Primeiras bibliotecas no Brasil Imperial

Em 1755, o terremoto de Lisboa destruira a Biblioteca Real Portuguesa. Logo, o rei D. José organizou então “La Ajuda”, movimento de compras e doações para a manutenção da biblioteca. Em 1805 D. Maria ordenou que, de todos os papéis impressos nas oficinas tipográficas, um exemplar deveria ser remetido a Biblioteca Real. A Biblioteca reuniaumais de 100 incunábulos e diversas primeiras edições portuguesas/espanholas,livros de horas iluminados, mapas, gravuras, etc. Todas as coleções foram encadernadas em marroquim vermelho, com detalhes dourados e o brasão de Portugal.

Pouco depois do terremoto, Diogo Barbosa Machado ofereceu uma doação de cinco mil volumes de diversos gêneros; seu acervo foi adquirido ao longo de sua vida de forma curiosa: ele recortava e encadernava tudo o que achava interessante. Informações fundamentais foram perdidas neste processo e como ele não seguia nenhum padrão para a encadernação, cada livro tinha a aparência de um amontoado de informações desconexas, porém muito valiosas.

A chegada das tropas de Napoleão precipitou a fuga da corte; não houve muito tempo para encaixotar tudo, mas por sorte conseguiram reunir muitos materiais que ajudou a administrar a nova sede. Chegaram salvos os arquivos das repartições públicas, a Biblioteca Real da Ajuda, os manuscritos da coroa e os do Infantado.

Uma vez organizada a corte, a biblioteca foi instalada no Hospital da Ordem Terceira do Carmo. A consulta era liberada somente aos estudiosos, sendo que em 1814 foi aberta ao público. Os dois primeiros bibliotecários foram: Frei Gregório José Viegas e o padre Joaquim Damásio, onde após independência, ambos voltaram para Portugal. Quando em 1825 Portugal reconhece a Independência, uma quantia é paga pelo bens portugueses deixados no Brasil e nesse valor foi incluído a biblioteca.

A biblioteca começou a enriquecer por meio do privilégio real, através de doações e de compras em leilões e alfarrábios, chegando rapidamente a 60.000 volumes. Era a maior biblioteca da América não só pela quantidade, mas também pela qualidade. Sabemos hoje que naquela época existiam outras bibliotecas no Brasil: Convento de São Bento, São Francisco, Real Academia Militar, Laboratório Químico-Prático, Academia Médico-Cirúrgica, Arquivo militar, Academia Real dos Guarda-Marinhas. Com a orientação destinada a educação da arte ensinada, o conteúdo destas bibliotecas se tornou muito completo, mas restrito somente a quem pertence-se a instituição. O conceito moderno de biblioteca pública somente desenvolveu-se com as ideias democráticas norte-americanas.

Em 1811, em Salvador, um rico senhor de engenho – Pedro Gomes Ferrão de Castelo Branco – conseguiu uma autorização real para fundar a primeira Biblioteca pública do Brasil, sendo administrada através dos ideais democráticos. A arrecadação de fundos, a doação de 3000 volumes e a permissão de uso da antiga livraria dos Jesuítas foi o que tornou possível a realização do projeto.

A inauguração ocorreu na sala do docel no palácio do governador, comemorando também a fundação da tipografia e lançamento da gazeta Idade d`Ouro. A biblioteca fez tanto sucesso que novos fundos eram necessários para manter o ambiente em atividade; foram feitas três loterias em beneficio da biblioteca. Infelizmente, o tempo foi inimigo da biblioteca; aos poucos, o projeto foi caindo no esquecimento e no abandono; a falta de cuidados com a manutenção e o empréstimo dos exemplares acabou diminuindo a qualidade e a quantidade do seu acervo.

Sobre o autor
Alejandro Rubio é amante de livros e trabalha em um sebo

Referências

MORAES, Rubens Borba de. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial