, esquecem o mandamento que rege o mundo: amai-vos uns aos outros, amai a terra, amai a existência, amai o Ser, este é o Todo. Mas por medo do assustador capitalismo, eles correm para baixo das azas da mãe Ilusão, com medo de um inferno que não crêem, com medo do nome de um Deus que dizem não acreditar por não ser o seu Deus.
O seu julgamento desencadeou a resposta de um Zaratustra contemplador de espíritos humanos. Jamais subestime um poeta, jamais desafie um pensador, jamais duvide de um pacificador, pois a paz gera outra guerra quando existem seres que não possuem cósmovisão antropológica além do que diz a orelha dos seus livros, além do que se conclui de uma experiência na frente do espelho; se afoga Narciso, pelo menos isso ao invés de ficar formulando redundâncias como eu fazia em minha adolescência, sua idade te condena, apesar de adorar as menininhas da cidade, você já não pode mais, nem se um deus precisasse disso para restaurar a humanidade, ele pereceria em seus estímulos fracassados.
Esta é apenas uma resposta divertida para três palavras arrogantes de quem não conseguiu nem se manter pela própria cobiça filosófica. O preconceito dos “sábios”, desperta Zaratustra de seu sono.

Diego Marcell
12/08/10

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