domingo, 31 de outubro de 2010

FORAM DESCOBERTOS 5 NOVOS EVANGELHOS NAS CAVERNAS DO BRASIL.

O evangelho segundo Davi Miranda – O evangelho que passa longe da tradição cristã por ser anti-intelectual, por ser anti-cultural, e por ser anti-libertário. Contrário aos princípios da Reforma, ele engessa seus fiéis no poder institucional. Separatista e dualista ao extremo, prioriza a pobreza daquele que deseja filiar-se a religião, e injeta forçosamente bizarrices na veia dos seguidores cegos. Seu principal adversário é o aparelho de televisão, pois é a encarnação do demônio.





O evangelho segundo Edir Macedo – Este evangelho passa a longas distancias da tradição cristã por comprar tudo no âmbito abstrato: fé, benção, ritos, autorizações, etc, e também por criar produtos físicos a serem vendidos em troca de coisas abstratas, indulgencias modernas por coisas menos valiosas e sentimentais que a alma de parentes falecidos. Sua principal entidade de adoração é Mamon, ou como é conhecido atualmente em sua forma corpórea, o dinheiro. Sua principal doutrina é que seus fiéis deverão dar todo dinheiro que possuem ao deus para então ficarem milionários. Também gosta muito de misturar práticas antigas do judaísmo e de religiões afro-brasileiras em seus cultos, como sacrifícios de animais e possessão de espíritos em seus freqüentadores.



O evangelho segundo R. R. Soares – Propagador do evangelho da prosperidade no Brasil, o seu evangelho se distancia da tradição cristã por pregar a riqueza e a determinar sua benção, transformando Deus em seu empregado e sujeito a sua vontade humana. Dissidente do auto-intitulado bispo (Macedo), por não concordar com algumas de suas práticas; o auto-intitulado missionário aderiu às suas praticas os principais ensinos dos profetas da prosperidade, que ele inclusive divulga na sua editora, que é uma das suas inúmeras empresas. Também conhecido como milagreiro, costuma curar dores de cabeça, nos joelhos e nos ombros, sempre com muita auto-sugestão.




O evangelho segundo Valdomiro Santiago – Este evangelho distancia-se muito da tradição cristã por ser elaborado por um novo apóstolo, após aqueles que andaram com Cristo e receberam dele os ensinamentos, este 2000 anos depois aparece dizendo fazer todos os milagres de Jesus. Grosso e sem cultura prega um evangelho de auto-propaganda com tendência exclusivista. Na sua mensagem Deus só age na sua igreja e através do próprio apóstolo se manifesta nas curas. Também dissidente do bispo Macedo, resolveu partir em carreira solo, apesar de já dar indícios de que a maldição hereditária tenha entrado em sua igreja, pois perdeu seu principal auxiliar, que também resolveu partir em carreira solo, talvez cedo de mais. Para ele o estudo não é necessário, forma pastores como vai ao banheiro, e a Bíblia só pode ser lida se for a Almeida revista e atualizada (deve ser para concordar com as pregações que vêm prontas da sede mundial, para os pastores do resto do país).




O evangelho segundo Renê Terra Nova – O seu evangelho foge da tradição cristã, por ser ele o novo profeta pregando uma nova mensagem, um pseudo-João Batista do Norte, apesar de ter roubado a mensagem de um profeta estrangeiro. Para ele há uma visão mundial para o Brasil (estranho né?) onde o país todo se converterá para esta visão, e todos serão ricos e profetas, todos terão 12 discípulos (agora faça as contas de como isso é possível, só se os discípulos também são profetas e vice-versa, é meio confuso). Prega um evangelho asceta e próspero, e um mundo feito de células (grupos) onde o próprio Terra Nova em breve governará.


por Diego Marcell

sábado, 30 de outubro de 2010

Absurdos na sociedade





Absurdos constantes na sociedade Norte Americana, de loucos que invadem lugares públicos e dizimam os seres viventes do lugar, até que já nos acostumamos; mas quando começa a acontecer em nosso pequeno município, que além do tamanho, faz parte de uma região privilegiada do Brasil, aí começamos a nos assustar; e quando é gerada não pelos considerados marginais, que sem educação e condições muito benéficas de vida encontram na criminalidade um escape a sua inferioridade. Mas quando essa violência ao cidadão trabalhador é gerada por alguém que na categoria abastança monetária dentro do pequeno município, se encontra em destaque, possui amigos de poderio político ou até militar; aí eu acho que o temor é maior.
Não vou entrar em discussão sobre o sistema carcerário, sei que toda melhora para o país é complexa e deve passar pela mão de muita gente, mas que deveria haver uma avaliação psicológica enfatizada nessa classe “A”, já que os motivos de seus surtos são menos claros que nas classes inferiores, para haver um sistema de separação de indivíduos perigosos da sociedade livre e normal, ainda mais que essas famílias vindas do alto da pirâmide poderiam muito bem sustentar essas clinicas de internação para os seus, em um amplo e saudável ambiente clean; pois até as próprias famílias podem estar sofrendo com os acesos de loucura dessas pessoas.
Pensar que pessoas que assumem cargos importantes até em um AA, como poderia ser outro lugar que vem para harmonizar a vivencia e o funcionamento de uma cidade. Pensar que por R$5,00 reais alguém desfigura o rosto de uma pessoa, e faz espalhar sangue no ambiente claro e fresco de uma farmácia, por meros R$5,00 reais que realmente não sabemos se estavam corretos ou não, mas que provavelmente não faria falta para aquela família, já que o senhor tem uma bela aposentadoria para gastar com remédios para um resfriado. Isso que me leva a pensar em uma sociedade justa, e enjaular aqueles que não se adaptam a ela. Vemos que tudo caminha numa única direção, o dinheiro fica em primeiro lugar, o “eu” está em primeiro lugar, mas ninguém mais olha para Aquele que nos deu vida. O que é o homem para fazer mal a outro homem?
De que serviria o dinheiro na mão do insensato para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento? (Provérbios 17:16 )
Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade. (Eclesiastes 5:10)
Caminhamos para o fim dos tempos, é só assistir os jornais e ver que a cada dia se cumprem as profecias, e quanto ao que aconteceu em nossa pequena cidade, Jesus já nos avisou:
E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. (Mateus 24:12)
Deus abençoe RioMafra.

Diego Marcell
2008

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A moda chegou ao espírito




Há um enorme número de pessoas que faz tudo para aparecer, conseqüentemente diminui a criatividade na hora de achar a atividade que servirá de ponte para ter uma matéria no TV Fama ou na revista Caras. Toda essa trajetória dos aspirantes a celebridades fúteis pode-se acompanhar no livro de Xico Sá “A Divina Comédia da Fama”; mas eu quero relatar uma nova modalidade que chegou ao mundo fervilhantemente vazio dessas pessoas. Resolveram achar que pertencer a uma determinada religião é bom para sua popularidade, já que não se consegue ter fama nacional, pelo menos nesse grupo de adeptos eles conseguem algo (o que eu acho difícil). Eu já observo isso a algum tempo, de certos artistas de 2° escalão andarem dizendo que são evangélicos; eu poderia citar vários que fizeram muito sucesso no país e que hoje são e são de verdade servos tementes a Deus, alguns que não hesitaram mesmo no auge da fama de largar tudo por uma verdade que a fama jamais os daria, porém existem alguns que pelo que parece, precisavam dar assunto para meia página de revista, foram no máximo duas vezes a um culto (se foram) e se dizem evangélicos, posando para revistas, fazendo filmes pornográficos, saindo em trio elétrico, ou desfiles de escola de samba e dando vexame por aí, apenas para envergonhar o povo de Deus. Ainda mais que a Tevê Globo (que infelizmente tem domínio para manipular grande parte da informação) jamais pronunciará os projetos que as igrejas evangélicas sustentam, de recuperação de drogados, de pessoas da rua, as clínicas, escolas, hospitais e tantos outros benefícios que a igreja faz, mas não fica levantando bandeira de propaganda, ao contrário dos “artistas” milionários que querem matéria exclusiva pelo bazar no quintal de casa para colaborar com os deficientes da esquina. Eles não fazem o mínimo, mas só fazem visando o retorno, a publicidade; os cristãos de verdade não, pois na Bíblia fala que o que a tua mão direita faz, que a esquerda não saiba. Porém essa mesma tevê Globo, na hora de falar mal, passa dias se for possível, prolongando o assunto; se um pastor faz algo suspeito, ele é o pior criminoso do país e se torna símbolo de toda aquela denominação, mas o dinheiro publico que é lavado diariamente pelos políticos e também PELA REDE GLOBO, onde estão estas matérias? A Globo não manda no país? Porque ninguém estuda, pesquisa? Porque a maioria é burra! Porque se houvesse uma maioria que pensasse igual, que não fosse uma iludida da mídia, colocaria todo esse lixo pra fora, governo, mídia, polícia, lei, faria tudo de novo; o povo é sacaneado todo dia e ri junto, mas quando o Diogo Mainardi satiriza o Brasil o povo se ofende, é incrível ver como a falta de conhecimento produz anomalias.
O cúmulo, o que me levou a escrever este texto, foi uma ex-paquita contando da sua vida com a Xuxa, elegendo-a uma santa e no final da matéria dizer que agora é evangélica e gravou um CD, ah, nenhum evangélico que se preze vai comprar esse CD e garanto que nem a sua Michael Jackson Xuxa poderá ouvi-lo.
Por isso fiquem atentos, cuidado com os falsos profetas que se apresentam disfarçados de ovelhas, mas que por dentro são lobos roubadores (Mateus 7:15).

Diego Marcell
2008

domingo, 24 de outubro de 2010

O dia em que enfrentei-me


por diego marcell

Hoje eu decidi enfrentar os meus medos.

Logo de manhã vesti uma roupa que a muito estava guardada pelo tom exótico do seu corte.

No meio da manhã, me surpreendi ajudando um jovem vendedor de chaveiros para uma clínica de recuperação (é que eu tive dúvidas quanto a clínica).

Ao meio-dia, resolvi pedir um X-TUDO, sempre tive medo do X-TUDO, ele me intimava, mas decidi enfrentar, assim como Davi indo ao encontro do gigante.

Logo após o almoço tomei coragem para terminar de ler aquele livro complicado que não saía da pagina 198.

15/07/10

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre o conceito de Presença de Deus


por Caio Fábio

“Nosso conceito de presença de Deus precisa ser mudado. Presença de Deus não é só a gente ficar arrepiado (enquanto desgraçado): se o culto está abençoado, todo mundo sente uns calafrios, arrepios – presença de Deus! Saem dali, a mulher dele é uma jararaca, ele uma cascavel, o filho é uma cobrinha; ele todo cheio de tiques, escangalhado, arruinado, mordendo a língua, vai ter que tomar Valium #5 para dormir. Sentiu a presença de Deus. Quem sabe não era o ventilador? Ele se arrepiou e pensou que era Deus!
Presença de Deus implica saúde de Deus. Presença de Deus implica em recuperação da imagem e semelhança de Deus, de maneira nítida. Senão, essa presença de Deus é absolutamente irrelevante: presença de Deus que não muda o meu ser, que não salva a minha psiquê, que só tira a minha alma do inferno e não tira o inferno da minha alma; presença de Deus que não me tira o sentimento de culpa, que não afasta as obras mortas, passadas; presença de Deus que não me converte ao meu filho e que não converte o meu filho a mim; presença de Deus que não me ensina a tratar minha mulher com dignidade, poesia e amor, e que não me dá a condição de recuperar o respeito e amor que ela teve por mim e perdeu por causa da minha maneira desajeitada de ser crente, que presença de Deus é essa?
Presença de Deus tem que implicar em presença de Deus. Não é passagem de Deus, é um Deus que fica; não é um carteiro que entrega um recadinho e vai embora; é presença na vida de cada um de nós.”

Fonte Rev Baggio

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre diversidade




“Minha gente, nós não estamos fazendo propostas radicais, dizendo que toda instituição é maligna, não. Não cremos assim; cremos que ela pode vir a se tornar uma coisa maligna. Também não somos desses como o grupo chamado da ‘Igreja Local’, ou ‘Do Discipulado’, que prega contra o nome denominacional. Para mim é uma irrelevância; não importa o apelido que esteja em cima da testa da sua comunidade. O que importa é a sua capacidade de transitar na sua comunhão com os irmãos; de conviver com eles e aceitá-los.
Eu entendo que há marcas muito fortes do Reino no presbiterianismo, mas não há todas. Nenhum de nós tem todas. Todos nós juntos não temos todas. Por isso, o mínimo que pode acontecer é aprendermos uns com os outros.”

(Caio Fábio em Novos Ministros para uma Nova Realidade, 1987)

Fonte Sandro Baggio

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quase embarquei na de vocês




Quase embarquei na falsa diplomacia formulada para sua biografia, item banalizado pelo mundo gospel, por seus espertalhões “apóstolos”, fundadores de reinos, detentores de visões, fetichistas da institucionalização do espiritual, com seus itens, regras, doutrinas com artigos mirabolantes e criativos. Arrebatadores de povos, findadores de opiniões; quase embarquei neste fetiche carnal, de sacralização do material. Vestes, liturgias, adereços, climas e cores de igreijolas futuristas, escatológicas, proféticas, mas tão carnais quanto a associação de clubes.

Quase embarquei nesta viajem ilusória do sentimento humano da auto-promoção, da fabricação de diplomas, da criação de estórias, da condecoração de fundo de quintal. Apóstolos da eu, profetas da carne, missionários do ego, até onde vão acreditando nas próprias mentiras? Para onde isso tudo os levará?

Nos discursos são ecumênicos, todos são irmãos, mas na prática são construtores de paredes, paredes grossas feitas de pedras medievais. Separatistas do sentimento, realizadores da desunião.

Tenho que agradecer a Deus por me livrar deste meio, não sejam como eu, sejam como vocês, mas sejam como a vontade de Deus para vocês. Sem essa de visão, pois dessa forma a única visão dominante é a de que cada um possui um Deus diferente do outro. Cada Deus uma visão, cada Deus uma igreja, cada Deus um apóstolo, cada Deus um reino. E se assim é, os deuses de vocês não se parecem com o meu, pois o meu é de unidade, é imaterial e de aceitação. Isso não é produzido por regra de eclesiologia humana, mas por pratica de vida e amor.

Diego Marcell
07-10-10

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um corpo doente




A divergência teológica pode caminhar tranquilamente na comunhão do Corpo quando ela não é a doença do fundamentalismo e da falta de humildade que coloca sua doutrina acima das demais. Neste caso se torna insuportável a convivência com esses irmãos. Se formos dividir o Corpo baseado na divergência teológica, pouquíssima quantidade sobra à unidade. Porém se mesmo assim a consideração for de irmandade, mas prevalecer os conceitos divergentes, não haverá comunhão, paz e alegria, dando subsídios para se iniciar o pecado neste meio.
Por isso que apesar de eu possuir irmãos muito amados, que desejaria de todo coração conviver mais intensamente para dialogar e tomar chimarrão, café ou jantar, mas que infelizmente prefiro manter distancia significativas para evitar sentimentos ruins, pois sua intransigência fica evidente nos primeiros cinco minutos de conversa, já inseridos por posicionamentos proféticos de seus apóstolos preferidos. E quando interpelados pela pura teologia tornam-se austeros nos seus olhares e tons de voz. Por isso prefiro tornar-me um ermitão do mundo crente que gerar inimizades pecaminosas pelo Corpo.
Espero nesta caminhada, encontrar irmãos realmente comandados pelo Espírito em suas mentes, para dialogar sem preconceito como um bom apreciador da vida e da reflexão que Deus me fez, repartir este prazer e este mandamento da comunhão em paz com alguns membros do Corpo, já que em sua totalidade ainda perecemos com algumas espécies de doenças geradas pela falta de atenção espiritual e humana.

Diego Marcell
06-10-10

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Oração do furacão



Fui (palavra perdida) pela insensatez
Te desejar, loucura
Como se fosse meu esquecimento
Como se fundisse em minha oração
Como o veneno que move o poeta
O combustível da sua depressão.
Fui sugado por um monstro mitológico
Que suspira suas mitologias em meu ritual profano,
E lançado num furacão me vejo vivendo nesse caos
Sem saber quem é meu adversário
Ou minha salvação,
Mas fazendo da estória meu cotidiano.
Almejando futuro que me prende numa cadeira de cientista maluco
Me vejo maluco
Um maluco bem cômico
Do realismo fantástico ou dos desenhos animados.
Sou eu meu inimigo “mor”
Sem lagrimas, sem suor
Sangue é tudo que pode provar minha existência.
Pessoas não me vêem, a não ser por velhas fotos,
Eu não vejo pessoas, a não serem suas letras.
Pessoas não me ouvem, a não ser um canto histérico e desafinado de um cover de um sucesso da MPB.
Eu não ouço pessoas, a não serem as conversas atrás das portas.
Não sinto seus cheiros, não bebo seus cafés.
Elas não me vêem, pois sou uma imagem projetada nos muros pichados da cidade.
E mesmo assim, o futuro me chama, me aterroriza apesar de não me assustar.
Mas o presente me maltrata, me espanca, me estupra a cada manhã.
É o furacão que me leva a lugar nenhum, toda manhã de pão quentinho que não posso comer.
Lutando com Deus em Fanuel, não consigo vencê-lo, nem escapar, pois não carrego marca nenhuma comigo, que não sejam as velhas cicatrizes das pancadas matinais no furacão.
Hoje queria um amigo pecador, para me dar conselhos idiotas, para dizer que sou pecador e idiota como ele.
Mas já não possuo amigos deste tipo faz tempo,
Hoje sou um eremita político construindo desejos retrógrados por vidas passadas.
Não, não me confundam com os milionários espíritas,
Eu sou um mendigo do Reino dos céus, que não encontrou o monte sagrado para queimar os pés.
Por isso escrevo tanta bobagem e deposito toda minha fé que o que eu escrevo seja minha oração ao Deus Desconhecido, que me ouve toda vez que peco por abrir os olhos de manhã e desejar o sono, o café na cama e o futuro longe do furacão;
Mas o pecado não dura muito, pois logo ele, o furacão me carrega para mais um dia de sangue sem tempo para loucura.


Diego Marcell
07-10-10

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Stikers arte de rua vídeos 3 e 4



Pensamento



O gênio não usa de sabedoria.
Se ele choca, é porque usa de verdade.
As vezes a sabedoria omite a verdade,
o que a deixa com aspecto subjetivo,
deixando de ser valorosa como sábia.

diego marcell
06-10-10

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Paulo, os poetas seculares e o irmão Faísca



Hermes Fernandes


Lá estava Paulo, no coração intelectual do mundo. Enquanto aguardava por Silas e Timóteo que vinham a caminho, o apóstolo dos gentios começou a enojar-se de toda aquela idolatria que imperava em Atenas.
Sua vontade era soltar o verbo, e esculhambar de vez com tudo aquilo. Sem conseguir se segurar, Paulo partiu pra sinagoga, e lá, num ambiente mais propício, ele esbravejou, discutindo com gregos e troianos, quer dizer, com judeus e gregos convertidos ao judaísmo.

Mas o caldo engrossou, quando chegaram os filósofos epicureus e estóicos. Espertos, trataram de tirar Paulo do ambiente religioso, e levá-lo para um ambiente secular, que, na opinião deles, não lhe era tão familiar. Com o apóstolo em desvantagem, eles poderiam “cantar de galo” em seu próprio terreno.

Levaram-no ao Areópago.

Quem ia à sinagoga, ia com a intenção de adorar ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó (pelo menos, em tese). Mas quem ia ao Areópago, ia em busca de novidades. O Areópago seria o equivalente à internet em nossos dias. Em outras palavras, 'terra de ninguém'.

Imaginemos que Paulo estivesse acompanhado de um crente legalista, do tipo com que a gente se esbarra por aí. Daqueles que se escondem por trás de uma fachada de santidade, ou por trás de um perfil falso na internet (fake), com direito a pseudônimo e tudo.

Vamos chamá-lo carinhosamente de “irmão Faísca”, ou Faisquinha (sonhando em ser “labareda” um dia...).

Vendo Paulo em maus lençóis, ele pensa com seus botões:

- E agora, Paulo? Como você vai se sair dessa? Mandar bem na sinagoga é fácil, quero ver como vai se sair num ambiente secular...

O irmão Faísca imaginou que, a julgar pela maneira como falava lá na sinagoga, Paulo perderia as estribeiras, e detonaria aqueles idólatras. Mas para sua surpresa, Paulo se revelou um gentleman.

- Homem atenienses, já vi que vocês são muito fervorosos em sua religiosidade. Com estas palavras, Paulo iniciou seu surpreendente discurso. E continuou:

- Passando por um dos santuários da cidade, dei de cara com um altar que tinha uma placa onde se lia: AO DEUS DESCONHECIDO. Querem saber de uma coisa? É sobre esse Deus que quero falar com vocês.

Imediatamente, o irmão Faísca deu um passo atrás, e cochichou para outros dois dos seus companheiros, o irmão Recalcado e o irmão Cabideiro:

- Aonde é que Paulo quer chegar? Que estória imbecil é esta? Quem disse que esse “deus desconhecido” é o Deus de Jesus Cristo? Paulo tá doido? Tá trocando as bolas!

O Recalcado, tomado por uma revolta nada santa, acrescentou:

- Será que ele não sabe como se originou este culto bizarro? Ninguém contou pra ele que este deus desconhecido é só mais um ídolo idiota? E se é ídolo, por trás dele tem um demônio. Quando esta gente se dobra perante este altar, está adorando o capeta. E como Paulo pode endossar isso?

Indiferente às críticas do Faisquinha e seus colegas, Paulo prosseguiu em seu discurso. Em vez de atacar os “idólatras”, Paulo os acalentava, e assim, conquistava sua simpatia, garantindo que ouvissem sua pregação.

Gradativamente, o apóstolo introduzia as verdades eternas do Evangelho da Graça, sem espantar, nem criticar ninguém.

Se na sinagoga Paulo tinha sempre um ‘pega pra capar’ com os crentes judeus, no Areópago, ele parecia brando, porém firme em suas convicções.

Em poucos minutos, falou-lhes sobre a graça e a soberania de Deus.

Durante esta etapa de seu discurso, Faisquinha já estava mais calmo. Percebeu que apesar de ter dado aquele furo no início, Paulo já havia voltado para os trilhos, e agora, apresentava-lhes o genuíno Evangelho (Era assim que ele imaginava).

De repente, em vez de citar passagens bíblicas, extraídas do Antigo Testamento, ou mesmo palavras atribuídas a Jesus, Paulo resolve citar filósofos gregos.

Não se segurando em si, o Cabideiro soltou entre os seus amigos:

- Que é isso, Paulo? Assim você vai estragar tudo! Esses caras não sabiam o que estavam falando. Eles eram tudo satanistas. Nunca parou pra ouvir suas canções? Seja mais bíblico, mais ortodoxo, senão, daqui há pouco a turma lá da sinagoga vai lhe taxar de herege.

Eles bem que queriam ter dito tudo isso diretamente a Paulo, em alto e bom som. Mas como não havia um perfil fake naquela época, sob o qual pudessem emitir qualquer opinião, sem ter que se expor, preferiram ficar calados.

Conhecedor da cultura secular, Paulo cita de cor o verso atribuído aos poetas gregos:

“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos. Como também alguns dos vossos poetas disseram: Somos também sua geração” (At.17:28).

Fico imaginando se isso houvesse acontecido hoje, quem seriam os poetas que Paulo citaria. Talvez citasse Cazuza, Renato Russo, Tom Jobim, sem se importar com o credo professado por eles.

O fato é que, ao final do seu discurso, vários se converteram à fé, inclusive o chefe do Areópago, chamado Dionísio (nome do deus do vinho).

Enquanto isso, o Faisquinha apagou, e seus amigos imaginários também, juntamente com o seu sonho de ser um dia uma labareda.



fonte Genizah

Deixei de ser evangélico...


Marcelo Lemos

Sem o menor sentimento de culpa admito que me tem sido coisa rara a afirmação "sou evangélico". Nem sempre foi assim. Houve tempos, já escondidos pela névoa do tempo, nos quais eu sentiria santo orgulho de tal identificação: que saudades! O tempo não para, dizia o poeta. E o tempo passou, sem muita poesia, assassinando poetas, e consagrando, quase sempre, gente cuja poesia maior é dedicada a ídolos. Nos esquecemos da primeira regra do Decálogo: adoramos personalidades, a nós mesmos, o sucesso, o dinheiro, o poder, os títulos eclesiásticos... Diante de Deus, nós, e nossos muitos deuses.

Recentemente questionaram qual minha opinão sobre o Padre Fábio de Melo, o cabeleira de gel, sem batina, que vive dizendo que tudo é "liiiiindo!", ter dito: "Eu também sou Evangélico!". Não deixa de ser uma declaração bonita e, quiçá, fruto de algum amadurecimento proporcionado em tempos pós Vaticano II. Tudo muito "liiiiiiindo!". Admitamos, por mais anti-catolicos sejamos, nada é tão prazeiroso que ouvir um padre reconhecendo que a salvação é por Graça, e que nossa missão principal é anunciar o Evangelho de Cristo. No entanto, creio que o padre precisa dar uma atualizada na cabeleira, já que a idéia que ele tem sobre o que é ser "evangélico" está defasada há, no mínimo, uma década e meia! Atualmente, ser evangélico pode significar qualquer coisa, o que nos leva a significado nenhum. Eis o grande mal dos evangélicos de nosso tempo: crise de identidade. A única coisa que o evangélico mediano parece saber sobre si mesmo, via de regra, inclui: que sua denominação é, em algum sentido, melhor; que ele é filho da promessa; que ele tem o selo da promessa, e que apesar de não ser dono do mundo, é filho do Dono! Não é "liiiiindo, minha gente"?

Assim, minha primeira razão para deixar de ser evangélico está no fato de que essa gente, os evangélicos, não sabe o que ser evangélico significa. Pergunte a maioria de seus amigos evangélicos: o que é o evangelicalismo? Qual sua origem? Quais seus postulados? Faça um teste, e comprove: quase absoluta ignorância. Somos uma geração que nada sabe sobre os Grandes Depertamentos, ou sobre nomes consagrados de nossa tradição evangélica, como Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Finney, Dwigth L. Moody, etc. Nem mesmo o contemporâneo Billy Granham escapa imune a nossa ignorância crônica. Aliás, o Billy só volta ao imaginário dos "gospi" quando algum aloprado escatólogico faz malabarismo para associá-lo a sociedades secretas, e a complôs promotores do Anticristo... Em contrapartida, sabemos tudo sobre espiritos territóriais, ex-satanistas, ex-noivas-do-Capeta, símbolos satanistas ocultos, pregadores-sem-língua, maldições hereditárias, e, claro, campanhas de Sementes, com Bíblias superfaturadas.

Por falar em Bíblia, eis minha segunda razão para deixar de ser evangélico: somos um povo ignorante das Escrituras, e da Teologia! Não só isso, além de ignorantes, temos orgulho do fato! Dia após dia, cresce a idéia de que um cristianismo realmente bíblico, que segue o modelo da Igreja Primitiva, é um cristianismo anti-intelectual. Canonizamos a ignorãncia. Tal blasfêmia sempre esteve presente, com honrosas excessões, na religiosidade pentecostal (de onde eu venho), mas não é privilêgio apenas daquele grupo, infelizmente. Mas, como pentecostal de berço, vou me ater ao que diz respeito a minha experiência mais imediata. "Igreja do Senhor!" - esbraveja o falastrão: "eu tinha um sermão prontindo para vocês esta noite; porém, quando eu chegei neste lugar, o Espírito Santo mudou tudo – fez aquele rebuliço! Por isso, quero lhes dizer que tenho uma mensagem vinda diretamente do céu para vocês! Hoje, eu não quero nada com Teologia: Deus vai falar diretamente com você!”.

Só tem um nome para isso: apologia da burrice. Atitude que não encontra nenhum paralelo no exemplo deixado por Jesus Cristo: "E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que deles se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24.27).Que ousadia têm aqueles pregadores e cristãos que desprezam o saber teológico, preferindo em seu lugar qualquer outra coisa, como experiencias e emoções! Eles se acham melhores que Cristo? Eles se consideram mais eficazes que o próprio Senhor, a quem dizem servir e amar? Do contrário, não é certo que deveriam seguir Seu exemplo? Como se atrevem a desprezar aquilo que Seu Deus valorizou?

Intimamente relacionado ao que foi dito acima, identifico minha terceira razão para deixar de ser evangélico. Aqui, um boa dose de cautela, pois estarei pisando em terreno perigoso. Inicio meu argumento com uma exemplificação: que dirá um cristão evangélico contra um cristão católico que, por exemplo, acredita em Purgatório? Resposa bem fácil: "A Bíblia não fala nada sobre um Purgatório, meu filho, acorda!". De fato, e não falando, os evangélicos se recusam a se submterem a um dogma extra-bíblico. Sabem o motivo? É que um dos pilares do Evangelicalismo vem direto da Reforma Protestante: o sola scriptura, segundo o qual, nada do que não esteja explicitamente ensinado nas Escrituras possa ser imposto aos crentes. Mas, ironicamente, aqui nasce um problema para os evangélicos de nossos dias: quando se trata de passar suas próprias tradições e práticas pelo crivo das mesmas Escrituras, ele rapidamente se saírão com a excusa de "não julgueis para não serdes julgados", ou qualquer imbecilidade como "cuidado, o cara é ungido Senhor; e não se deve tocar nos ungidos". Santa hipocrisia!

Ainda sobre isto há mais a se dizer: não apenas usamos o Sola Scriptura na balança da hipocrisia, como também o elevamos a um status de ídolo cego e manco. Calvino? Wesley? Spurgeon? Agostinho? Cramer? Confisões de Fé? Livros de Oração Comum? Não precisamos de nada, nem de ninguém, só das Escrituras! Conseguem perceber o desvirtuamento, a falsidade insinuante? Inventamos a idéia de que ter a Bíblia como regra suprema de fé implica na rejeição do que Deus, por Seu Espírito, fez durante séculos de cristianismo! Porém, se alguém ousar questionar o desatino anti-biblico de algum apóstolo moderno, temos resposta rápida e eficaz: "Cuidado com a Letra, abra seu coração para o mover do Espírito!". Nada mais nos interessa, ao menos, nada que tenha acontecido antes do nosso profeta, apóstolo ou bispa preferidos.

Admito, meus queridos, que há gente na Igreja Brasileira que ainda faz jus ao título "evangélico". É possível que os mesmos sintam-se injustiçados com minhas generalizações. Me solidarizo, acreditem. Infelizmente, por mais triste que seja, o termo evangelico perdeu seu valor, não por si mesmo, mas pelo mau cheiro de quem não lhe soube extrair o perfume. E, cá entre nós, nada mais eficaz para despetar um moribundo que uma boa descarga eletrica no peito: ou acorda, ou bate as botas de vez!

De modo que, tomo a liberdade de me definir como "um cristão, a favor do Evangelho, mesmo que precise ir contra os evangélicos". Peraí! Acho que isso é bem Evangélico, com E maiúsculo, não acham?


Marcelo Lemos é mais um desviado que resolveu ser subversivo do Reino e caiu aqui no Genizah

fonte Genizah

Comercial Diego Marcell

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Oração de Jó



Forçadamente jogo meu corpo nas palavras
Minha alma na lama
No pior dos esgotos ela permanece deitada
Eu quero me cortar como os antigos povos pagãos que queriam te adorar e não conseguiam
Eu quero me lançar ao pó como Jó
Será que eu sou Jó?
Por teu amor, afasta de mim esses amigos que se dizem crentes.
Mas Jó uma hora dessas?
Tiraram minha concentração.
Podem tirar minha alegria dessa forma?
Arranhar meu rosto no solo, manchando de sangue o chão,
Com razão, com sentido.
Prefiro a autoflagelação, à incerteza dessa dor.
Se o físico e o mental se mesclam em mim, como doença e como sentir
Então ainda prefiro a revolta do meu DNA, explodindo no âmago solitário de mim.
Batendo cabeça como viciado, ou como um louco que fabrica o próprio hospício
Por não agüentar esperar o dia que não chega.
Ou que nasce pior.
Nenhum diagnostico que evite socos no ar, no próprio rosto ou no próximo.
Perdendo teu dom por me reprimir
Uma desculpa de um pecador
Que não consegue viver o que não consegue pregar.
Só prazeres carnais me aliviam a carne.
Só o sono e o circo me aliviam o espírito.
Mas nem o pão me da prazer.
E nem o circo e nem o prazer carnal me aliviam.
Nem a fé que eu devo ter esquecido atrás de alguma porta, pode me levantar.
Como se aprende a ter fé?
Ao meu Deus poético o que devo fazer? Deixá-lo e me enquadrar em qualquer esquema padronizado?
E a minha comédia da vida privada, devo transformá-la num drama de Nelson Rodrigues?
Creio que não, posso sorrir e chorar, numa carreira mal sucedida de palhaço, rindo da idiotice que me cerca, rindo da idiotice da queda.
Faltam-me horas para o ciclo de remédios que tenho vontade de tomar além daqueles que tenho vontade de deixar.
Admira-me ser tão talentoso, ou cego, mas prefiro crer no meu Deus peripatético, do que na carranca das pessoas tristes e banais e mortas.
Admira-me ser tão verdadeiro e natural, próximo a falsidade dos que se vestem de falsa ética.
Mesmo assim tendo a sofrer e paralisar sem vontade, querendo amar sem amor, ou cheio de amor não poder expeli-lo. Meu rio lacrimal secou enquanto jorro sangue pela carne que perece, dessa forma, Senhor, salva-me por inteiro, ou pelo menos alimenta meu espírito e reaviva minha alma, pois dessa forma, força-me um tricotomia indesejada, então salva-me por inteiro. Amém.


Diego Marcell 30/09/10

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