sábado, 30 de abril de 2011

Saberei?


Quando nada sabemos
Pensamos que somos inventores
Como se todos quisessem ser Adão
Pois ao descobrir a roda
Não sabe que já fizeram o avião.

Agora que sei um pouco de alguma coisa
Caminho triste por não saber quase nada
E ao descobrir que tudo que criei é bobagem ultrapassada
Ou cópia involuntária de algum estudioso.

Então minha opção é ser poeta
Que escreve bobagens abstratas
De sentimentos repetidos
Com estrutura de rimas baratas.

Quem sou eu para formular beleza no vazio?
Se não houver “eu”
Se não tiver um clichê original
Para chamar de “nosso”
Tudo é velharia
Lixo intelectual sem serventia
Ficaria lendo Sócrates todas as manhãs
Sem me preocupar com ninguém
Jogaria Nietzsche no lixo da minha concepção social/eclesiástica então
Para abraçar um belo café fresco numa cidade do interior do sul do Brasil.

Então me fecharia aqui,
Fazendo teatro de fantoches humanos para me divertir
E colocaria vídeos no youtube para me satisfazer
E escreveria orações para me redimir
E colocaria velhos textos sobre cinema na internet só para rir.

Talvez se Deus me permitisse ainda
Ter uma banda de hard-core para tocar
Para 5 pessoas numa tarde de sol.
O que será que aconteceria?
Uma nuvem nos cobriria?
Línguas estranhas nos falariam?
Não conseguiríamos ficar de pé?
Ou simplesmente alguém citaria alguma frase de efeito
Para dormirmos em paz?
Eu não sei.
Pois já não sou adivinho
Pois já não sou escritor
Já não sou cineasta, nem musico, nem ator
Posso me dar o prazer de dizer que não sou poeta?
Posso voltar a tomar xícaras de café a meia-noite?
Ah, quantos “ah´s” para aliviar.
Oh Senhor, faz do nada um Big Bang
Faz do pó um homem
Faz de um “eu” ninguém
Para eu aprender a ser alguém.
Deus abençoe aqueles que crêem.

Diego Marcell 13-04-10

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pessoas segmentadas – professores de história



Por que a maioria dos professores de história são petistas, fãs de Raul Seixas, parciais em seus ensinos, defensores de ideologias ultrapassadas, barbudos e/ou cabeludos, ateus, arrogantes com o que difere de seus pensamentos, usam camisa do Che, fumam (será que eles pensam que estão vivendo em 1970 e lutando contra algum governo Médici?) e só conseguem mulher quando esta é “dark” ?

Na real eles fazem faculdade, 1° para não morrer de fome, dão umas aulinhas por aí, pois não sabem fazer nada além disso; 2° para poder expandir suas idéias comunistas à alunos despreparados, virgens para agregar a primeira bobagem que lhes vem, sem discernir, nem analisar outras visões, sem prós e contras.

Por serem sofistas não aceitam contra-argumentação, geralmente tratam estes com inferioridade e rispidez.

Porém quando chegam aos 45 anos, estão tão desgastados por esta ilusão que entram em depressão, se afundam em remédios tarja preta e não sabem mais o que fazer da vida.

Diego Marcell 04-07-10

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Escolhidos


Bramido remido da atmosfera
Fora de lugar e forma
Me afasta do homem
Daquilo que o consome.
Prefiro as palavras
O que não é palpável
O que é inesgotável
A fluência em convivência.
Enquanto olho para as coisas do alto
Enquanto busco completar no espírito
Enquanto choro e oro
Pelos perdidos
Alguns insistem em julgar
Enquanto meu peito prensado quer explodir em primavera
Alguns insistem em negativar.
Quando quero compreender o homem
E ele só quer a treva da sua solidão.
Mesmo que eu o chame
Mesmo que Deus o chame
Será que ele aceitará ser escolhido?
Assim eu sofro, eu lacrimejo cada gota de água,
De sal, de sangue
Sinto na alma a dor eterna do perdido
E nas pequenas coisas eu reconheço
Eu agradeço
Eternamente e em tudo
Te engrandeço Senhor
Por ter me escolhido.

Diego Marcell 21-01-09

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estou no seu tempo


Você é o Verbo
Em meu espírito impresso
Tem me acolhido
No tempo de meus antepassados
Para estar
E para te-Lo

No tempo da lei
Já profetizavam para outro tempo
Lendo em idade antiga
Hoje vejo o ano 2000
Mas em que milhões de anos estamos?

A geração do fim
A tudo que eu vejo
Fazendo parte da história
É fabuloso, é assustador,
Mas se fosse para escolher
Teria escolhido o que o Senhor escolheu.

Diego Marcell 12-12-2008

Distorção neopentecostal


Os planos, projetos e ações no meio eclesiástico como evangelismo, célula, culto de milagres, culto de jovens, culto da família, noite disso, grupo daquilo, corrente da vitória, corredor do sal, lençol sagrado; do mais simples ao mais bizarro, tudo isso é fundamentado em cima do medo e não da confiança em Deus e no que Ele pode fazer.

Cargos, cursos, responsabilidades, decoreba doutrinaria, bíblica, é tudo por acharem que eles mesmos podem realizar algo; “dar frutos”, “muitos frutos”, isso é dar frutos para uma instituição, para seu sustento e não tem nada a ver com a salvação de vidas, já que isso só o Espírito Santo pode fazer, e também não tem nada a ver com os frutos do cristão que não se baseiam em algarismos, mas em consequencia de ter uma vida com Cristo.

É engraçado ver como a teologia da prosperidade distorce o evangelho, cega as pessoas e vende com facilidade a alma dos seus ministros por qualquer sopro pós-moderno de unção de doutrina.

Diego Marcell 10-04-10

terça-feira, 26 de abril de 2011

TIM – crimes sem fronteiras


Em toda minha vida de telefonia móvel perdi a conta de quanto fui roubado pela TIM.

As que mais me marcaram: 1° foi quando eles me deram uma promoção que se eu colocasse uma quantia tal de crédito eles me dariam certa quantia de mensagens, promessa não cumprida e sem solução, já que tenho mais o que fazer da vida que ficar me dedicando a correr de um lado para o outro como um idiota que é o que nos faz a indústria e o governo, todos eles ladrões da sociedade.

Agora, a mais recente: o crédito que eu coloco tem que ser consumido no tempo determinado por eles, do contrario são tirados de mim, apesar de eu ter pagado, os créditos me são tomados sem nenhum aviso = ROUBO!

Alguém mais se sente roubado? Manifeste-se.

Entendendo a "Bênção de Toronto"



Augustus Nicodemus Lopes
(Artigo publicado originalmente na revista Ultimato, 1996)

No início de 1994 o mundo evangélico ficou agitado com as notícias de que um avivamento irrompera em uma das Igrejas do Vineyard Fellowship ("Comunhão da Videira") em Toronto, cidade importante do Canadá. Tratava-se da Toronto Airport Vineyard Fellowship ("Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto"), pastoreada pelo pastor John Arnott e sua esposa Carol, também pastora. Evangélicos aos milhares, especialmente pastores (segundo Arnott, mais de 30.000 pastores e líderes) vieram de várias partes do mundo para a Igreja do Aeroporto, para ver e receber a "bênção de Toronto", como ficou conhecido o movimento.
O que faz o movimento diferente do que acontece nas demais igrejas carismáticas do mundo é que ele afirma que Deus os tem visitado com um avivamento em que a presença do Pai torna-se tão intensa, e seu amor tão claramente revelado, que as pessoas são enchidas pela alegria do Espírito Santo, e reagem com gargalhadas, risos incontroláveis, chegando a cair no chão, a rolar de rir. Outras reações físicas mais conhecidas, como "cair no Espírito", tremores, gritos, etc. também estão presentes. Mas é a "gargalhada santa" que tem se tornado a principal característica deste movimento, apesar de que seus líderes sempre procuram dizer que o mais importante é a presença de Deus e as vidas transformadas.
A "bênção de Toronto" tem se espalhado pelas igrejas carismáticas pelo mundo afora. O Brasil não é exceção. As características do movimento já se fazem presente, inclusive em algumas igrejas locais das denominações históricas.
Como Tudo Começou
A antes desconhecida "Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto" começou a se tornar famosa quando John Arnott veio ser seu pastor. Arnott se converteu ainda adolescente numa cruzada de Billy Graham em 1955 no Canadá, e filiou-se a uma igreja Batista. Segundo suas próprias palavras, aprendeu com as igrejas Pentecostais de Toronto que "havia mais" do que era ensinado pela Igreja Batista.(1) Tornou-se membro de uma igreja Pentecostal, e posteriormente entrou no ministério na área de Toronto, em 1981. Casou-se com Carol, que também foi ordenada como pastora. Em 1993 começaram a pastorear a "Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto". O ministério de John Arnott e sua esposa era típico dos pastores de igrejas da "Terceira Onda": cura interior, batalha espiritual, libertação, expulsão de demônios, etc. Várias pessoas tiveram influência decisiva na vida e na formação teológica de Arnott. Ele reconhece entre elas a famosa Kathryn Kuhlman, o renomado pastor carismático Benny Hinn e, naturalmente, John Wimber.(2)
Em 1992 John e Carol Arnott foram a uma conferência de Benny Hinn em Toronto. Ambos se sentiam exaustos e secos no ministério. Sairam da conferência com o propósito de buscar da parte de Deus a "unção" que viram em Hinn (que nas conferências de Benny Hinn se manifesta especialmente pelas pessoas "cairem no Espírito"). Em Novembro de 1993, o casal Arnott foi à Argentina, conhecer o "avivamento" que estava acontecendo através de Claudio Freidzon, um líder das Assembléias de Deus naquele país. Numa das reuniões, John e Carol foram à frente, e Freidzon orou por eles. John caiu no chão. Quando se levantou, Freidzon lhe perguntou: "Você quer a unção?" John respondeu, "Quero, sim, quero de verdade". "Então, aqui está ela, receba-a", disse Freidzon, batendo com sua mão espalmada na mão aberta de John. E segundo John relata, naquele momento Deus lhe falou dizendo: "O que você está esperando? Por favor, receba-a, é sua!". E então ele recebeu a "unção" pela fé.(3)
Em Janeiro de 1994 John Arnott convidou Randy Clark, seu amigo e pastor de uma outra igreja Vineyard em Saint Louis, Missouri, nos Estados Unidos, para uma série de conferências. Ouçamos o testemunho do próprio Arnott sobre o que acontenceu:
No dia 20 de Janeiro de 1994 a bênção do Pai caiu sobre as cento e vinte pessoas que estavam presentes para o culto naquela quinta-feira à noite em nossa Igreja. Randy deu seu testemunho, e o período de ministério começou [o pastor e obreiros oram com imposição de mãos sobre os que vieram à frente em resposta ao apelo]. As pessoas cairam pelo chão debaixo do poder do Espírito, rindo e chorando. Tivemos que empilhar as cadeiras para termos espaço para todos. Alguns tiveram mesmo que ser carregados para fora.(4)
Arnott diz que a reação das pessoas naquela noite em cair no chão e rolar de rir, às gargalhadas, tomou-o e a Randy de surpresa, pois estavam esperando conversões e curas (além das quedas, naturalmente). A partir dai, em cada reunião da Igreja, durante o período de ministração, o fenômeno se repetiu: pessoas caindo de costas no chão (agarradas pelos "apanhadores", uma equipe que se posiciona atrás dos que vão à frente, para ajudá-los a cair sem se machucar), algumas explodindo em gargalhadas, literalmente rolando de rir no chão, outras ficando duras no chão, com os olhos fitando o vazio e as mãos estendidas para o alto. Outras, tremendo histericamente, outras gritando. Para John e Carol Arnott, a "unção" que tanto haviam buscado finalmente chegara — embora certamente de uma forma inesperada, sob a forma da "gargalhada sagrada", ou "riso santo". Arnott veio depois a batizar este comportamento como a "bênção do Pai", mas o nome que realmente pegou foi "a bênção de Toronto", nome dado por alguns jornalistas ingleses que vieram a Toronto observar o fenômeno.
Este tipo de comportamento dos que freqüentavam a Igreja do Aeroporto logo chamou a atenção do mundo evangélico, particularmente dos carismáticos, bem como da imprensa secular. A "bênção de Toronto" ocupou as primeiras páginas de jornais em alguns lugares ao redor do mundo. Cedo o local de reuniões que cabia cerca de 700 pessoas ficou pequeno para a quantidade de curiosos, e dos que queriam receber a "bênção", que vinham de todas as partes do mundo. Um novo local de reuniões comportando cerca de dois mil lugares foi preparado. Algumas linhas aéreas tiveram de dobrar o número de vôos para Toronto, e os hotéis da região passaram a promover pacotes especiais para os que vinham para as reuniões da Igreja do Aeroporto.
John Wimber, o líder da denominação A Videira, à qual pertencia então a Igreja do Aeroporto de Toronto, veio dos Estados Unidos a Toronto verificar in loco o que estava acontecendo. E voltou dizendo que o que estava ocorrendo lá, o riso santo, era obra de Deus.
Mas nem tudo era motivo de riso. Em 1995, um novo fenômeno começou a se repetir nas reuniões, que finalmente provocou o desligamento da Igreja de Arnott da Videira. Aconteceu enquanto Arnott estava ausente em conferências na Igreja Vineyard de Randy Clark, nos Estados Unidos. Um pastor chinês, líder das Igrejas chinesas cantonesas de Vancouver, Canadá, durante o período de ministração na Igreja do Aeroporto, começou a urrar como um leão. Arnott foi chamado às pressas de volta, para resolver o problema. A liderança que havia ficado à frente da Igreja lhe disse que entendiam que o comportamento bizarro do pastor chinês era do Espírito Santo.
Arnott entrevistou o pastor chinês diante da congregação durante uma reunião, e para surpresa de todos, ele caiu sobre as mãos e os pés, e começou a rugir como um leão na plataforma, engatinhando de um lado para o outro, e gritando "Deixem ir meu povo, deixem ir meu povo!". Ao voltar ao normal, o pastor explicou que durante anos seu povo tinha sido iludido pelo dragão, mas agora o leão de Judá haveria de libertá-los. A igreja irrompeu em gritos e aplausos de aprovação, e Arnott convenceu-se que aquilo vinha realmente do Espírito de Deus.(5)
A partir daí, os sons de animais passaram a fazer parte da "bênção de Toronto", embora, como Arnott insiste, não sejam muito freqüentes.(6) Há casos de pessoas rugindo como leão, cantando como galo, piando como a águia, mugindo como o boi, e gritando gritos de guerra como um guerreiro. Para Arnott, estes sons são "profecias encenadas", em que Deus fala uma palavra profética à Igreja através de sons de animais. Arnott passou a admitir e a defender este comportamento como parte do avivamento em andamento na Igreja do Aeroporto.
Mas John Wimber não se deixou persuadir pela argumentação da liderança da Igreja do Aeroporto de Toronto. Ao fim de 1995 foi dizer a Arnott que eles estavam desligados da Videira. A razão principal segundo Wimber é que não via base bíblica para profecia através de sons de animais emitidos por cristãos em êxtase. A igreja do Aeroporto de Toronto, entretanto, já havia ganhado popularidade suficiente para se manter sozinha. Na verdade, tornou-se o centro de um movimento que tem ganhado simpatizantes e aderentes de várias denominações pelo mundo afora.
Os Cultos na Igreja do Aeroporto
Em Agosto de 1996 eu estava no Canadá, e aproveitei a oportunidade para visitar a Igreja do Aeroporto de Toronto. O nome na placa já não tem mais "Videira". O nome agora é Toronto Airport Christian Fellowship ("Comunhão Cristã do Aeroporto de Toronto"). Fui para os cultos do domingo. A igreja se reune num local enorme, que é muito mais uma quadra poliesportiva coberta, com assentos para perto de duas mil pessoas. No culto do domingo de manhã havia entretanto menos de 800 pessoas, pelas minhas contas. E à noite, cerca de 600.
A ordem do culto é muito simples, e foi a mesma nos dois cultos.. Um período de louvor, que dura cerca de 45 minutos, seguido de avisos. Depois, testemunhos de pessoas que tem experimentado a "bênção". Depois, recolhe-se uma oferta, e segue-se a mensagem, em torno de 45 minutos. E depois vem o período de ministração, quando o pregador e os obreiros oram pelos que vêem à frente, querendo oração. Geralmente os músicos estão tocando, e os obreiros oram com imposição de mãos pelas pessoas, das quais a maioria "cai" para trás, e são aparadas imediatamente pelos "apanhadores". É durante este período enquanto estão deitadas no chão — que eles chamam de "descansar no Espírito" — que recebem visões, ouvem vozes (a voz de Deus, para eles), ou recebem uma "palavra de revelação".
No culto da manhã, um homem atrás de mim começou a falar em línguas. Outras pessoas simplesmente ficaram paradas, com as mãos estendidas para o alto. Uma mulher africana à minha frente começou a tremer incontrolavelmente, e finalmente abriu os braços como se fosse um pássaro gigantesco, e começou a emitir sons como se fosse uma águia. Vários gritos soaram de outra parte do auditório. Uma mulher gritou: "Cantem na minha casa como crianças, diz o Senhor". Ela repetiu esta "profecia" duas ou três vezes. O guitarrista começou a balbuciar, e logo as pessoas se juntaram a ele, produzindo um balbuciar conjunto, não muito alto. Gradualmente o som foi diminuindo, até que finalmente cessou.
O período de louvor à noite não foi diferente, com as mesmas manifestações: gritos, tremores, gesticulação estranha. Mas desta feita, foi seguido de um período de "ministério de cura". O dirigente profetizou que havia alguém no auditório que tinha um tumor, e que o Senhor estava revelando que queria curar aquela pessoa, que ela viesse à frente. Um bom grupo foi à frente, enquanto o guitarrista mantinha um ambiente elétrico e tenso variando em uma única nota da guitarra. A equipe de obreiros veio a frente, e os "apanhadores" se posicionaram atrás das pessoas. Quando a oração pela cura começou, vários cairam, outros começaram a gritar e a tremer. No auditório as pessoas levantavam as mãos, muitas pareciam em transe (como uma mulher ao meu lado). Uma mulher descalça corria e dançava no corredor lateral do local, com um véu branco na mão. A impressão geral que tive foi aquela referida pelo apóstolo Paulo, que se entrasse indoutos no culto dos Coríntios, diriam que estavam todos desequilibrados mental e emocionalmente!
No culto da noite, pregou um dos pastores da Igreja. Após a mensagem ele fez um apelo convidando à frente os que tinham desejo de receber oração. Creio que umas cem pessoas foram à frente. Ao ver a quantidade de pessoas, o pregador chamou todos os "apanhadores" disponíveis, para virem ajudar os que iriam cair. A equipe de obreiros veio à frente, e havia dois para cada pessoa: um na frente, para orar com imposição de mãos, e outro por detrás, para apanhar a pessoa quando caisse. Enquanto o pregador orava, os obreiros impunham as mãos e oravam também, às vezes pegando nas mãos da pessoa. Várias pessoas caiam de costas e eram sustentadas até ao chão, onde ficavam duras, aparentemente sem sentidos, ou tremendo, ou relaxadas. Outras permaneciam de pé.
Aproximei-me do centro da plataforma para observar melhor. Havia pessoas caídas pelo chão, umas imóveis, olhos fechados, outras tremendo, outras tentando se levantar sem conseguir. Outras pessoas que estavam em pé tremiam ou gesticulavam de forma estranha. Gritos e gemidos se ouviam. Uma mulher começou a chorar convulsivamente. Um moço começou a tremer e a gritar horrivelmente, e foi acudido por alguns obreiros. Uma mulher, que estivera correndo e dançando com um véu na mão estava caida no chão, o corpo enrijecido, os braços rígidos levantados para o céu.
A teologia do Movimento
Para John Arnott, o centro do movimento em sua igreja é uma nova apreensão do amor do Pai por parte dos cristãos. Conhecer o amor de Deus Pai e espalhá-lo é o lema do movimento. Neste contexto, não há muito espaço no movimento para se falar em culpa, juízo, pecado e castigo, e muito menos na ira de Deus. Procura-se criar um ambente em que as pessoas possam experimentar e expressar este amor de Deus com toda a liberdade - inclusive caindo no chão, tremendo, e gargalhando, reações que são vistas como um extravasar da alegria no Espírito que inunda a alma dos que foram alcançados.
Segundo Arnott, cada avivamento histórico teve uma ênfase característica. O avivamento pentecostal, no início do século, teve (e tem) como característica marcante a ênfase nos dons espirituais. A característica do avivamento de Toronto, segundo Arnott, é a ênfase no amor de Deus, e na alegria que ele produz na vida dos seus filhos.
Arnott está consciente de que coisas estranhas e bizarras estão acontecendo em sua enorme congregação. Mas ele tem várias justificativas para elas. Arnott procura mencionar textos das Escrituras para apoiar as reações físicas. Por exemplo, relatos bíblicos de como pessoas, diante da atividade extraordinária de Deus reagiram de forma incomum, caindo no chão, tremendo, perdendo as forças. Os casos preferidos são: Abraão (Gn 17.3), o povo diante do fogo de Deus (Lv 9.24), Saul (1 Sm 19:24-25), Ezequiel (Ez 1.28; 3.23), Daniel (Dn 10.7-8), os apóstolos no monte da transfiguração (Mt 17.6), e o apóstolo João na ilha de Patmos (Ap 1.17-18). Em todos estes casos, houve reações físicas diante da manifestação da presença de Deus, argumenta Arnott. Portanto, não se pode proibir que elas ocorram, quando Deus está presente.
Não somente isto, Arnott também cita exemplos dos avivamentos históricos, em que pessoas, durante os cultos públicos, igualmente cairam no chão, tremeram, entraram em transe, interromperam o pregador aos gritos, etc. Uma de suas citações prediletas é de um livro de Jonathan Edwards, onde o famoso puritano americano narra experiências de várias pessoas durante o avivamento ocorrido em Northampton, na Nova Inglaterra, no século XVIII. Algumas delas, narra Edwards, chegaram a cair durante a pregação da Palavra; outras, entraram em transe, e ainda outras prorromperam em gritos de angústia. Arnott também está a par de reações físicas durante a pregação de João Wesley e George Whitefield durante o Grande Avivamento na Inglaterra, no século XVIII. Citando estes exemplos, Arnott procura colocar a "bênção de Toronto" como sendo similar aos avivamentos históricos acontecidos no passado.
O ponto é que, para Arnott, não podemos limitar o Espírito, nem proibir reações à sua operação na vida dos crentes. Não sabemos como o Espírito opera, continua ele, e seria temerário colocar barreiras ao que parece ser a sua atuação. Para ele, o que está acontecendo no movimento nada mais é que a repetição de fenômenos religiosos acontecidos através da história da Igreja cristã, em épocas de grande intensidade espiritual; embora esteja pronto a admitir que pessoas imitando animais, como profecia encenada, é a contribuição singular da "bênção de Toronto".
Avaliação
Muitas pessoas ao redor do mundo têm dado testemunho de que têm sido abençoadas através do movimento da "bênção de Toronto". Um exemplo é o professor de teologia Clark Pinnock, que num recente (e polêmico) livro sobre o Espírito Santo reconhece seu débito para com o movimento.(7) No geral, estas pessoas testemunham de uma renovação em suas vidas do amor e da alegria cristãs, e de um compromisso maior com a vida cristã. Só podemos receber com alegria o crescimento destas pessoas na vida cristã.
Recomendamos também a ênfase do movimento no amor de Deus, e na necessidade da alegria na experiência cristã. Certamente precisamos mais e mais experimentar esta alegria, e dar testemunho ao mundo do gozo que temos em Cristo Jesus. Ao mesmo tempo, devemos cautelosamente indagar qual o preço que está sendo pago para isto, e se, ao final, vale a pena tomar este caminho para a renovação individual e da Igreja.
Por outro lado, a teologia de John Arnott é explicitamente influenciada por carismáticos como Benny Hinn, Howard Rodney-Brown, e Kathryn Kuhlman, e portanto, sofre das mesmas deficiências que caracterizam a teologia neo-pentecostal, como a abertura para revelações diretas que se tornam, ao lado da Bíblia, uma segunda regra de fé e prática. Some-se a isto a ênfase nas experiências pessoais, e a tendencia para receber como divino tudo que tem aparência do sobrenatural, sem o estabelecimento de critérios adequados que ajudem a fazer distinção entre o divino, humano, e demoníaco.
O movimento da "bênção de Toronto" faz parte do que tem sido chamado de reavivalismo moderno, em distinção aos avivamentos históricos dos séculos passados. Debaixo da influência de Charles Finney, os evangélicos do século passado até nossos dias passaram a ver avivamento como algo produzido diretamente pelo esforço organizado de igrejas ou denominações. Avivamento, dizem, é o resultado do emprego adequado dos métodos certos. Nesta moldura teológica, os que desejam avivamento empregam todos os meios possíveis para produzi-lo, em contraste ao espírito dos antigos, que consideravam avivamento como obra soberana de Deus, pela qual poderiam orar, mas jamais produzir.
Avivamentos genuinos são produzidos pelo Espírito Santo, mas historicamente nenhum deles tem sido totalmente livre de excessos, erros teológicos, atitudes carnais, e espírito faccioso, devido ao fato que eles ocorrem entre nós, pecadores. Em toda obra divina, Satanás vem colocar seu dedo, e promover a confusão -- para não falar da contribuição da nossa natureza corrompida. Por este motivo, durante períodos de intensa atividade religiosa e despertamento espiritual, pastores e líderes conscientes destes fatos quase sempre procuraram manter vigilância. A busca ansiosa e desesperada pela "unção", por avivamento, e pela manifestação do sobrenatural, acaba por abrir uma porta, pela qual fogo estranho pode entrar. Não é impossível que isto tenha ocorrido, em alguma medida, com os iniciadores do movimento de Toronto.
O que dizer do fato que a Igreja do Aeroporto de Toronto tem uma confissão de fé evangélica? Se por um lado isto nos tranqüiliza, por outro, traz imensa preocupações, pois o grande problema hoje com movimentos neopentecostais nascidos dentro do evangelicalismo não é que eles contradizem as doutrinas centrais da ortodoxia evangélica, mas sim que lhes dão lugar secundário, e que lhes acrescentam crenças e práticas, que não são fruto de estudo e interpretação bíblicos (como as doutrinas confessionais), mas de experiências e mesmo revelações. No fim das contas, a teologia e a prática acabam sendo controladas por experiências, visões, sonhos, e revelações através de profetas, coisa comum no dia a dia dos membros desta igreja, e de outras igrejas neopentecostais.
A justificativa apresentada para os fenômenos físicos não é convincente. Nos exemplos bíblicos citados por Arnott e outros líderes, as pessoas cairam prostradas sobre seus rostos, diante da manifestação extrarodinária da glória de Deus. Se Deus se manifestasse em nossos dias desta forma, esperaríamos reações semelhantes. Mas não é isto que ocorre no movimento. As pessoas começam a cair, rir, chorar, tremer, pular e imitar animais sem qualquer manifestação especial da glória de Deus. Em muitos casos, não há nem mesmo pregação! Ví pessoas tremendo e caindo já no período inicial de louvor.
A verdade é que não existe justificativa bíblica para "cair" no Espírito, rir no Espírito, e imitar sons de animais. Não lemos destas coisas ocorrendo com os crentes da Igreja apostólica, no livro de Atos, nem há qualquer referência a estas manifestações nas cartas escritas pelos apóstolos às comunidades do primeiro século. Se estas coisas acompanharam a Igreja apostólica, e eram para ocorrer através dos séculos na Igreja cristã, é estranhos que não há qualquer referência, orientação, ou instrução, da parte dos apóstolos a este respeito.
Fazer referência aos fenômenos físicos ocorridos nos reavivamentos históricos também não justifica. Aqueles fenômenos foram resultado do impacto da pregação profundamente bíblica, penetrante, quebrantadora, de homens como Wesley, Whitefield e Edwards. Não existe pregação deste tipo no movimento. Não se prega sobre a ira de Deus, o juizo final, os horrores do inferno, a culpa do pecado; em parte, era a pregação sobre estas coisas que levavam as pessoas a cairem prostradas, tal a angústia de seus corações, durante os cultos dos antigos avivamentos. Mas pregações sobre a santidade de Deus, sua ira, e o castigo dos impenitentes não é freqüente no movimento.
Além do mais, os principais líderes dos reavivamentos não encorajavam este tipo de coisas, e eram extremamente cautelosos quanto a comportamentos bizarros e estranhos. O que vemos na "bênção de Toronto" é o contrário, quando este comportamento estranho e anormal é abertamente encorajado por sua liderança.
Conclusão
Desejo concluir este artigo com algumas observações.
1) Não podemos rejeitar o movimento como sendo algo totalmente do diabo, embora igualmente não possamos descartar o ensino bíblico de que Satanás provoca falsas sensações e experiências religiosas. Existe suficiente Evangelho no movimento para garantir a atuação do Espírito Santo, mas a abertura para fenômenos físicos e novas revelações certamente garantem a possibilidade de falsas experiências, doutrinas e ênfases errôneas. Crentes genuinos que abraçam a experiência e ensinos de Toronto podem estar se expondo ao engano religioso, e suas conseqüências.
2) Embora não possamos negar a possibilidade da ocorrência de fenômenos físicos em resposta à uma obra intensa do Espírito, devemos recusá-los como evidência costumeira desta obra, devido, não somente à sua subjetividade, mas, especialmente, ao fato de que esta posição é biblicamente insustentável. As evidências da obra do Espírito na vida dos crentes e descrentes são descritas em abundância na Escritura, e enfatizam especialmente uma vida santa em obediência à Palavra. Reações físicas estão no geral ausentes. Crentes que experimentam estas reações, como cair, tremer, ficar duro, emitir sons animais, e as consideram como resultado da operação do Espírito em suas vidas, podem estar trilhando o caminho perigoso da ilusão religiosa. Quando estas reações acabarem, serão tentados a reproduzi-las por si próprios.
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Notas
1John G. Arnott, The Father's Blessing (Florida: Creation House, 1995) 5.
2Ibid.
3Ibid., 58.
4Ibid., 59.
5Ibid., 168-169.
6Ibid., 169, 183.
7Clark H. Pinnock, Flame of Love: A Theology of the Holy Spirit (Downers Grove, IL: Intervarsity Press, 1996) 250. É importante observar que Pinnock tem sido bastante criticado pelos evangélicos nos Estados Unidos pelas posições que abraçou neste livro, e em outros, com respeito à Trindade.

fonte

Prisões religiosas – instituição



Deus fala com alguém? Já que os que falam em nome de Deus se contradizem! Então por que não falar pelo próprio nome já que a voz ouvida não é audível, mas apenas abstrata?

Qual o nível da prepotência e da arrogância que possui o ser humano a ponto dele falar ao próximo como este deve fazer para ouvir Deus. Isso nada mais é que ouvir sua própria alma ecoando reflexos sentimentais.

Se Deus revela tanta verdade diferente a tanta gente, então é sinal que os receptores não estão decodificando a mensagem, isso acontece porque eles nascem dentro de sistemas desenvolvidos por outros homens, muitas vezes re-formuladores de coisas antigas, mas sempre imperfeitos por mais elaborados ou simples que sejam seus esquemas, pois sua essência é humana; isso tudo influencia naquele que imagina se comunicar com o Altíssimo. Só irá funcionar a mensagem limpa e direta quando aquele que ora, saber realmente como fazer. O problema é que se houver algum resquício religioso institucional em sua mente isso já será uma barreira, quando isso acontecer é necessário se livrar de tudo, esquecer de todos e reportar-se somente a Jesus, esquecendo tudo que foi falado a Seu respeito ou as Suas palavras interpretadas por outros.

Acabamos descobrindo que a adaptação que toda instituição exige é incompatível com a liberdade de que as pessoas necessitam para crescer em Cristo. (JACOBSEN, 2009, p. 201)

Agora eu vejo o que é uma sociedade cega. Crianças religiosas com retardo mental. Fantasia que os faz viver e guerrear. Isto não é obra do demônio? Pois como não ser? Viver sua vida numa Matrix. Morrer e não ter vivido e perceber que foi para onde não deveria. A eternidade é um sistema fechado de mais para se brincar. É vida e é morte e é nosso tempo de escolher por uma vida possível de morte ou de vida se você souber ver.

Não creio numa instituição perfeita, mas creio em gente que faça de Deus sua prioridade.

As pessoas criam a divisão ao exigir que as demais se adaptem à sua própria revelação da verdade. Muitos de nós, na jornada, somos acusados de promover a divisão porque a liberdade pode ser ameaçadora para quem encontra segurança num sistema religioso fechado. Mas a maioria de nós não está tentando convencer outras pessoas a abandonar suas congregações. Consideramos a comunidade cristã grande o bastante para acolher o povo de Deus, seja qual for a maneira pela qual Ele o reúna. (JACOBSEN, 2009, p. 204)

Hoje não precisamos mais ficar falando sobre a Igreja. Precisamos é de gente preparada para viver a realidade dela.

Diego Marcell 14-04-10

REFERÊNCIA
Porque você não quer mais ir a igreja? Wayne Jacobsen e Dave Coleman. Ed. Sextante, 2009.

domingo, 17 de abril de 2011

Sou adolescente e busco uma igreja, o que fazer?


Primeiro, se você entre seus 14 e 18 anos busca de espontânea vontade uma igreja, sente esta necessidade, isto já é 50% de um grande motivo de louvor. Porém, que causa o instiga tal desejo?

Muitos dos jovens que conheci nas igrejas, na verdade, a grande maioria fez da igreja o seu meio social e não digo que não possa ser, mas se este for o que alavanca a situação, aí habita um grande erro. O sexo oposto na época de maior ebulição sexual é um ótimo pretexto para buscar-se uma igreja, se a mesma armazena em seus limites gatinhos e gatinhas, mas se da mesma forma esta for a causa primeira, será também a primeira a afastar-lhe da mesma. Também existem as amizades escolares que se estendem para o campo religioso, isto também presenciei em grande quantidade, como presenciei sua derrocada pela falta de motivos realmente religiosos em torno deste reduto social. Há também aqueles que por serem jovens renegados ou anti-sociais buscam na instituição religiosa uma saída para sua solidão, já que ali geralmente são bem acolhidos, principalmente porque quem acolhe também vê vantagens em fazê-lo, se porém uma fé verdadeira não brotar no interior destes ex-solitários, eles cansados da hipocrisia religiosa buscarão em outros lugares seu recanto pop e ainda estarão aptos a expressarem sua amargura contra aquilo que viveram, situação que também vi com meus próprios olhos. A estes, meu melhor conselho é que vivam a juventude livremente longe de qualquer religião, tanto para não prejudica-las, como para não prejudica-los, isto fará que no momento certo a religião encontre os vossos corações.

Agora, se você é um jovem da mesma idade, e está sentindo esta necessidade sem nenhum dos motivos citados acima, então este momento certo já chegou na sua vida, isto quer dizer que o dia do chamado chegou, se seu peito arde pela causa religiosa, é Deus quem lhe chama para a vida comunitária da igreja. Mas qual igreja?

A igreja que é a vida com os irmãos de verdade, onde você consiga se encontrar com pessoas que pensem como Igreja/Corpo de unidade cristã.

Para encontrar uma instituição cristã onde se possa viver esta Igreja é necessário primeiro pesquisar os históricos das instituições partindo da história do cristianismo; calma, que não é tão complexo assim. Analisar igrejas que possuam uma base teológica forte (e não tão cheia de normas e regras, que aí você cai em coisas tipo adventistas do sétimo dia e testemunhas de jeová, e isto Deus não quer), mas os exemplos da reforma protestante e igrejas clássicas são um bom exemplo, deve-se evitar igrejas clássicas com adendo no nome, tipo: “Assembléia de Deus do fogo santo”, ou “Igreja Batista porta da revelação”, ou “Igreja Luterana Renovada do Milagres” e coisas do gênero. Tendo como base alguns nomes de igrejas cristãs de conceito teológico, você pode partir por uma peregrinação de conhecer as que existem na sua cidade, infelizmente cheguei a conclusão de que quanto menor a cidade, mais desqualificada é a liderança da igreja, mas cabe a nós estudarmos para mudar este quadro. Outra coisa que você enfrentará neste caminho é o chamado “puxar a sardinha”, tipo, você visita uma igreja e logo a liderança de jovens vem dizer que você tem que ficar ali, porque ali é a melhor igreja que existe, porque tem o pastor mais abençoado, porque ensina melhor que a outra, etc, isto é um péssimo sinal, foge deste lugar!

Neste sentido, das igrejas conceituadas, não existem ruins ou boas, apenas diferenças que irão se encaixar na característica pessoal do fiel. Na minha cidade natal, eu conheço um rapaz que é tão parado, que ele só se sente bem numa igrejinha presbiteriana pequenina que possui meia dúzia de idosos; enquanto conheço outras que só se sentem bem em lugares bem agitados e barulhentos; eu, por exemplo, não me vejo em nenhuma das duas, porém não descarto a necessidade de ambas. Nesta sua peregrinação você acaba encontrando mais similaridade de idéias em uma que em outra, mas também tem a questão do ambiente das pessoas e a compatibilidade de pensamento e cultura dos que ali estão com você. Eu freqüentei um lugar onde sentia necessidade de um diálogo mais aberto, cultural e até intelectual, o que não acontecia, não me permitindo encontrar por completo naquele grupo que era mais freqüentado por pessoas de um bairro e trazia características sociais ruins deste tipo de lugar, começando pelo seu pastor.

É fundamental encontrar um grupo que se identifique com você, que ali existam pessoas com coisas em comum com as suas para haver certa cumplicidade não só espiritual, mas também epidérmica.

Apesar de tudo isto que foi dito, creio que a melhor alternativa para um adolescente nos dias de hoje, que nasce com o pensamento pós-moderno, seria uma comunidade “descolada”, espiritual e mais intima, como é possível encontrar hoje na internet e que se materializam em reuniões em Universidades, nas casas, nos cafés e até mesmo em um local especifico, mas que exercem esta expressão cristocêntrica de forma que faça mais sentido no mundo conectado que flui pelos dias do terceiro milênio. Onde a vivência de Cristo no ser humano possa evoluir para a vivência do respeito e da saúde plena do ser para a sociedade dentro do projeto divino no indivíduo.

Se você é um adolescente que sente este chamado, fale com Quem te chamou no silêncio do seu quarto, encontre nas palavras dos evangelhos o sentido desta vivência e permita que o Espírito te guie pela liberdade no melhor da ousadia da idade para exercer o que lhe foi proposto pelo Criador, pois este o levará a aquilo que fará sentido em seu coração.

Diego Marcell

texto encomendado e postado originalmente pelo blog Geração Renovada

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Mistério como probabilidade social


Todo Universal parte do individuo, o grande mistério habita no porquê de que a massa é manobrável. Os blocos institucionais são grandes culpados, mas será que são a culpa essencial? O ceticismo da própria situação social e o direcionamento do início da formação familiar e/ou escolar são outros. Mas será que são os grandes motivos?

O trabalho na nova formação escolar que atue de forma concreta nesta formação de seres pensantes através da filosofia e o trabalho da própria filosofia são apenas instrumentos que irão auxiliar a humanidade no convívio aceitável, lhe mantendo longe da barbárie, porém há o mistério que habita na alma de cada individuo que é a potência que o faz optar pelo que ser durante a vida. Apesar de a sociedade se apresentar acorrentada por opção na correnteza dos fatos, este ato de submissão também faz parte do mistério, que escolhe alguns para estarem ali por volitude espiritual ou sobrecarregada de fatores cognoscíveis.

O indivíduo deve se descobrir dentro da sociedade que é a grande eclosão para o utópico andamento do Todo Social e a saída dos conceitos prisionais da indústria cultural.

A escola deve como método promover a abertura dos conceitos, já que não basta conhecer os objetos culturais que se tornam superficiais na sociedade fast-food; a entrega dos conceitos também não é para gerar a necessidade do consumo destes, mas a profundidade em termos plausíveis para aceitá-lo ou não de acordo com o seu individuo. Neste processo de opções reais que o indivíduo vai ao seu próprio encontro e ali nasce o respeito e a crítica, devido o conhecimento tanto dos objetos quanto das inúmeras formas de pensar; a reflexão e o auto-entendimento o levam a opção por objetos verdadeiramente relevantes para si. Isto seria visível no nivelamento numérico das visualizações de vídeos no Youtube ou no acesso e pesquisas no Google, por exemplo, e seria um tanto evidente a negação por (vou chamar de) “fã clubes”, estaria então exposta a degustação livre por aquilo que o indivíduo opta, sendo a verdadeira democracia exercida na alma de cada ser, e a influência tomaria um sentido mais puro ou deixaria de existir para a autonomia das individualidades encontrarem verdadeira cumplicidade no todo cultural. Grupos que não negando o que se assimila, mas valorizando a diversidade para o complemento de sistemas que agiriam com honesta e libertária conexão para o funcionamento mais preciso em todos os campos da sociedade.

Porém se isto não acontece, ou por culpa do Éden ou por aquilo que Nietzsche declara que aconteça por um trauma que leva ao espírito livre quando a angústia começa a se apossar em algum momento daquele que o possui. No lapso primordial de determinação dos escolhidos ainda permanece o mistério, que tanto em Nietzsche, quanto no Éden podem ser a mesma, ou que Nietzsche nem tenha se referido a estes como escolhidos, mesmo que evidentemente se tornem se aqui colocarmos o Destino não como pré-determinação, mas como o “impossível de conceituar”, tendo passado no mínimo três mil anos de pensamento filosófico e a impossibilidade de alcançar certas questões transcendentais, talvez busquemos nesta (mesmo que mistério) ou em outras possíveis questões existentes ou que possam surgir, o mais aceitável para a vida humana social.

Se a causa inicial for um conflito causado por combinações naturais e matemáticas segundo o aglomerado partindo da hereditariedade até situações de tempo e espaço, e a deficiência, como coloca Nietzsche, em algum setor destes seres os façam enxergar por outra ótica ou formular lapsos brilhantes em decorrência disto, também seria mistério, mas menos por influência de um Destino Metafísico, o que talvez anulasse o Éden e faria sentido o que alguns pensam desta insistência para a geração de traumas como saída social, apesar de ainda se verem poucos resultados históricos.

Apesar de eu crer num paradoxo, onde se faça 50% de cada teoria e, além disso, pela experiência do mundo que nunca deu melhoras muito superiores a certa média, o que me faz pensar no ser humano com estas influências divididas, mas também que este Destino o coloca, o pré-escreve neste contexto futuro, hereditário, espacial e temporal para se cumprir a Vontade Absoluta, que não age como objeto de desejo que tem sua satisfação no mundo, mas para fins que desconheço, Mistério.

Também se pode avaliar pelo olhar existencialista de Heidegger, que os escolhidos passaram da existência banal para a existência autêntica, através do ato metafísico que o faz diferente da massa, o reconhecimento de si no mundo é manifestação da graça de Deus e também o que gera libertação, o liberto enfim vai de encontro com a graça de Deus.

Diego Marcell 12-04-11

terça-feira, 12 de abril de 2011

4 dias para parar Belo Monte‏


Caros amigos de todo Brasil,



A OEA, organismo representante dos países das Americas pediu que o Brasil pare a construção de Belo Monte, a hidrelétrica gigante que irá destruir uma grande área da floresta amazônica. Agora, a Presidente Dilma tem 4 dias para responder. Vamos aumentar a pressão: envie uma mensagem para pedir o fim de Belo Monte.


A OEA, respeitada organização inter-governamental pediu ao Brasil para interromper a construção de Belo Monte – uma hidrelétrica imensa que iria destruir delicados ecossistemas da Amazônia – e a Presidente Dilma tem quatro dias para responder. Com essa pressão internacional sem precedentes, nós temos a chance de finalmente parar Belo Monte.

A Organização dos Estados Americanos respondeu ao apelo direto das comunidades amazônicas afetadas, com um pedido oficial para o governo brasileiro interromper a construção de Belo Monte. A OEA alerta que o Brasil pode estar violando tratados inter-americanos se prosseguir com esta barragem desastrosa.

O prazo final para o Brasil responder a OEA é esta sexta feira. Nós temos apenas alguns dias para dizer à Presidente Dilma, ao Ministério das Relações Exteriores e à Secretaria de Direitos Humanos que nós estamos do lado da OEA e dos povos amazônicos. Envie uma mensagem agora exigindo que o Brasil honre o seu compromisso internacional com os direitos humanos e pare Belo Monte imediatamente.

http://www.avaaz.org/po/belo_monte/?vl

As comunidades amazônicas foram forçados a recorrer à OEA depois que a Presidente Dilma ignorou seus apelos, colocando grandes interesses financeiros de empreiteiras acima da preservação ambiental. Belo Monte vai custar 30 bilhões de reais e a maioria desse dinheiro vai para grandes empreiteiros que foram os maiores doadores da campanha presidencial da Dilma. Mas se nós investirmos uma fração do que será gasto em Belo Monte em energia renovável, poderemos suprir as demandas do Brasil por energia, apoiando o desenvolvimento sustentável sem comprometer centenas de hectares da floresta mais preciosa do mundo.

Este ano, mais de 600.000 brasileiros pediram para a Presidente Dilma parar Belo Monte. A petição contra Belo Monte foi entregue pessoalmente aos seus principais assessores em Brasília, em uma marcha emocionante de povos indígenas que chamou a atenção da mídia no Brasil e no mundo. Mas mesmo assim, o governo ignorou o nosso chamado.

Agora países de todas as Américas estão se juntando à luta. Vamos agir neste momento crucial e mostrar que os brasileiros apóiam a solicitação da OEA. Envie uma mensagem para Presidente Dilma, Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Direitos Humanos dizendo que os brasileiros estão junto com a OEA e as comunidades amazônicas para pedir um fim a Belo Monte:

http://www.avaaz.org/po/belo_monte/?vl

Belo Monte não é o que queremos para o futuro do Brasil. Enquanto nos preparamos para a Rio+20, a maior conferência ambiental do planeta, essa é a chance de o Brasil ser uma liderança mundial como um exemplo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade. A declaração da OEA oferece uma nova oportunidade de mudança, trazendo aliados internacionais para a luta contra Belo Monte. Vamos aumenta a pressão sobre o governo, agindo e divulgando esta campanha.

Com esperança,

Emma, Graziela, Ben, Alice, Luis e toda a equipe Avaaz.

Leia mais:

Comissão da OEA pede que Brasil suspenda construção da represa de Belo Monte: http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5ghObml-y57D7oM6HTkI6fbmnNbpg?docId=CNG.b784413f83000616dda24915663acf14.4e1

Belo Monte: OEA solicita suspensão do processo de licenciamento e construção http://www.ecoagencia.com.br/index.php?open=noticias&id=VZlSXRlVONlYHZFSjZkVhN2aKVVVB1TP

Patriota: posição da OEA atrapalha investimentos ambientais: http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/noticias/patriota-posicao-da-oea-atrapalha-investimentos-ambientais

Pedido de OEA sobre Belo Monte irrita diplomacia brasileira:
http://www.correiodoestado.com.br/noticias/pedido-de-oea-sobre-belo-monte-irrita-diplomacia-brasileira_105969/


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sábado, 9 de abril de 2011

Sucumbindo à Vontade


Meus dogmas eram muito bonitos, mas eu já não sei se acredito, o desejo está no ineditismo e que não haja fundo este poço que nos faz cavar a ultima memória que nunca vem, o prazer está no ato e não no orgasmo, quando este vem começa a busca por outro.

Mas voltando aos meus dogmas, o que é vontade para ditar se eles são reais ou não?

As festas inundam a cidade evidenciando minha solidão, que também é desejo de gente, de ineditismo e poema e cinema, quando tudo isso caiu no banal, mas uma nova versão é sempre importante para me revitalizar.

Entre o concreto, perdido, escondido no seu ciberssistema, no seu projeto material, eu ouço as conversas nos cafés e pub’s, ouço os carros que param no sinal vermelho e as arrancadas na esquina do teatro. Gritos na madrugada e risadas comunitárias são meu sonho pro futuro.

Esta vontade não é boa no valor Universal, mas é a tendência de um único fator, o querer inconsciente vindo daquilo que só a psicanálise poderia me dizer, é o sensível do meu existencialismo Urbano que toma forma quando entra em contato com o pensamento pós-moderno e constrói de areias hologramicas stúdios simplistas e reluzentes para a habitação do artista, ali há também o calabouço com conexão 56 K pra aprisionar o poeta em seus delírios românticos e melancólicos de palhaços do exílio da nova cultura dos Vlog’s que vem nos consumindo artisticamente a cada manhã.

Diego Marcell
08-04-11

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Trecho do discurso do prof. Israel Boniek na formatura de Teologia FAEST

Jaguar Cibernético no Festival de Teatro de Curitiba

Fomos abordados na rua pelos atores da peça
e tivemos o prazer de experimentar esta incrível sensação.

Jaguar Cibernético (tetralogia - pensamento selvagem)

Banquete Tupinambá I ATO
Aborígine em Metrópolis II ATO
Xamanismo The Connection III ATO
Floresta de Carbono IV ATO

Nós assistimos apenas o ato III, mas ainda quero ter a oportunidade
de assistir os outros.

Pra quem é culturalmente ativo é imperdível.

* FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA

Inter Hook #1

Evento de suspensão que aconteceu em Jundiaí-SP no mês de março
e teve nossa amiga Tatih como destaque.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Definindo o que é Igreja e o que são "igrejas"


Deixei de ser evangélico

Só a sombra da cruz...

Masturbação

Vejo em muitos blogs de "crentes" este assunto ser dito e repetido,
algo que além de ser meio idiota, acho sem finalidade de discussão,
porque vejo que há tanto a ser ensinado na vida espiritual, quando
ficam discutindo fatos que irão prejudicar os jovens ao invés de
edificá-los. Não falarei mais sobre o assunto, mas vou deixar um
vídeo de um cara que é sempre relevante ao falar.

Os efeitos perniciosos do ufanismo


Já vivi encantado pelo otimismo. Afirmei com contundência que a sorte é bumerangue que sempre volta com fortuna. Cantei com um público frenético: “Vai dar tudo certo, em nome de Jesus”. Em minhas palestras e sermões, antecipei grandes reviravoltas na vida dos ouvintes. Mas, com o passar do tempo, percebi que apesar de toda a boa vontade, tais guinadas não aconteciam com a frequência que eu desejava. Nem tudo dava certo! Alguns amigos agonizaram, carcomidos de câncer. Outros foram à bancarrota. Quantos casamentos celebrei que terminaram em divórcio. Por que não confessar a infantilidade? Repeti jargões ufanistas sem levar às últimas consequências minhas afirmações . Pior, capitalizei em cima de ilusões. Percebo que não estou só. Políticos e conferencistas motivacionais ladeiam líderes religiosos a repetir frases de efeito - que, na verdade, só servem para fortalecê-los. Infelizmente, as consequências são desastrosas. Mulheres azedaram na vida porque alguém lhes prometeu que Deus (ou Santo Antônio) traria marido “no tempo certo”. Empresários se desesperaram porque alguém assegurou que “o Senhor não permite que seus filhos fracassem nos negócios”. Pais e mães se perderam existencialmente porque jamais cogitaram um câncer “permitido” em uma família piedosa e obediente. É comum ver pessoas acorrentadas a promessas que “um dia chegarão” - mas que não chegam nunca; ver pessoas debitando paradoxos e agruras nos “paradoxos” e “mistérios insondáveis da eternidade”. Nada como o dia a dia para arrasar com os discursos triunfalistas. Crianças agonizam com diarréia nas favelas. Faltam ambulâncias nas periferias para salvar os infartados. Professores da rede pública recebem uma ninharia no perpétuo ciclo ignorância-desemprego-miséria. Quem ganha com o triunfalismo? As revistas de fofoca com seus conselhos de auto-ajuda, os televangelistas e as religiões pequeno burguesas. Nos sucessivos arroubos de vitória, as relações utilitárias com a Divindade prosseguem intocadas e os cantores gospel faturam bem. Reconheçamos: a vida de muitos simplesmente não vai dar certo. A estrutura econômica deste país, assimétrica, não permite que multidões subam a escadaria da inclusão social. Os oligarcas não vão abrir mão de seus benefícios (basta ver a miséria do Maranhão, feudo de uma família poderosa). Muitos não vão entrar na terra prometida. Homens adoecerão sem conseguir recuperar suas empresas. Mulheres não vão sair do lugarejo que lhes asfixia. Rapazes, que sonhavam em jogar futebol na Europa, terão que se contentar com o saláro de balconista. Não se deve desprezar a realidade em nome da uma esperança fantasiosa. Não se deve negligenciar injustiça social em nome de intervenções de Deus. Não se deve perpetuar ilusão em nome do otimismo. Sou pastor, pregador e conferencista, mas não tenho o direito de descolar meu discurso da existência concreta que as pessoas enfrentam todos os dias. Não há outro caminho senão assumir compromisso com a verdade. E lutar dentro dela. Obrigo-me não à verdade metafísica, absolutizada dos dogmas ou da filosofia. Abraço a verdade que o cotidiano impõe e esperneio para transformá-la. Acredito que só é possível promover a liberdade quando ensinar que o engano não conduz a lugar nenhum senão a decepção. – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!”. Para que o mundo seja minimamente transformado não há outro recurso senão embrenhar-se na vida como ela é, arregaçar as mangas e lutar.


Soli Deo Gloria.


texto de Ricardo Gondim


segunda-feira, 4 de abril de 2011

A missão da Igreja no século XXI


“Como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (Jo 20.21b)
Se a igreja não é missionária no dia a dia, na totalidade da sua presença no mundo, ela deixa de ser igreja para tornar-se uma associação, um clubinho de auto-ajuda.

Compreender que cada membro deve capacitar-se para que o Espírito Santo o use dando-lhe oportunidades maiores para esta ação, que não seja sempre o mesmo leitinho, que Paulo já advertia no passado, mas que seja uma constante busca pelas novidades do Criador.

Este tema faz jus somente aos cristãos verdadeiros e só assim faz sentido. Mesmo que um não convertido que freqüente a igreja pense no seu direito de fazer missões, ele não consegue exercê-la, já que “a missão é de Deus e, portanto, tudo o que a igreja pode fazer é se unir a Deus na missão que já está acontecendo para a redenção da criação.” (González, 2009, p. 212). Não faz sentido exigirmos isto de alguém, isto é algo que deve fazer parte da consciência do cristão através de certa instrução e o Espírito manifestará na vida dos seus esta necessidade.


Missão integral no nascimento da igreja

Atos 2. 1-13

Quando pensamos em missão automaticamente vem a nossa mente aquele missionário na África e a igreja daqui o sustentando. Porém, o que este texto em Atos expressa, este trecho do nascimento da igreja, ele deixa claro o principal ato dela já sendo executado no exato momento do seu nascimento, que é a missão, quando o Espírito veio sobre aquelas pessoas, das 120 ali, não foram 5 ou 10 que saíram a proclamar as maravilhas de Deus, mas todas!

O fato principal desta passagem sempre foi deixado de lado em nome de uma errônea validação do dom de línguas como evidencia do batismo com o Espírito Santo. Porém, está claro que neste momento do nascimento da igreja ninguém falou em línguas estranhas, sendo este um dom sistematizado por Paulo nas cartas, mas que no nascimento da igreja não ocorre. O que ocorre é o evangelismo, a comunicação a todos das maravilhas de Deus, aqui habita o sentido máximo da nossa característica cristã, o falar, comunicar de forma entendível, de forma clara as maravilhas de se ser cristão, de ter o Espírito de Cristo em nós.

E como se dá esta comunicação clara? Desta forma que nós como cristãos nos apresentamos na rua? Fazendo separação, andando aparentemente com um tipo de roupa? Um tipo de penteado? Um tipo de palavreado? Abarrotado de palavras arcaicas tiradas de uma cultura não pertencente a nós?

(ler novamente Atos 2. 8-11)

O fato que devemos atribuir valor e grande glória a Deus é pela comunicação aqui ocorrida e não pelo ato extraordinário de se falar uma língua que não se sabia previamente.

Esta passagem deve ser o impulso histórico da igreja em todas as suas fases. É nossa responsabilidade compreende-la em nosso contexto de época, de cultura e de território.

O pensamento da igreja em missões não deve ser o de sustentar um missionário em terra distante, mas pensar cada membro como um missionário integral. No bairro, no ponto de ônibus, na panificadora, na escola, no trabalho.

Não pense agora, porém, que basta comprar um bloco de folheto e distribuir pela cidade. O missionário integral tem a sua vida como aparelho comunicativo do seu estado de Igreja, e um aparelho comunicativo deve conhecer-se inserido no contexto temporal em que atua; do contrário a comunicação do evangelho falha.

Ficou cada vez mais claro que o contexto social e econômico do teólogo imprimi seu selo sobre a teologia de cada um. Surgiu assim toda uma série de teologias que, em lugar de negar seu caráter contextual o afirmam, declarando que isso provê com perspectivas novas e valiosas quanto ao sentido das Escrituras, do evangelho, e das doutrinas em geral. (González, 2009, p. 72)

E se vermos desta forma “toda teologia é necessariamente contextual, e aquela que pretende ser universal e livre de seu contexto, simplesmente é uma teologia preconceituosa.” (González, 2009, p. 72) pois como podemos afirmar sem conhecimento de causa da cultura oriental ou africana se nunca saímos da nossa cidade no interior do Brasil?


Comunicação como instrumento eficaz

Augustinho diz que existem duas coisas necessárias ao tratamento das Escrituras: uma maneira de descobrir (modus inveniendi) aquelas coisas que se devem compreender e uma maneira de expressar aos outros (modus proferiendi) aquilo que aprendemos. (Hesselgrave, 1994, p. 29)

O primeiro passo que dará sucesso à proclamação do evangelho é o conhecer e entender aquele a quem estão passando estas informações, e isto só é possível se colocando no lugar destes, sentindo suas dores e alegrias, inserir-se no contexto do outro para que o evangelho de Jesus faça sentido no momento da proclamação.

O grande aspecto da torre de Babel foi a perda de comunicação dos seres humanos que só se restituiu com a igreja em Atos 2. Porém, devemos estar conscientes espiritualmente para aprendermos que estas comunicações hoje ultrapassam a linguagem somente, mas que ela toda é composta de signos (símbolos) que dependem de interpretação.

Aristóteles desenvolveu a base do que ainda hoje podemos falar dos processos de comunicação, para ele haviam três pontos de referencia: o orador, o discurso e o ouvinte. Entre estes existem um processo de codificação e decodificação.

O emissor (que é o orador de Aristóteles) possui um código dentro dele, que exteriorizado torna-se mensagem. Então a comunicação deve ser voltada para a recepção e ajustada aos diferentes públicos, o que a Bíblia deixa claro nos exemplos apostólicos, principalmente de Paulo.

Portanto, o emissor deve analisar o receptor em termos antropológicos, sociológicos e psicológicos. Quanto mais pudermos saber sobre o receptor, mais sucesso teremos, já que poderemos usar as informações para moldar a mensagem do evangelho ao contexto do outro.

A palavra “comunicação” vem do latim COMMUNIS (comum). Devemos estabelecer uma “comunhão” com alguém para haver comunicação. A “comunhão” encontra-se em códigos partilhados mutuamente (Hesselgrave, 1994, p. 39)

Por isso a decodificação do receptor, jamais é plena da mensagem do emissor, sendo que ambas possuem uma distância muito longa de coisas em comum, mas o quanto mais claros pudermos ser e mais próximos da realidade do outro, mais chances haverão do evangelho fazer sentido, sendo que ele como mensagem é símbolo e símbolo fora de contexto não possui sentido. Devemos aproximar o código do receptor a tal ponto dele decodificar sem que sejam abstrações sem paralelismo fundamentalmente evangélicos.

Já que “somos observadores imperfeitos ou porque interpretamos erroneamente o modo como o mundo é de fato” (Hesselgrave, 1994, p. 51) é que nossas igrejas não estão alcançando aqueles que deveriam.

Pensamos que o “nós como instrumentos de Deus para a evangelização” é baseado em horas de oração. Isso nunca foi realidade, já que aí transferimos a responsabilidade para nós como se o poder de conversão do outro estivesse no instrumento e não no Senhor; mas a capacitação do cristão como comunicador é um louvor a Deus como se dissesse: “estou pronto para o Senhor me usar com aqueles que o Senhor deseja alcançar e colocar no meu caminho”, pois também tem a ver com humanidade, humildade e amor, o colocar-se no lugar do outro e o aprender sobre o outro contexto gera respeito, o que em muitos casos as excessivas horas de oração fazem o contrario, pois os ascetas não tendo contato com os “pecadores” acabam tornado-se soberbos.

Este é o principal motivo do pouco sucesso de muitos missionários mundo afora, e não por ser uma “luta com o inimigo”, mas por estes terem pouco conhecimento das diferenças lingüísticas, políticas, econômicas, sociais, psicológicas, religiosas, nacionais, racionais, entre outras.

O bom missionário é aquele que se insere por completo na sua proposta missional.

A igreja nasce, mantém-se e transforma-se pela missão de Deus. Ao mesmo tempo, ela também é sujeito ativo nessa missão. Isso é, a igreja discerne e descobre a atividade de Deus no mundo e dela participa. (González, 2008, p. 23)


Missão da Igreja na Teologia do Cotidiano

A Igreja é a representação e a explanação de Deus no mundo, ela é o conhecimento do Divino no mundo material e natural como também a imagem da Religião em meio a aqueles que precisam da regeneração.

Mas não da forma que automaticamente nos vem a mente, daqueles belos prédios e catedrais no meio das cidades, ou de grupos que se reúnem e cultuam a Deus, este testemunho não é a plenitude do conhecimento da sabedoria de Deus através da Igreja na sociedade (Ef 3.10), mas apenas a mínima parcela da sua capacidade e propósito.

A unidade da Igreja, também não é esta que se apresenta em grupos que se reúnem para propósitos eclesiásticos, evangelísticos, de estudo ou outros, mas da ligação espiritual e amorosa que se identifica no natural, são os irmãos que mesmo sem conhecimento prévio, mesmo afastados geograficamente, falam uma só língua e pronunciam uma só mensagem.

O regenerado não é aquele que abraça a fé cristã unicamente, ou que se “converte” ao cristianismo, o que se batiza em alguma instituição, ou abandona os vícios e muda suas velhas práticas, pois tudo isso pode ser meramente impelido pelo externo e estar sujeito a novas mudanças quando algum evento assolar o ser, ou até mesmo se ele eventualmente continuar até o fim da vida dedicando-se a esta fé, mas por implicações externas e manter-se ali por comodismo ou inúmeras outras possibilidades de fatores, ainda assim este não será um regenerado.

A Igreja em sua missão só terá sucesso ou fará sentido se os seus indivíduos regenerados viverem de forma igualitária dentro do propósito de Deus para cada membro do seu Corpo, no meio da sociedade, mesclando-se a ela e partilhando de tudo que permita a proximidade e a experiência no mesmo grau que os não regenerados, para através da sua vida ser exemplo vivo, claro, evidente e palpável daquele que tem o Espírito de Deus o guiando, em oposto a aquele que não O têm. Só assim a Igreja falará à aqueles que se encontram fora de Cristo, se a Igreja for e viver onde os pecadores vão e vivem, seguindo o exemplo do que Jesus fez.

O que se vê é que pessoas se convertem ao cristianismo e se enclausuram dentro de quatro paredes e saem visitar as pessoas apenas para distribuir folhetos e falar versículos bíblicos, e isto não é missão da Igreja e isto não surte efeito (com exceção de casos específicos, mas não por méritos do objeto, mas por escolha do Espírito Santo).

A instituição religiosa faz um desserviço a missão integral, ao fabricar uma cultura segmentada “gospel”, ela pretende converter as pessoas a esta cultura, que é em geral uma cópia pobre das culturas gerais e contrárias a reflexão existencial, religiosa e social.

Se o evangelho não for compreendido e praticado em sua essência por aqueles que realmente são Igreja, e os mesmo se deixarem sucumbir pela pressão exercida pela instituição e tudo que vem atrelado a sua prática limitadora e prisional, a Igreja verdadeira será engolida por um sistema que tenta transpor o espiritual à matéria e a inversão de valores tomará conta dos Filhos de Deus que se deixarem levar pelo comodismo.

Diego Marcell 04-04-11

Este artigo foi inspirado além dos livros usados como referência, também outros dois que são indispensáveis para a compreensão do tema na atualidade.

Fundamentos da teologia prática de Júlio Zabatiero, editora Mundo Cristão.
A igreja emergente de Dan Kimball, editora Vida.

Referências

HESSELGRAVE, David J. A comunicação transcultural do Evangelho volume 1. São Paulo: Vida Nova, 1994.

L. GONZÁLEZ, Justo. Breve Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2009.

L. GONZÁLEZ, Justo; Cardoza Orlandi, Carlos. História do movimento missionário. São Paulo: Hagnos, 2008.

sábado, 2 de abril de 2011

Músicas que transcendem o modismo - curtindo o lado B



Complexo Arte Records com novidades musicais.

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