segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Coração em decomposição



O que é chamado pecado, que permeia a humanidade, é a podridão sentimental que sustenta preconceitos e falácias que rangem nas atitudes destes que Jesus tendia a ignorar.

Minha experiência no comércio de uma cidade do interior, e numa instituição religiosa da mesma cidade, acrescentou-me como uma escola da vida, me possibilitando analises antropológicas e teológicas através da convivência com este “mundo decaído” de seres humanos, que por mais religiosos que parecem ou tentem se apresentar, possuem seus corações desfigurados e sem pulsação vivificante assim como aqueles que o mestre já denunciava: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mt 23.27)

Jesus seria hoje tachado de pecador e herege pela maioria das igrejas Cristãs e seus membros, justamente por andar com os excluídos das instituições que levam o seu nome e inclusive da própria sociedade, Jesus era o marginal dos marginais, seria escândalo para estes que hoje são o escândalo do verdadeiro evangelho, mas que tomam como sendo seus os domínios da vontade divina.

Justamente por conhecer os corações das pessoas que ele depositava valores e investia na vida de alguns excluídos e era diretamente enfático com alguns que se achavam dignos de algo. Assim vejo a sociedade partindo do pressuposto quantitativo proporcional de população e seu baixo percentual de cultura que acentuam e aceleram o esfacelamento de corações já em decomposição. Tanto a ignorância (não como falta de conhecimento, mas como falta de saber), quanto a maldade originada do ego que favorece tudo que é para si e degrada tudo que é do outro, nisto vemos a falta de honestidade, fazendo destes homens e mulheres seres inferiores aos animais que na cadeia natural seguem o ciclo de apropriação, caça e sobrevivência baseados no instinto; já os humanos deixam tanto a racionalidade que direciona para a boa convivência do favorecer o outro para uma retribuição natural baseada no respeito, por um “eu” que quer o que irá denegrir o outro, gerando conflito e por consequencia degradação até a morte daquele que possui tais sentimentos e pratica tais atos.

Ganância, prazer, dinheiro, falsa-esperteza, inveja, e tantos outros pecados capitais ou não, mas que geram outros e outros numa cadeia de excremento de humanidade que faz da mesma um grande antro caído e sucumbido para a perdição.

Membros de igrejas que preferem seguir cegamente um evangelho torto imposto por algum pastor, padre ou líder religioso, e pensam estar sua salvação ligada a seus compromissos eclesiásticos, enquanto sonha em oculto relembrando os sabores dos seus antigos prazeres mundanos que ainda lhes sobrevém a mente quando há oportunidade, ou que facilmente vende sua alma por preços irrisórios para estas instituições de teologia distorcida, mas que como práticas diabólicas se colocam a julgar o próximo definindo quem é ou não salvo, algo pertencente exclusivamente ao Criador, mas que estes, sepulcros caiados, que não possuem o fruto do espírito, mas a arrogância do preconceito baseado no seu parco conhecimento, são abafados por seus fantasmas do passado que dominam estas mentes fracas, porém mascaradamente embelezadas pela religião.

Hoje compreendo o mundo que se perdeu no “Éden” e se sobrepuja negativamente desde então, com novidades malignas para se auto-proclamarem ou se auto-satisfazerem na ilusão de um mundo sem sentido e infeliz tanto da população sem conhecimento do Salvador, como dentre os mais ávidos leitores da Bíblia que não entregaram seu coração ao Espírito de Cristo apesar do tanto confessar de seus lábios. Ambos permanecem sem o Cristo da restauração, pois vivem de baixo do pecado ou da lei, e nada pode os levar ao alvo da perfeição além de Jesus, o exemplo máximo, o possuidor do amor.

Diego Marcell 31-01-11

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Causa



Pra causar desconforto
Inserir remédios
Numa doença que anestesiou o homem
Dói, mas o objetivo é tirar o mal pela raiz

São as sementes que eu lanço
E é o Espírito Santo que vai germinar
Se a terra estiver pronta
Macia
Sensível
Sentindo a presença
Pronta para brotar.

Diego Marcell 29-04-09

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Future



No deserto, o fundo elétrico
Transpassa a imagem
Nas ondas da viagem
A tela é nosso vão
Isso é rústico
Quando se anda por aqui
O risco na pele
Cores projetadas em mim
O mar e seus peixes
Voam sincronizados no fundo
Nem todo mecanismo é artificial
Pois o vento sacode o futuro
Vou dançar pra quem eu devo
Todos os motivos da minha arte
Se hoje vivo o futuro
É porque meu futuro é Sua vontade.

Diego Marcell 10-09-07

domingo, 23 de janeiro de 2011

Oração do desespero


Desculpe baby
Se ando chorando pelo que passou
Se ando pensando em que evaporou
Se fico vivendo o que deixei passar

Desculpe Deus
Se não sei como agir
Se ando triste pelos cantos
Olhando para as paredes
Procurando algo que faltou

Desculpe cidade
Se tudo está congelado
Não sei se pelo teu frio
Ou por teu passado
Por suas ruas que já não
Consigo andar
Por seus bares que já não
Consigo entrar
Por suas pessoas que já não
Conheço

Desculpe-me
Por estar assim entalado por um choro
Por estar envelhecendo sem querer
Por ter perdido a noção do que havia e desperdicei
Até que ponto valeu ou não?

Pai, por que me fizeste pensante se sou um solitário?
Por que me fizeste cosmopolita se sou prisioneiro?
Por que me fizeste urbano se sou caipira?
Com quem repartirei as futilidades que penso?
E com quem compartilharei o seu amor se já não visitam monges no deserto.?
Eu só queria sentar aos seus pés, e chorar.


Diego Marcell 09-06-10

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Café, Curitiba e Cinema


Num café preto, cheio de açúcar, eu armazenei o meu cinema. No seu cheiro, nas suas roupas, nas suas fitas e edições. Em Curitiba, numa Curitiba capital do cinema cosmopolita. Nos sóis do meio-dia. Na alegria colorida e cintilante da noite antiga. Lá nas ruelas cinematográficas, de negros sobretudos sobre asfaltos úmidos, sob postes de luz.

Escolhemos a diversão e o ativismo, mas não a profissão; escolhemos a cultura, a arte e o café, mas não a escravidão. Escolhemos em nossos quartos, a filosofia de um filme desconhecido, a chuva e o verde das folhas, a janela do prédio que filma a cidade parada, estática e as buzinas. O que fazer? Ligar para alguém, comer uma salada, beber um vinho e conversar.

A noite pede mais um plano, mais um livro que eu deixo para amanhã, temos que ler um roteiro antes de dormir. Temos que escolher a vida, antes que o café congele, coisa que nunca deixamos que acontecesse.

Diego Marcell 25-07-10

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A religião dos solitários



A religião dos solitários, vozes que clamam em meio aos arranha-céus e ecoam pelas vielas da cidade. Nós não temos com quem conversar, já que nossa comunidade é virtual, não sentimos o aroma do café fresco.

Caminham sem destino e encontram-se na verdadeira religião, conversar com desconhecidos, sem saber o que, ver o seu Deus no inóspito, também ali enxergar o amor, algo que não vem daqui, incapaz ao homem produzir, raro nos dias de hoje, de repente brilha num céu cinza, como a prata em meio ao pó.

Não ser aceito pelos fariseus, excluído pra chegar a Deus, é assim que fala o Soberano, é assim que age nos escolhidos.

Não somos padrão da religião do homem, não somos padrão para a mídia, somos estranhos, mas ninguém sabe porque.

Flutuamos com gravidade, as vezes parecemos invisíveis, chamamos sua atenção, mas só vêem sombras, nossas vozes são “off” e nossa imagem reflexo da criação, mas nosso ser eles omitiram por vontade própria, ou de alguém mais esperto e mais vivido na própria degradação.

Eles fazem rituais para agradar a Deus, mas dormem longe dos seus braços; eles cumprem rituais para ouvir Deus, mas andam pelas ruas com seus ouvidos tapados; eles fazem sacrifícios para receber de Deus, mas recusam sua graça; eles fabricam adoração a Deus, mas descartam uma vida de comunhão.

E nós que nada somos, nada temos, nada fazemos, só queremos nos relacionar com o seu Verbo que sendo vida nos leva a racionalizar o transcendente para saber que a verdade liberta, que a verdade é profunda e impossível de medir, mas fala ao coração puro com a divina simplicidade da mensagem de Jesus.


Diego Marcell 14-06-10

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Oração do erro


Errei tanto...
Agora mesmo lembro de me arrepender dos erros de ontem
Não aprendemos na escola a valorizar a humanidade
E hoje faz falta.
Vida, quero explorá-la aqui
Com meu Salvador
Hoje vejo sua plenitude
E na melhor hora é tempo de vaidade
E a gente não percebe.
Por que há muitos nas ruas que eu não reconheço?
Por que alguns não se lembram de algo também?
Faz tão pouco tempo
E eu não quero voltar para lá,
Mas a sua história poderia ter uma moral no final
E não simplesmente ser interrompida pela mudança.
Tantas festas que eu não vi passar.
Que faltou você e você
Para podermos conversar.
Talvez entre um copo e outro a gente se divertiu
Ainda éramos famosos
E o mundo era ali.
Mas o que valia ganhar só hoje é possível
Sem fama poder chegar
Onde a alma corroída chama
E não sabe o que é.
Nós mudamos no espelho
E nas fotos digitais já não são nós,
Mas vocês estão lá
Eu estou aqui
E eu oro para que a história não tenha chegado ao fim.

Diego Marcell 09-06-10

domingo, 16 de janeiro de 2011

Para nós


Para o poeta, nascer é expressão, expressão e causa divina, palavra maior, exprimida e dolorida, quer sair e como veneno curar.

Para o rimador eu só quero esquecer de rimar, de clichês que gosto de usar, de ritmos que vicio em fazer, em canções que gosto de copiar.

Para um pensador eu só quero vagar, pelas ruas da noite, banhado de lua e de mar, quero deitar e deixar, a suave canção que o vento trás, me transpassar, quero comunhão, e rodas de violão, um perfume mareado a rodopiar em breves raios fora de compasso a enviesados olhares a comungar, um sentido que volta, pelas veredas da vida e da poesia, um pensamento que contagia azas que soam em ouvidos dispersos, infantes rabiscos que beliscam nossa vida, nosso viver e nossos versos.

Se precisamos de refrão, agora não, antiga lembrança de verão, Jesus traga pra perto, aqueles que passaram, aqueles que não ficaram.

Antiga oração, cantiga de época fria, de neblina, de gramado e balança vazia.

Antiga melodia, tecnologia que nos leva, idéia que regressa, películas e lugares, fantasmas que percorrem o passado.

Pra onde foram todos, o que está nascendo para um poeta que dorme, que sonha, que as vezes acorda e as vezes cochila? O que está acontecendo enquanto isso, se Deus está agindo e ninguém está vendo?

Algo vai acontecer!


Diego Marcell 19-06-10

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A religião e a Voz




A religião me entedia
A religião fabricada para a massa
Por alguns deuses espertinhos

Das escadas de uma catedral
Em uma manhã de domingo pouco comercial
Exceto pela venda religiosa de indulgências
Pela venda neopentecostal de bênçãos.

Um fotografo solitário registra a verdadeira falsa religião

Um menino, ou uma menina
Seu cachorro, sua mendicância
Sua falta de religião tão religiosa
Que atrai o artista com sua religião caçadora de oportunidades estéticas.

E eu só posso caminhar, reluto comigo mesmo
Sem um assunto convincente
Deus está falando comigo
Num lugar distante
Desconhecido.

Os mendigos têm sua religião.
Os velhos e os garotos que madrugam para andar de skate
Aqueles que aguardam a palestra começar
Aquele gringo e seu culto motivacional, que me deu sono
E me fez caminhar, me fez meditar
Onde Deus falou comigo em terras distantes,
Em meu racional.

Diego Marcell – 13/15-06-10

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ruminando


"Quando a fé, em escala individual, se atrofia,

transforma-se em neurose;

e na escala social, degenera em superstição."

Viktor Frankl (1905-1997)

Peguei do SÍNTESE
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É o medo de quem se diz crente perder a salvação
ou sair do "caminho"
é o olhar duvidoso no outro
precipitação pelo conhecimento parco

é aquele fanático que evangeliza nas casas, pratica exorcismos e faz eventos para "chamar os jovens"
mas quando se decepciona com sua "igreja/instituição" volta a fumar.

ou aquele que não permite que outro faça louvor porque "está em pecado", mas quando fica de birra com o pastor, enche a cara com a desculpa que não está na igreja.

qual a diferença? lugar sagrado? e o Espírito foi retirado destes?

grande ilusão
grande neurose
grande superstição
que toma conta de um povo que se diz cristão
mas vive o dualismo de Platão
de quem ainda não obteve a verdadeira conversão.

através deste povo que Deus não encontra a fé no mundo.

Castelo forte é utopia.
É num castelo de areia que passam o dia.

Diego Marcell

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pós-modernidade



De repente você acorda pensando diferente, é a pós-modernidade que pegou você.
Ela nasceu esporadicamente em lugares isolados.
No teatro do absurdo.
Na arte de Duchamp.
No cinema. Hollywood está longe de ser pós-moderna, talvez só será quando aquilo que ele trás de moderno decretar sua falência, mas aí deixará de ser Hollywood. Pós-moderno é Glauber Rocha, Godard e Lars Von Trier.
Só a partir do ano 2000 podemos vê-la tomando forma na amplitude generalizada da vida urbana.
A internet é sua fonte de luz e todos agora estão ligados na pós-modernidade a partir do momento que seu pensamento se identifica com alguma linguagem não-linear, ou quando por engano você abre uma janela ao desconhecido que lhe traz a novidade conceitual que vai se alastrando pelas mentes mais incautas nas ruas.
Agora o mundo pensa diferente, ainda em transição, mas este processo parece cada vez mais acelerado.
Amanhã podemos acordar e o que era comum, tornar-se absurdo; e o que era inconcebível, tornar-se lei.

Diego Marcell
12-01-11

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DEPRESSÃO: DOENÇA DO SÉCULO OU TÃO ANTIGA QUANTO A HUMANIDADE?


por Dione S. F. Martins


Capítulo I
O QUE É DEPRESSÃO?

É assustador o grande número de pessoas que hoje em dia vêm apresentando algum tipo de depressão, por isso mesmo nunca se ouviu falar tanto sobre uma enfermidade como esta.
A depressão é uma enfermidade e deve ser tratada como tal. Depressão não é um sentimento, mas um conjunto de sintomas que diz respeito a um quadro patológico e nem sempre está ligada a um fato. Muitas vezes a pessoa enferma não consegue associar seus sintomas a nenhum acontecimento. Uma tristeza profunda e alterações metabólicas impedem a pessoa de viver uma vida saudável, e ainda permanecer por anos atormentando-a. Não sara simplesmente com uma palavra de animo ou um incentivo para uma mudança de comportamento, como por exemplo: sair, viajar, buscar algum tipo de entretenimento. A depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o humor da pessoa. Ela acaba com o prazer de tudo.

O termo depressão pode ser de difícil compreensão, pois é usado com diversos sentidos. Na linguagem geral, ele descreve o estado melancólico ou “para baixo” que todos nós experimentamos de vez em quando. Na psiquiatria, porém, refere-se a uma incapacidade de experimentar qualquer tipo de prazer. (DOWLING, 1999, p. 79)


A depressão é um desequilíbrio psiquiátrico muito mais freqüente do que se imagina. Recentes estudos mostram que de 10% a 25% das pessoas que procuram as clinicas gerais apresentam sintomas de depressão, no entanto eles não costumam estar preparados para reconhecer e tratar esses casos.
Já existe uma tabela com certos sintomas relacionados, dos quais o paciente deve apresentar cinco ou mais sintomas, dentre eles um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, num período de pelo menos duas semanas.
“Isso passa!” “É só uma fase!” É o pensamento da maioria das pessoas, mas a depressão é séria e deve ser tratada. Muitas vezes os sintomas podem desaparecer assim como chegaram, isto é, sem serem percebidos, mas é importante lembrar que eles podem voltar. Pesquisas revelam que uma pessoa que teve um episódio de depressão na vida tem 50% a mais de chance de ter o segundo. Quem experimentou o segundo, tem 75% de probabilidade de passar pelo terceiro. E quem chegou a este corre um risco 90% maior de sofrer uma quarta fase depressiva.
Estatísticas indicam que 17% da população mundial sofre com esse problema, inclusive idosos, adultos, adolescentes e crianças. Com uma prevalência maior de adultos na faixa de 20 aos 40 anos, e de mulheres, numa proporção de duas para cada homem. Não se sabe se a diferença é devido a pressões sociais, diferenças psicológicas ou ambas. A vulnerabilidade feminina é maior no período pós-parto, cerca de 15% das mulheres relatam sintomas de depressão nos seis meses que se seguem ao nascimento de um filho.

De 10 a 20% das mulheres experimentarão após o parto uma depressão moderadamente profunda, que dura de seis semanas a um ano ou mais. O conteúdo especifico das preocupações do pós-parto parece distingui-las de distúrbios afetivos em outras fases da vida. As mães vitimas de depressão pós-parto apresentam uma ansiedade extrema em relação ao bem-estar de seus bebês, e duvidam de sua capacidade de nutrir sentimentos maternais normais em relação aos filhos. (DOWLING, 1999, p. 118)

A depressão é uma enfermidade terrível a qual leva o individuo a uma tristeza, melancolia e agonia tão profunda que pode levá-lo ao suicídio.

Sem inclinação habitual a depressão eu não podia prontamente identificar-me por experiência pessoal com os distúrbios emocionais daqueles que me consultavam. Mas em 7 de outubro de 1969, eu experimentei o mais devastador evento da minha vida desde que meu pai morreu quando eu tinha dez anos de idade. Atingido por meu primeiro e sério processo de depressão, eu pude pela primeira vez, realmente identificar-me com o frio, apático, desesperançado sentimento do depressivo. (LAHAYE, 1975, p. 12)


Alguns fatores de risco para a depressão:
- História familiar de depressão.
- Idade mais avançada.
- Episódios anteriores de depressão.
- Parto recente.
- Acontecimentos estressantes.
- Dependência de drogas.

A depressão destrói a auto-estima e a autoconfiança, e a família e os amigos podem ajudar o individuo deprimido a sentir-se uma pessoa de valor, oferecendo amor, apoio e encorajamento. Nem sempre, porém, é fácil saber a melhor forma de fazer isso. A primeira coisa a fazer é tentar manter o relacionamento o mais normal possível. Faça companhia, telefone com freqüência, a idéia é fazer com que a pessoa se envolva com você, e não apenas mostrar a ela sua preocupação. (DOWLING, 1999, p. 261)

Pra Lahaye (1975, p.16), um homem notável do século II, foi Plutarco, que criou um contexto, nitidamente religioso para a melancolia.

O paciente se olha como um homem que os deuses odeiam e perseguem com sua ira. Uma sorte muitíssimo pior o espera; ele não se atreve a empregar qualquer método de desviar ou remediar o mal, a não ser que ele seja encontrado lutando contra os deuses. Não aceita o médico ou o bom amigo que deseja consolá-lo. ‘Deixa-me’ diz o desventurado homem, deixa-me para que eu o ímpio, o amaldiçoado, odiado pelos deuses, sofra o meu castigo. Ele senta-se ao ar livre enrola-se numa sarapilhadeira ou em trapos imundos. De quando em quando ele se envolve desnudo na obscenidade confessando este e aquele pecado. Que comeu ou bebeu alguma coisa inapropriada. Que trilhou algum caminho que os seres divinos não aprovaram. Os festivais em honra dos deuses, já não lhe dão prazer, mas ao contrario, o enchem de medo e temor.


Capítulo II
SINTOMAS DA DEPRESSÃO

São muitos e variados os sintomas que caracterizam um quadro depressivo, o paciente deverá apresentar pelo menos cinco deles, num período de duas semanas ou mais, como já citado anteriormente.

- Um dos primeiros sintomas que podemos observar na pessoa depressiva é a perda de interesse por atividades que antes causavam prazer e que agora foi substituída pelo vazio e desesperança, clinicamente é conhecido como anedônia.
- Comportamento irregular do sono: troca acentuada no habito de dormir. Pessoas depressivas tendem a dormir demasiadamente e acordarem cansadas, no entanto o mais comum é a insônia, não dormem quase nada, ou se dormem, acordam durante a noite e não conseguem voltar a dormir.
- Apatia, letargia, fatiga: sintoma muito comum é observado nas declarações: “Estou sempre cansado.” Já ao acordarem encontram-se cansados, perda quase que total de energia, qualquer atividade física normal torna-se um grande peso. “Meus pés pesam como se estivessem fundidos em concreto.” (LAHAYE, 1975, p. 28)
- Perda ou excesso de apetite; acompanhada de perda ou aumento de peso: A comida perde o seu sabor, não há motivos para comer ou, de repente o apetite torna-se tão grande que todo e qualquer alimento é devorado, sem que isso o satisfaça.
- Diminuição da libido: Quando a pessoa encontra-se depressiva, todas ou quase todas funções impulsivas ou atividades básicas cessam, inclusive o impulso sexual. No caso das mulheres a depressão pode chegar a tal ponto que até a sua menstruação é interrompida.
- Aspecto descuidado: O depressivo simplesmente deixa de se cuidar, como se a sua própria auto-imagem negativa se refletisse na aparência.
- Sintomas físicos persistentes: Sintomas das quais não respondem a tratamentos. Por exemplo, os mais comuns: cansaço, pressão no peito, vertigens, palpitações cardíacas, enxaquecas, distúrbios digestivos.
- Falta de afeto: Um dos motivos que levam a pessoa depressiva ao isolamento se deve a perda afetiva por seus entes queridos, de repente a pessoa se vê dizendo: não sinto nada, como se filhos, cônjuges e amigos não existissem.

A depressão, segundo reconhecem os psiquiatras, assemelha-se mais a um limbo emocional, como se todos os sentimentos estivessem em suspenso. Mesmo as pessoas que choram muito, dirão que não se sentem tristes, mas sim vazias. E essa sensação de vazio é frustrante para outras pessoas, que se indagam porque elas estão começando a se sentir tão vazias. (DOWLING, 1999, p. 259)


- Tristeza: A tristeza e o abatimento estão tão arraigados no coração do deprimido, que podemos ver em seu rosto. A alegria e o divertimento já não fazem parte de sua vida e ainda outro sentimento lhe sobrevém, pela alegria daqueles que o cercam: o ressentimento.
- Ira: A depressão se faz acompanhar pela ira, pelo menos nas primeiras fases. No principio essa ira é lançada para a pessoa que a insultou, rejeitou ou até mesmo a levou a uma determinada situação. No entanto mais tarde essa pessoa lança sobre si mesma essa ira, como se ela fosse a causadora da situação, surgindo aí mais um sintoma: sentimentos de culpa injustificáveis.
- Chorar à toa, ou dificuldade para chorar: Chorar a toa é um dos sintomas mais comuns e freqüentes. O choro se faz involuntário, não tendo hora nem local, simplesmente o deprimido não consegue conte-lo. Por outro lado, existe também aqueles que simplesmente não conseguem liberá-lo.
- Irritabilidade ou impaciência: Tudo o irrita. A conversa das pessoas, o convívio social, atividades, sons normais, tudo causa desconforto e impaciência, até mesmo solicitações de pessoas amigas.
- Ansiedade, temor, preocupação: O depressivo sente uma solidão imensa, como se todos que o rodeiam não existissem, o temor de tudo e as preocupações mais absurdas tomam conta dele.
- Sensação de que nunca vai melhorar, desesperança: O sentimento de desesperança toma conta da pessoa depressiva. Sente-se presa pela atual circunstância e não consegue enxergar uma saída. O passado lhe traz lembranças de fracassos e rejeições, enquanto que o presente é a angustia personificada, e, no futuro não encontra solução alguma, viver já não vale mais a pena. O que lhe resta é o desejo de morrer.
- E ainda outros sintomas encontram-se associados a estes: pessimismo, dificuldade para começar as tarefas, queixas freqüentes, pensamentos negativos persistentes, pensamentos suicidas.

“Nada acontecera para que eu me sentisse tão mal”, escreve ela.
“No entanto, cada nuance de cor foi lentamente retirada de minha vida de maneira tão gradual que não percebi o que acorria. Então, de súbito, não havia mais alegria em minha existência. Não havia prazer em me levantar a cada manhã, em estar na companhia de amigos ou em fazer as mil e uma coisas que adoro fazer. Tudo que se descortinava a minha frente era uma solidão e um vazio muito doloroso. Nada tinha significado, nada proporcionava prazer. Eu desejava desesperadamente rir e me divertir outra vez, mas a dor só aumentava.” (DOWLING, 1999, p. 77-8)


Capítulo III
ALGUNS TIPOS DE DEPRESSÃO

- Depressão maior: É aquela em que o paciente apresenta quase todos os sintomas citados anteriormente ou, no mínimo cinco deles, num período de duas semanas ou mais, incluindo a anedônia. “Muitos pacientes com depressão maior, antes da crise depressiva, apresentam uma personalidade afetivamente rica, são alegres, ativos, sociáveis.” (CURI, 2006, p. 123)
- Depressão distímica: É aquela em que o paciente apresenta os mesmos sintomas, embora mais brandos, a ansiedade é menor, diminuindo assim o risco de suicídios. Ao contrário do depressivo maior, o distímico é aquele que desenvolve uma personalidade extremamente crítica, insatisfeita. Devido ao fato da afetividade depressiva não permitir uma visão mais positiva da realidade, este paciente insiste em considerar que a maneira sombria como vê as coisas é uma maneira realista de viver. Seu período de dois anos no mínimo.

Embora os sintomas sejam menos intensos do que os da depressão maior,é mais difícil tratá-los em razão da desesperança que esses pacientes carregam, da baixa colaboração no tratamento e da dificuldade que sempre tiveram de extrair prazer dos pequenos detalhes da vida. Todavia, é possível que tais pessoas dêem um salto no prazer de viver. (CURI. 2006, p. 125)


- Depressão ciclotímica (bipolar): É um transtorno emocional flutuante. Alterna períodos de depressão com fases de euforia. As pessoas com distúrbios bipolar em geral requerem medicação num tratamento a longo prazo, pois é raro um individuo sofrer apenas um episódio de mania. (DOWLING, 1999, p. 230)
- Depressão atípica: A depressão atípica é uma maneira disfarçada da depressão se apresentar. A pessoa não se percebe deprimida e não apresenta a maioria das queixas contidas na depressão típica. Essas pessoas acreditam ser obrigatório um motivo justo para aparecer a depressão, caso contrario, acham impossível manifestar um sentimento depressivo. “A forma atípica da depressão, é mais rara, na qual as pessoas tendem a comer e a dormir excessivamente.” (DOWLING, 1999, p. 83)
- Depressão pós-parto: Já foi citada anteriormente.
- Depressão sazonal: Durante as estações do ano.
- Depressão menstrual: Nem todas as mulheres apresentam distúrbios suficientes para caracterizá-la com a síndrome pré-menstrual, mas um numero cada vez maior de mulheres relatam algum tipo de distúrbio que acontece no período menstrual. A mulher que sofre de alterações emocionais menstruais sente-se muitas vezes envergonhada, impotente e fora de controle. Nesses dias ela poderá brigar com seu cônjuge, filhos ou qualquer pessoa que passar em seu caminho, qualquer motivo a faz perder a paciência. Essa mulher tem consciência que seu comportamento é irracional e se odeia por isso. Quando seu cônjuge ou outra pessoa faz avaliações negativas sobre seu comportamento, ela sente-se extremamente culpada, e a sua auto-estima diminui ainda mais. Esse processo torna-se um circulo vicioso terrível que se auto-perpetua.

Caso da síndrome pré-menstrual, os “órgãos alvos” são o cérebro, os seios e o útero, com a ocorrência de efeitos secundários na tireóide e no córtex da glândula supra-renal. O cérebro é o foco das novas pesquisas.
Apenas recentemente os cientistas começaram a focalizar a participação das substancias químicas do cérebro da mulher nas alterações emocionais por ocasião da menstruação. (DOWLING, 1999, p. 108)

- Depressão senil: Depressão que se manifesta na pessoa idosa. Muitas vezes o problema no idoso é confundido com outras doenças, como a demência e acaba sendo tratado de forma errada, e o que é pior: muitos ainda acham que a apatia e a tristeza fazem parte do envelhecimento natural.

Especialmente os idosos são alvos da depressão, tanto por motivos hormonais e mais vulnerabilidade a doenças físicas, mentais e emocionais, como devido a exclusão social, que os leva a desenvolver sentimentos de menos valia e inutilidade, sobretudo nos que eram ativos e requisitados socialmente. (MALAFAIA, 2009, p. 15)

Jovens e crianças e até bebês sofrem de depressão. Assim como nos adultos, devido a algum tipo de problema fisiológico ou emocional. Psiquiatras tradicionais achavam até um tempo atrás que as crianças não poderiam experimentar uma depressão verdadeira por não terem uma profundidade emocional e cognitiva.

Na ultima década, alguns estudos mostraram que as crianças e os adolescentes não só sofrem de depressão, como também de todas as outras formas de distúrbios afetivos. Na verdade a depressão é alarmantemente comum entre as crianças e esse fato permanece ignorado por muitos. (DOWLING, 1999, p. 155)


Capítulo IV
CAUSAS DA DEPRESSÃO

Ainda permanece desconhecida a causa exata da depressão. A explicação mais correta provavelmente é o desequilíbrio bioquímico dos neurônios responsáveis pelo controle do estado do humor. Esta afirmação se dá na comprovada eficácia dos antidepressivos. Pesquisas recentes sugerem também a importância de fatores genéticos na depressão (o fato de ser um desequilíbrio bioquímico não exclui tratamentos não farmacêuticos).
Podemos dividi-los em: Fatores endógenos (internos) ou fatores exógenos (externos) ao organismo.
Entre os fatores endógenos de origem biofisiológica, temos os distúrbios hormonais e químicos, bem como alterações das células do cérebro devido a doenças degenerativas.
No caso da depressão exógena, destacam-se a alimentação inadequada, falta de atividades físicas, estresse, traumas, rejeições, perda de algum entre querido ou tragédias.
Há também a depressão gerada por outras doenças, como: Distúrbios neurológicos, disfunções hormonais e da tireóide, câncer, moléstias cardiovasculares. Estudos revelam que 10% a 15% das pessoas deprimidas têm esse perfil. Tratada a doença de base, desaparece a depressão. Se ambos os pais apresentarem algum tipo de depressão, há de 50% a 75% de risco de o filho também vir a ter.

O poeta brasileiro disse:

Quem passou pela vida em brancas nuvens e em plácido repouso adormeceu, quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, só passou pela vida, não viveu.
A realidade é que ninguém, em nenhum momento da historia da humanidade, nem mesmo Jesus pode dizer que não tenha passado por alguma forma de sofrimento. (INHAUSER, 1999, p. 25)


Capitulo V
TRATAMENTO

Como já foi citado anteriormente, a depressão tem cura. O tratamento médico sempre se faz necessário. Sendo o tipo de tratamento relacionado ao perfil de cada paciente. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas aqui mostrados e com pouco juízo sobre as atividades da vida diária. Nesses casos o acompanhamento médico é fundamental, mas o tratamento pode ser apenas psicoterápico.
Pode haver casos mais graves, com maior prejuízo sobre o dia-a-dia do individuo, podendo ocorrer também sintomas psicóticos (como delírios e alucinações), e idéias e tentativas de suicídio. Nesta situação, o tratamento medicamentoso se faz obrigatório, além do acompanhamento psicoterápico.
Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, medicações que não causam “dependência”, são bem tolerados e seguros se prescritos e acompanhados pelo médico. Em alguns casos se faz necessário associar outras medicações que podem variar de acordo com os sintomas apresentados (ansiolíticos, antipsicóticos).

Uma pessoa está curada quando pode se lembrar e falar confortavelmente dos traumas vividos. Perdoar não é esquecer, mas é poder de se lembrar confortavelmente, sem dor, sem constrangimento das perdas e agressões morais, emocionais e físicas sofridas. (BORGES, p. 198)


Capítulo VI
ASAFE

O problema da prosperidade dos maus – Salmo de Asafe 73. 1-28

Asafe era um israelita pertencente à tribo de Levi, o que significava que estava destinado a ministrar na presença de Deus durante toda a sua vida, em outras palavras ele foi um dos principais cantores de Israel, também foi autor de vários salmos incluindo o salmo 73, no qual descreve os fatos de sua alma numa linguagem de profunda significação, época em que tinha entre 60 e 70 anos.
Quando Davi assumiu seu reinado, conduziu os israelitas a um reavivamento espiritual jamais visto, pois o interesse espiritual do povo estava em baixa, devido à apostasia de Saul, seu antecedente. Então foram designados os músicos, onde Asafe foi escolhido para reger a música de louvor do povo que escoltava a arca no trajeto até Jerusalém.

Disse Davi aos chefes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, cantores, para que, com instrumentos de música, com alaúdes, harpas e címbalos, se fizessem ouvir, e levantassem a voz com alegria. Portanto, designaram aos levitas Hema...Asafe...e Etã...(I Cr 15. 16-17)


Sem dúvida a reputação e a integridade de Asafe deveria ser semelhante à do próprio rei, do qual o nomeou para a posição permanente de líder do culto, diante da arca da aliança (Cr 16. 4,5,7,37).
Asafe amigo de Davi, homem de grande potencial, dotado de grandes dons, ungido pelo Espírito Santo para conduzir a nação no louvor, ocupadíssimo na organização diária do culto, começava a esgotar-se, desmoronar-se, deprimir-se. Assim como muitas pessoas hoje em dia, Asafe acreditava que levando uma vida regrada, obedecendo aos preceitos sociais, à lei e dedicando suas obras a Deus era merecedor de maiores bênçãos materiais para viver uma vida tranqüila.
Foi observando as riquezas de seus perversos vizinhos, como dirigiam suas vidas, suas atitudes com Deus, suas más influencias para com as outras pessoas, que fez Asafe comparar sua própria vida e dedicação a Deus, se perguntando: Por que eles têm mais do que eu?
No verso 3 do salmo 73, Asafe nos dá a razão de sua depressão: “Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.”

Sempre que um crente começa a cobiçar o estilo de vida nababesco de homens sem absolutos morais e espirituais, ele acaba na mesma situação conflituosa de Asafe, e a pergunta que, normalmente desencadeia tal processo de perturbação filosófica é a seguinte: Por que aquele homem prospera apesar da sua maldade? Ou: Por que Deus não distribui as coisas equanimemente manifestando assim a sua justiça no tempo presente? (FÁBIO, 1983, p. 11)


Quando Asafe conseguiu liberar seus sentimentos, deixa claro o processo depressivo em que se encontrava, manifestando sintomas como: ira, autocomiseração, baixa-auto-estima, amargura, etc, levando-o a fazer uma descrição cheia de pormenores e ódio dos perversos, nos versículos 4-12 do salmo 73.

Ao meditar sobre os malvados, e na crescente convicção de que Deus o tratara injustamente, Asafe começou a enxergar a vida agradável do incrédulo. Ao acreditar na mentira, fez com que suas queixas ressoassem como se fossem corretas a seus próprios ouvidos. (SMITH, 1991, p. 109)


Trazendo para os nosso dias, essas seriam algumas queixas de Asafe:
Por que alguns homens que não estão nem aí com Deus e o seu próximo, desfrutam de boa saúde a vida toda, enquanto que o honesto, trabalhador, homem de Deus, está morrendo de câncer?
Não partilham das canseiras dos mortais, ou seja, os maus ganham a vida apenas na base do emprego sem necessidade real de trabalho, não se preocupam com contas para pagar, nem com a fome dos filhos, não se privam de confortos e das coisas que lhe dão prazer, pois são economicamente tranqüilos.
Asafe também fala da soberba, isto é, da arrogância, da pompa com que esses homens falam de suas grandes realizações. Somente para um homem de Deus, a soberba não é um sentimento natural, mesmo sendo ele bem sucedido.
A violência, a mesa sempre farta, fantasias que o afastam ainda mais de Deus, malicia ao falar, suas maneiras rudes e opressoras de tratar os outros, brincadeiras e piadas com o nome de Deus, são também características de um homem sem caráter. Em razão de todo esse luxo e prosperidade, o povo simples deduz que Deus não está preocupado com a vida moral dos homens, já que permite o sucesso dos arrogantes.
Por um momento Asafe também acreditou que Deus não se importava com o que se passa aqui na terra, lamentando o tempo que tinha perdido em permanecer com uma vida pura, digna e honesta até aquele dia. Pensou que todo o seu esforço tinha sido em vão. “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de continuo sou afligido e cada manhã castigado.” (Sl 73. 13-14)
Aqui vemos os sintomas do deprimido Asafe, expressando unicamente seu ódio contra Deus, achando que este o abandonou. É com amargura que relembra sua dedicação a Deus, sua caminhada na fé, conduzindo uma nação no louvor e adoração, tudo quanto fizera. Seu único pensamento: Qual foi a minha recompensa? Viver dias de sofrimentos e problemas. Queixas e mais queixas, pensamentos negativos, a ira e o ciúme faziam com que Asafe sempre voltasse ao mesmo problema: sua indignação contra Deus.
Para Asafe, ele era o filho da aliança, portanto, com maiores direitos à uma vida prospera que os seus vizinhos maus. Asafe se afastou dos amigos, não contou a ninguém suas angustias, duvidas e conflitos, por medo de ser julgado, e também por outro lado, não queria influenciar as pessoas com suas duvidas, em face a posição que ocupava (Sl 73.15).
Asafe se considerava um hipócrita se permanecesse diante do povo regendo o cântico de louvor. Louvor que não partilhava mais. Asafe poderia ter discutido seus problemas com Hemã e Etã, seus amigos de ministério, com certeza teria recebido ajuda e orações. No entanto, para o depressivo nada melhor que fugir dos outros e ficar só.

Quando tentei compreender isto, fiquei sobremodo perturbado (Salmo 73. 16). As palavras no original dão a idéia de que a tentativa de compreender o que estava acontecendo era esforço grande demais para mim. À semelhança de alguém que estivesse se congelando, perdido, tudo o que ele desejava fazer se resumia em se deitar e abandonar-se a um sono sem fim. (SMITH, 1991, p. 112)


Porém, houve um dia em que a cura chegara para Asafe. “Até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles.” (Salmo 73. 17)
Quando Asafe menciona entrei no santuário, não quer dizer necessariamente o templo em si, a estrutura física, mas a presença de Deus, pois Asafe se encontrava todos os dias dentro da estrutura física do templo, local onde nos últimos tempos sofrera grandes aflições.
A presença de Deus lhe dava agora, uma compreensão da vida que jamais tivera antes. “A palavra mais significativa do verso 17 é “atinei”. Está ligada a percepção, a capacidade de vislumbre da existência e de suas verdadeiras leis e caminhos.” (FÁBIO, 1983, p. 19)
De repente Asafe entendeu que a vida do soberbo é tão desprezível e irreal diante de Deus, como um sonho para alguém que acaba de acordar, verso 20. Então abandonou a posição de procurar respostas para se tornar tão próspero e feliz como os perversos e, entrou num verdadeiro relacionamento com Deus, retomando sua fé.
A partir do verso 22, vemos Asafe saindo do seu quadro depressivo, quando ele chega a conclusão de que a inveja e a amargura o levara a agir como um bruto, um louco, um animal que não tem entendimento.
Asafe agora reconhece que em meio a todo esse quadro, Deus nunca o abandonara, e continuava a amá-lo segurando-o pela mão. Asafe descobriu em seu encontro com Deus no santuário, que a sua verdadeira riqueza era estar junto a Deus, verso 28.
Certamente Asafe sabia que haveria ocasiões em que enfrentaria outros problemas que o deixariam deprimido, mas agora, não estava só, contava com o seu maior e melhor psicoterapeuta, Deus.

A grande manifestação de Deus no tempo presente não é enriquecer o crente ou empobrecer o descrente, mas é conservar no caminho que conduz ao verdadeiro e incorruptível tesouro pessoas tão frágeis como eu e você. (FÁBIO, 1983, p. 26)


A cura chegou para Asafe, no momento em que ele entrou no santuário e desabafou com Deus, expondo todos os sentimentos negativos que o corroíam a mente e o coração. Até que a nuvem negra que o impedia de ver claramente se dissipou.

A cura só vem quando expomos nosso trauma. Traumas se alimentam de silêncio, que se concretiza pela falta de perdão e confissão. O ponto da cura reside naquela situação na qual não queremos que Deus chegue, mas certamente é lá que Ele quer chegar. Deus quer chegar aquelas feridas as quais nós não queremos que Ele e nem ninguém toque. Aquelas áreas escuras, das quais fugimos e nos lembramos com profunda dor e agonizante vergonha. Este é o ponto da cura e da libertação da alma. (BORGES, p. 201)


Capitulo VII
ELIAS, O TESBITA

Essa história se resume no fato de que a resposta de Deus ao pior rei de Israel foi o surgimento de um dos maiores e mais poderosos profetas do Antigo Testamento, Elias, o Tesbita. Elias era chamado assim porque vinha da cidade de Tisbé, situada em Gileade.

Gileade era um lugar solitário e de vida ao ar livre, onde seus habitantes eram provavelmente rudes, queimados de sol, musculosos e fortes. Nunca foi um lugar de educação, sofisticação e diplomacia. Era uma terra árida, e muitos achavam que a aparência de Elias tinha muita relação com sua terra. (SWINDOLL, 2001, p. 28)

Nesta época Israel estava sendo governado pelo rei Acabe e sua esposa Jezabel. Jezabel era adoradora de Baal, no qual levou Acabe a fazer parte desse culto idólatra e imoral.
O reinado de Acabe estava perseguindo e matando os profetas do Senhor e levando a nação a apostasia e a derrota. Eis que de repente Elias aparece. Sem nenhuma formalidade, aquele homem simples, chega diante do rei e comunica: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho, nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra.” (I Reis 17. 1)
Essa profecia tem um significado particular, pois para os adoradores de Baal, eles acreditavam que Baal era o deus da chuva. No entanto, agora Elias mostra que o Deus de Israel controlava o clima.
Depois disso, Deus manda Elias se retirar e se esconder num lugar junto a torrente de Querite, perto do Jordão, onde o próprio Deus iria alimentá-lo enviando corvos com pão e carne duas vezes ao dia. Quando a torrente secou Deus falou a Elias para seguir viajem até Sarepta e se encontrar com uma viúva que iria alimentá-lo.
Chagando a Sarepta, Elias encontra a viúva, pede água e comida, no entanto ela lhe responde que com o pouco que tinha faria a ultima refeição para ela e o filho e depois esperaria morrer de fome.
“Que surpresa! Bem vindo a Sarepta, Elias! Era essa a pessoa que iria sustentá-lo?” (SWINDOLL, 2001, p. 67), porém, Elias olhou além das circunstancias, deixou o medo de lado e enfrentou a situação com fé. Elias disse à viúva: não se preocupe, vá e cozinhe esta ultima refeição, mas primeiro quero que faça um pequeno pão para mim, e ainda assim terá o suficiente para você e o seu filho. “Porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija não faltará, até ao dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra.” (I Reis 17. 14)
Elias era um homem de fé, e sabia o que estava falando. Aquela pobre viúva não teve escolha diante de uma situação tão estranha. Em sua frente estava um homem sujo, cansado, sedento, com uma grande promessa. Só lhe restava obedecer e obedecendo não lhe faltou o alimento.
Um dia, porém, o filho da mulher fica tão gravemente enfermo que morre. Naquele momento o mundo daquela mulher desmorona, com o único filho morto nos braços, em meio ao choro, grito e revolta, olha para Elias e despeja toda sua dor e ressentimento, culpando o homem que na verdade havia livrado ela e o filho da fome.
Então, Elias simplesmente diz: dá-me o seu filho. E, em silencio toma o menino nos braços e o lava para o próprio quarto onde estava hospedado e o coloca na cama. Elias deitou-se sobre o menino três vezes e orando a Deus pede que ele volte à vida. E o Senhor ouve a oração de Elias, e este volta à vida. Elias desce com o menino e o entrega a sua mãe.

Elias não disse: “Olhe o que eu fiz!” Não! Isto pode ser o que nós teríamos feito ou talvez o que algum televangelista teria feito... mas não foi o que Elias fez. Ele simplesmente desceu as escadas com o garoto a seu lado e disse: “Vê teu filho vive.” (SWINDOLL, 2001, p. 85)


Então a mulher disse a Elias: Agora tenho certeza que é um profeta e que tudo que você fala vem de Deus.
Três anos mais tarde o Senhor disse a Elias: vá dizer ao rei Acabe que logo mandarei chuva. Nesta época Acabe estava a procura de Elias. Quando Acabe se encontra com Elias ele diz: “Então é você, hein? O homem que trouxe a desgraça a Israel! Sua cobra miserável.”
A coragem de Elias, a mesma que o colocava frente a frente com o rei, lhe dava a ousadia de revidar a acusação: “Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor e seguistes as baalins.” (I Reis 18.18)
Continuando disse Elias: Vamos resolver de uma vez por todas essa situação. Traga todo o povo de Israel ao monte Carmelo, juntamente com os 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Aserá.
Quando estavam todos no monte, Elias dirige-se ao povo e pergunta: até quando vocês ficarão nesta indecisão, sem saber a quem servir? Ou servem a Deus ou a Baal!
Através de uma idéia simples, mas inteligente, Elias estava prestes a provar que o Senhor era o Deus verdadeiro. Voltando-se novamente para o povo disse: Dos profetas do Senhor só restou eu, mas Baal tem 450, portanto tragam dois novilhos; vocês profetas de Baal podem escolher qualquer um deles, cortá-los em pedaços e colocar sobre a lenha do altar, porém não coloquem fogo. Eu farei o mesmo com o outro novilho. Depois orem ao seu deus para que responda com fogo para ascender a lenha, e eu orarei a meu Senhor, o deus que responder enviando fogo, é o Deus verdadeiro. O povo concordou com a idéia.
Durante a manhã todos os profetas de Baal, gritaram, chamaram, dançaram, mas não obtiveram respostas. Lá pelo meio dia Elias começa a zombar deles.
- Gritem mais alto para o deus de vocês, talvez ele esteja ocupado falando com alguém.
- Ou quem sabe foi ao banheiro.
- Ou tenha viajado em férias.
- Ou dormindo, gritem mais alto para que ele acorde.
E como era de costume se cortavam com facas e espadas.

Eles chamaram por seu deus a manhã até a tarde. Chagaram até a mutilar seus corpos em meio daquele frenesi. Porém não houve voz. Aqueles famosos sacerdotes e profetas de Baal que, durante o sofrimento do povo com a seca, foram alimentados do bom e do melhor a mesa da rainha, chamaram por horas a fio, mas sem respostas nem atenção alguma. Imagine todos eles exaustos, desdobrando-se e caindo no chão, ofegantes, sangrando e finalmente, humilhados. Não houve resposta, nem atenção alguma. (SWINDOLL, 2001, p. 99)


Chegou o momento esperado. Momento de mostrar ao rei e ao povo quem era o Deus verdadeiro. Chamando o povo para perto, Elias tomou doze pedras que representavam as tribos dos filhos de Jacó e, arrumou o altar que havia sido construído, cavou um rego ao redor do altar, colocou a lenha e o novilho em pedaços. Depois disse: encham quatro vasilhas grandes com água e despejem sobre o altar o novilho, a lenha, até encher o rego.

No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, e que eu sou teu servo e que segundo a tua palavra, fiz todas essas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me para que esse povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que fizeste retroceder o coração deles. (I Reis 18. 36, 37)


A oração de Elias foi simples e objetiva. Não houve grito, muito falatório, nem pulos, nem danças. No entanto foi a oração de um homem que conhecia o seu Deus, que vivia conforme a sua direção e vontade.

Então, caiu fogo do Senhor e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus! (I Reis 18. 38, 39)


Elias mandou que amarrassem os profetas de Baal, e levando-os ao córrego de Quison matou a todos. “Nunca subestime o poder de uma vida totalmente dedicada.” (SWINDOLL, 2001, p. 104)
Elias olha para Acabe e diz: “Vá, coma e beba porque estou ouvindo que vem uma grande chuva”. Enquanto Acabe comia, Elias sobe ao topo do monte e encurvando-se para o chão diz ao seu criado: “Vá e olhe para o lado do mar”. Ele foi, voltou e disse: “Não vi nada”.
Elias fez ele ir e voltar sete vezes, até que na sétima vez seu criado fala: “Vejo que sobe do mar uma nuvem do tamanho da mão de um homem”. Então gritou Elias: “Vá e diga a Acabe que pegue o seu carro e desça o monte o mais rápido possível, caso contrário ficará preso na chuva. E assim, o céu escurece, e o vento forte traz a terrível, mas não menos esperada tempestade. A chuva foi a prova definitiva de que Baal era impotente e o Senhor era supremo. Nesse meio tempo, Elias recebeu uma força divina do Senhor, de modo que passou disparado na frente do carro de Acabe, correu do monte Carmelo até Jezreel (uma distância de mais ou menos 40 km).
Que homem extraordinário esse Elias. Foi corajoso, poderoso, confiante, sábio e humilde. Humilde o suficiente para sair correndo na chuva como um doido.
Quantos feitos grandiosos se realizaram através da vida desse grande homem de Deus. Porém, não podemos esquecer que apesar de tudo, Elias era um homem de carne e osso, com as mesmas paixões, sentimentos e emoções que nós.
Quando Acabe contou a rainha o que Elias havia feito no Carmelo, e tinha matado todos os profetas de Baal, a rainha manda um recado para Elias: “Você matou meus profetas e agora eu juro pelos deuses que vou matar você amanhã a esta hora”.
E agora o que acontece a Elias diante das ameaças de Jezabel?

A batalha maior já foi ganha; tomamos os tanques, a artilharia pesada, mas de repente, somos atingidos por um atirador solitário que está escondido no mato. Foi isso que sucedeu com o profeta Elias. Ele derrotou os profetas de Baal, numa das mais dramáticas confrontações da História. E depois, um comentário caustico, um tiro seco, dado por Jezabel, mulher de Acabe, chegou aos seus ouvidos.
E foi ai que tudo começou.
... aquela bala de um atirador o pegou desprevenido. Achava-se esgotado, devido às horas e horas que passara em oração, luta e cansaço. Ao ser atingido pelo tiro de Jezabel, entrou numa depressão suicida (SEAMANDS, 1984, p. 149-150).

Apavorado Elias foge para salvar sua vida. Deixa seu criado em Berseba, uma cidade de Judá e ainda segue além para o deserto caminhando o dia inteiro, quando não lhe resta mais nenhuma gota de forças ele simplesmente senta embaixo de uma árvore no meio do nada e pede a Deus que o mate.
Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, no caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro, e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora Ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. E deitou e dormiu debaixo do zimbro. (I Reis 19. 4-5ª)


Vejamos alguns sintomas do deprimido Elias:
• Isolamento, não queria companhia, foi só, para o deserto;
• Desesperança, Basta! Chega, não quero fazer mais nada, to cansado, tudo que fiz não mudou em nada a situação do teu povo;
• Falta de ânimo e de perspectiva de um futuro melhor;
• Sono fora de hora;
• Autocomiseração;
• Pensamento suicida.

Elias deveria ter ficado com um amigo de confiança, um companheiro que pudesse bombardear coragem, força e objetividade em sua vida. Está é uma das melhores coisas que poderiam ter sido feitas. Essa transfusão de coragem o teria mantido forte. Mas é impressionante ver como a natureza humana funciona. Quando ficamos desmotivados, a primeira coisa que procuramos fazer é ficar sozinhos. Normalmente é a pior decisão. (SWINDOLL, 2001, p. 132)

Elias chegou a uma agonia tão profunda que preferia morrer. Elias enfrentou tantas situações difíceis que o levou a um grau altíssimo de estresse. Foi perseguido, havia seca e fome em Israel, encarou um rei inseguro, uma rainha possessiva e má, 450 profetas idólatras, seu próprio povo vivia escondido com medo de serem mortos, ressuscitou o filho da viúva. Com certeza ele estava vivendo no limite por vários anos.
Porém, enquanto dormia embaixo da árvore, Deus começa o seu tratamento terapêutico na vida de Elias, enviando-lhe um anjo. O anjo toca mansamente em Elias e o acorda, dizendo: “Levante-se, beba e coma um pouco”. Elias olha e vê um pão sendo assado em brasas e uma garrafa de água. Então ele come, bebe e volta a dormir.
O anjo volta novamente, o acorda e lhe pede para comer mais um pouco, porque ele teria uma longa caminhada pela frente. Elias levanta-se, come, bebe e o alimento lhe dá forças para uma longa viagem de 40 dias e 40 noites até o monte Horebe.
Deus nos conhece profundamente. Conhece os nossos limites, as nossas fraquezas, as nossas necessidades.
O Senhor concedeu a Elias, o descanso necessário. Não o repreendeu, não o culpou, não o abandonou.
O Senhor, através do anjo o alimentou, animou, deixou que repousasse tranquilamente para repor todas as suas energias.

O Senhor procura levantar a auto-estima do seu servo e estimulá-lo a continuar lutando pela vida. Em outras palavras, o Senhor diz: a sua vida não acabou, Elias. Você verá o resultado do seu trabalho. Vou fazer milagres e restaurar sua vida. Entregue-se ao meu tratamento. Confie em mim! (MALAFAIA, 2009, p. 28)


Elias encontra uma caverna na qual passa a noite. Então o Senhor, não envia-lhe mais o anjo, mas passa a falar diretamente com ele, e pergunta: o que faz aqui Elias? Ou em outras palavras: como um pai amoroso que é pergunta: Fale comigo meu filho, desabafe, o que te incomoda?
Ele respondeu: tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. (I Reis 19. 10)


Elias em sua autocomiseração não via com clareza, ele achava que não valia mais a pena viver, pois tudo que fez não adiantou nada e que agora só ele havia sobrado. Sem contar que ainda o perseguiam para matá-lo.
O Senhor em sua infinita grandeza diz a Elias: “Saia daí Elias, venha aqui perto de mim. Não se preocupe mais. Eu estou contigo agora e sempre estarei.”

Disse Deus: Sai e põe-te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor, e um grande vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento, depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo, e depois do fogo um cicio tranqüilo e suave. (I Reis 19)


Deus se revelou a Elias na brisa suave do vento. Não foi no vento forte, nem no terremoto, nem no fogo. Embora o Senhor as tenha produzido, queria deixar claro para Elias que somente o Senhor é o Deus verdadeiro, para provar que Baal era uma farsa, já que os cananeus tinham Baal como o deus da chuva, da tempestade e dos fenômenos da natureza.
O Senhor tratou de Elias com mansidão e compreensão, e deu a ele uma nova missão a fim de manter sua mente ocupada, fazendo-o sentir-se útil e seguro, pois estava cumprindo uma missão que o Senhor lhe determinara.
Então disse o Senhor a Elias: Volte a Damasco e derrame óleo sobre a cabeça de Hazael, para que ele seja o rei da Síria. Depois derrame óleo sobre a cabeça de Jeú para que seja rei de Israel, e derrame óleo sobre a cabeça de Eliseu, para que ele tome o seu lugar como profeta. Mais uma coisa, você não ficou só. Conservei sete mil israelitas que não se curvaram a Baal.
E com esta nova missão Elias conservaria sua mente ocupada, sentindo-se útil novamente e seguro, pois o Senhor sempre esteve no controle de tudo.

CONCLUSÃO

Que esta pesquisa possa ser útil para você ou alguém que você conhece. Que o ajude a entender um pouco mais sobre esta enfermidade, e que você não está só. Existem várias formas de tratamento, inclusive a terapia do Senhor. Não deixe de buscar ajuda, não corra dos médicos e terapeutas. Escolha qual for o melhor para você. Deus te ama, estando ou não com depressão.
Pois não é um ser sobre-humano esse nosso Sumo Sacerdote, incapaz de compreender a nossa fraqueza. Não; como nos experimentou plenamente toda espécie de tentação que nos assalta. (Hebreus 4,15)

É esta certeza que nos fornece as bases para termos esperança e sermos curados. O fato de sabermos que Deus não apenas sabe de tudo e nos ama, mas também compreende plenamente o que passamos é um fator altamente terapêutico para a cura de nossos traumas emocionais. (SEAMANDS, 1984, p. 56)


REFERÊNCIAS

BÍBLIA de estudo plenitude. Barueri: Sociedade Bíblia do Brasil, 2002.
BORGES, Marcos de Souza. O avivamento do odre novo – cura e libertação da família. Belo Horizonte: Reobote.
CURY, Augusto. O mestre da sensibilidade – análise da inteligência de Cristo 2. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
DOWLING, Colette. Você pode curar a depressão: novos métodos de tratamento para a depressão, a ansiedade e a dependência. Rio de Janeiro: Record, 1999.
FÁBIO, Caio. Quase. Niterói: Vinde, 1983.
INHAUSER, Marcos. Opção pela vida: o segredo da vitória sobre as perdas. Campinas: United Press, 1999.
LAHAYE, Tim. Como vencer a depressão. São Paulo: Vida, 1975.
MALAFAIA, Silas. Vencendo a depressão. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2009.
SEAMANDS, David A. Cura para os traumas emocionais. Venda Nova: Betânia, 1984.
SMITH, Malcolm. Esgotamento espiritual. São Paulo: Vida, 1991.
SWINDOLL, Charles R. Elias, um homem de heroísmo e humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Não existe oração arminiana


vi no IDE

Fuga da Realidade


Podem até me chamar de blasfemo, mas as "unções" descritas abaixo se encaixam num dos seguintes casos: a) manifestações meramente carnais; b) obras demoníacas. O Espírito Santo não tem nada a ver com isso. Leia esse texto na íntegra, faça sua análise e tire suas próprias conclusões. Se tiverem interesse, conversemos a esse respeito um pouco após esse post. Escândalo? Embriagados? Loucos?


Minha igreja é destas que tem cai-cai, estrebucho e chororô. Aos domingos, quando cai a unção, homens e mulheres, crianças e adolescentes, profissionais liberais, garis, prostitutas e doutores se misturam num carnaval maluco, sem máscaras e sem fantasia. Todos dançam e pulam; alguns desconjuntadamente; outros, como pipoca no óleo quente. Outros, ainda, movimentam-se como num balé new age bem elaborado, em que se perdem sozinhos em seu mundo de adoração, como se estivesse no seu próprio quarto. Alguns gritam – gritos viscerais, primais, enlouquecidos; outros balbuciam extasiados palavras sem sentido. Alguns apenas caem em êxtase, como se tocados por um dedo gigante, e outros ficam no chão, rindo e chorando por muito tempo.

É estranho estar no meio de tudo isto. Você se torna quase um espectador do teatro do absurdo. Por mais que se confronte com o inusitado, sempre se surpreende a cada nova pessoa tocada, a cada profissional circunspecto que de repente se vê no chão despido de qualquer vergonha na cara. No começo, era uma espécie de playcenter espiritual; queria-se reunião todos os dias, numa ânsia pelo toque sobrenatural. A unção se tornou melhor do que qualquer coisa, do que os bate-papos a que estávamos acostumados antigamente, do que as festas regadas a muita comida, que eram comuns no dia-a-dia da igreja. Queríamos a emoção de cair, de perder o controle, de sermos tomados por aquela coisa nova. Um amigo médico definiu o processo como a "cocaína espiritual". Cocaína da qual não se sai "deprê", mas que vicia igualmente. Cocaína que produzia cura.

Lembro-me de outro amigo, profissional respeitado na cidade, que por respeito acompanhava a mulher para a igreja anos a fio. Sincero, dizia abertamente que não era crente, sempre querendo se preservar o direito de dar umas pecadinhas sem culpa. Mas, um belo dia de unção, lá estava o sujeito no chão, rolando suas roupas de marca pelo piso sujo de um galpão. Por mais que eu quisesse me desligar da imagem dele e louvar no meu canto, não conseguia parar de olhar as reviravoltas que ele dava – ora como um capoeirista exímio, ora como um lagarto desengonçado. Toda a dureza e indiferença cínica daquele homem rompeu-se e deu lugar a um zelo intenso pelo Evangelho e confissões públicas inimagináveis.


Na época, deflagrou-se uma guerra entre os membros da denominação quando começamos a nos "viciar" naquela cocaína divina. Muitos não se conformavam com o novo modelo, e vociferavam que Deus não podia fazer coisas nem proporcionar tais manifestações. Eu, cá do meu canto, sabia que não podia decidir as coisas que Deus pode ou não fazer – primeiro, porque sou mineira, assim como disse o caboclo depois que viu o sexto elefante cor de rosa voando por cima da cabeça: "É, cumpadi, parece que o ninho deles é pra lá mermo..." O Deus que falou em coluna de fogo, que apareceu em nuvem, que derrubou muralha com buzina, que abriu e fechou mares e rios, pode continuar fazendo o que bem entende. Um Deus que, na forma de homem, curou cego cuspindo no chão, andou em cima d'água, pescou peixe com moeda na barriga, morreu na cruz e ressucitou de maneira espetacular, pode continuar fazendo o que bem entende.

Fiquei a observar os resultados. Sei que a indiferença generalizada que reinava na igreja antigamente virou entusiasmo. Sei que homens que antes passavam o tempo do culto a pensar em seus problemas ou a desnudar as mulheres com o olhar, hoje, tocados por uma compaixão estranha, choram como crianças e pregam o Evangelho com paixão. Sei que mulheres mal-amadas, endurecidas pela vida, de repente desabrocharam em flor, como a moça da janela de A Banda do Chico Buarque. No meio disso tudo, alguns de nós querem teologar em cima de experiências e desenvolvem toda uma filosofia da preservação da "unção" na igreja, carregada de proibições neuróticas e de culpa. Para se ter unção, não pode isto não pode aquilo; não pode roupa de uma determinada marca, não pode música de ritmo afro; só o que é judeu é santo, o resto pertence ao diabo – que, aliás, acaba sendo um sujeito mais criativo que o próprio Deus, que não conseguiu inventar nada além daquelas musiquinhas judaicas em tom menor.

Assim, para ter unção, dizem que o crente precisa viver fora do mundo e outras bobagens mais. E quem olha de fora, ou seja, os acadêmicos da religião, tenta racionalizar e entender cada detalhe, revestindo-se de preconceitos histórico-teológicos. Apesar de cristãos, são mais céticos do que os incrédulos. Do meu canto, observo uma mulher de vida difícil levantar-se do banco ir ao altar pela primeira vez, querendo ver a Jesus e sendo tocada por uma mão sobrenatural de amor que a faz chorar e rir durante horas. Naquele choro, sua alma é lavada, suas culpas freudianas são extirpadas, sua sensação de miséria interna se torna em valor precioso. E ela levanta dali numa inteireza que duzentas horas de sermão não produziriam.

Edgar Morin, grande filósofo da educação, fala sobre cegueiras paradigmáticas. Segundo ele, "um paradigma pode, ao mesmo tempo, elucidar e cegar, revelar e ocultar. É no seu seio que se esconde o problema-chave do jogo da verdade e do erro". Ou seja, por ficarmos viciados num tipo de paradigma lógico, não conseguimos pensar fora dele, nem muitas vezes analisar coerentemente fatos do mundo ao nosso redor. No entanto, não somos capazes de perceber esse erro porque estamos presos na falsa lógica produzida pelos axiomas em que acreditamos.

O mundo protestante do Brasil hoje apresenta dois paradigmas principais – o dos experiencialistas, para os quais a experiência é tudo, o centro, a verdadeira razão de ser do Evangelho; e o dos racionalistas, que apesar de não admitirem abertamente, excluem a experiência do escopo de sua fé. Estes controlam o que é possível e racional no âmbito "espiritual", discriminam experiências e vivências de acordo com sua própria concepção do que é ou não racional. Ambos sofrem de cegueira paradigmática. O grupo de cá, voltado para o supremo poder da experiência mística, cega-se para os desatinos que o "império dos sentidos" produz, e infelizmente ignora o leme racional da Palavra. Assim, anda à deriva, movido por ventos de doutrinas, medos legalistas e arroubos personalistas.


O grupo de lá, conservador e racional, primando pelo amor à Palavra, ignora o lado místico da fé, sem o qual a própria fé deixa de ter sentido. Perde a oportunidade de experimentar o mover legítimo e curativo de Deus, o derramar do Espírito Santo que foge à nossa capacidade racional de explicá-lo, ultrapassa nossos limites religiosos e alcança almas e corpos com curas e prazeres que nossa teologia casta e asséptica não é capaz de gerar. Do mesmo modo que o grupo experiencialista exclui toda lógica – e, muitas vezes, todo parâmetro bíblico de sua fé –, o lado metafísico de Deus se torna ausente da lógica viciada da teologia racionalista.

A verdade é que caráter nunca será ministrado por imposição de mãos. A unção nunca substituirá a cruz a ser carregada ao longo de nossa jornada, gerando o verdadeiro cristianismo. A educação e o entendimento da Palavra nunca poderão ser relegados ao segundo plano; nossas mentes devem ser lavadas e transformadas pelas Escrituras, sem a qual a revelação nem existe. Mas ainda assim, a brisa suave do noivo está passando – e, quando ele passa, nosso coração amolece e nossos olhos querem chorar. Ele me ama, e eu sinto isto. É bom adorar por horas seguidas, sem olhar o relógio, e sentir-se limpo, perdoado e próximo do Senhor. É bom saber que Deus é concretamente e transcendentemente eficiente e poderoso para curar corpos, almas, dores, mágoas e teologias... E não há prazer maior que este.

Encontrado no blog do Web Evangelista

Opção no viver




O sentido da humanidade gira em torno de um deus, seja ele o que ou quem for, mas nada move o ser humano que não seja um deus que ele optou; que até pela opção da morte é destinada a um deus, suicídio em nome dê.

Os principais deuses que estão em voga hoje são o dinheiro e o ego, ambos refletem uma entidade chamada individualismo, que inspira a adoração nos deuses contemporâneos.

A vida do ser gira em torno do deus que ele optou, a relatividade do conceito de bom e mal em torno dele e ainda mais a doutrina da responsabilidade pessoal é que destinam a vida do adorador. Geralmente estes deuses encaminham as pessoas a vidas sem razão (no sentido de razão e fé distorcidos, sem reflexão) levando e elevando à graduação degradante do ser originalmente racional à irracionalidade, tendo vontades animalescas ou dementes como naturais do cotidiano.

“Não vos espanteis com os sinais do céu, ainda que as nações se espantem com eles. Sim, os costumes dos povos são vaidade, apenas madeira cortada na floresta, obra da mão de um artista com cinzel... São espantalho em campo de pepinos. Não podem falar; devem ser carregados, porque não podem caminhar! Eles todos são ignorantes e insensatos: o ensinamento das vaidades é madeira... então todo homem se torna estúpido, sem compreender, todo ourives se envergonha dos ídolos, porque o que ele fundiu é mentira, não há sopro neles! São vaidade, obra ridícula; no tempo do seu castigo, desaparecerão.” (Jr 10. 2,3,5,8,14,15)
“Que dizem à madeira ‘Tu és meu pai!’, e à pedra: ‘Tu me geraste!’ Porque eles voltam para mim as costas e não a face, mas no tempo da desgraça gritam: ‘Levanta-te! Salva-nos!’ Onde estão os deuses, que fabricaste para ti? Levantem-se eles, se te podem salvar no tempo da tua desgraça! Porque tão numerosos como as tuas cidades são os teus deuses! (Jr 2. 27-28) – cf. Is 44.9-20, Sb 13.

Independente de religião, a própria pode estar apresentando um deus que não é o seu oficial (um exemplo explicito são as igrejas neopentecostais), ou os fiéis de uma religião que adoram inconscientemente um deus diferente do qual professam o nome; todos em todos os lugares estão sujeitos a este fenômeno.

Um conceito pode tornar-se o deus, vejamos o exemplo dos ateus que são considerados os mais ridículos adoradores, ao não crerem em alguma divindade acabam fazendo o seu deus com objetos bem mais absurdos e bizarros.

Para entender melhor o caráter teo/antro/sócio-lógico, vem as perguntas para a reflexão.
Qual o sentido da sua crença? Para onde o seu deus está te levando?
Em 99% das vezes ele está te levando a um caminho turvo, na contramão ou a lugar nenhum.
E a este deus vale a pena você perder sua vida por ele? Você chegaria ao ponto de entregar-se por este ideal? É relevante e racional, além de completá-lo (a) por inteiro? Ele oferece uma carga energética que te faça vibrar regozijado mesmo na adversidade? Se não, então ele é um deus pífio de mais para você segui-lo, já que quando menos se espera ele te suga a alma, e se não houver chão em sua vida, não haverá saída, ainda mais que na maioria é o próprio deus criado este chão.

Não pense que você é alguém que não possui um deus desses, que tem domínio sobre si, pois você mesmo pode ser seu deus enganador que te sujeita suavemente numa liberdade forjada em nome do grilhão.

O objeto é individual e, portanto inumerável para defini-lo, mas a formula que movimenta é a mesma, sobre ela somente, que podemos buscar soluções.

Se o seu deus não morreu por ti, não vale a pena morrer por ele. Note as palavras de Jesus: “Pois aquele que quiser salvar a sua vida, a perderá, mas o que perder sua vida por causa de mim, a encontrará.” (Mt 16.25)
Se o seu deus falha, não vale a pena confiar seu destino a ele.

Pense em quem definiu teu conceito de bom para você aplica-lo em nome da tua responsabilidade pessoal e correr o risco de entregar esta oportunidade de viver, para a sorte de uma entidade que é apenas extensão da sua mentalidade defeituosa e limitada, o que faz do seu deus algo ou alguém menor que você, o adorador e fundador do objeto.

Diego Marcell 07-01-11

domingo, 9 de janeiro de 2011

TERRA DE NINGUÉM



Lugares inóspitos
Terra de ninguém
Terra de sonho
Vai e vem
Onde anda?
Onde se esconderá?
Ladeira e barreira
Que insiste em chamar

My friends
My dreams
Melts repeats
Derrete repete o fim

Vai repetir
Chamar na escada
Cabeleira no vento
Vinho na sacada
Perfume no ar
Roupa rasgada
Onde andará
Cidade sitiada
Walk where
Besieged city
Me assedie
Me xingue

My friends
My dreams
Melts repeats
Reflete o fim

Qual seu fim
Qual seu começo?
Onda andará?
De onde te conheço?
Foge para longe
No meu endereço
Sai no jornal
Diz o seu preço.

Diego Marcell – 09-01-11

A saber



O que fizeram de nós?
Seres inconstantes
Encostados
Incrustados
De um lodo que nos qualifica no mercado popular
Para ser ou estar.
Por que o outro é maior mistério que Tu
Que é invisível?
Como pode alguém se possibilitar a inaptidão?
O que eu faço ante um desumano?
Devo aprender a generalizar?
Ou devo apenas calar-me
As vezes me esconder
As vezes correr desvairadamente sem destino
Pelas viagens lisérgicas da minha mente?
Quando saberei que ali nasce um salmo?
Como guardar aquilo que evapora pelos poros?
E como expor aquilo que está guardado
No porão escuro?
Qual é a hora de nascer?
Qual é a hora de saber?
E qual é a hora de saber qual é a hora?
Devo dividir-me?
Como grego devo separar-me?
Ou como um antigo povo devo unificar-me
Na minha verdade que tu
Me deste?
Devo calar-me?
Se sim, ensina-me.

Diego Marcell 19-06-10

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