segunda-feira, 28 de março de 2011

O crime teológico de “A Cabana”


O credo de Atanásio fala a respeito do Pai, do Filho e do Espírito Santo como não feitos, nem criados, nem gerados, mas procedentes uns dos outros, pois não são três Deuses, mas um, portanto o centurião quando viu a morte de Jesus e teve aquele estranho súbito sentimento que o revelava Jesus o filho, realmente, de Deus (Lc 23.47) ele não poderia ver um homem como outro qualquer gerado do Ser Máximo, mas o procedente, que desta forma é o próprio, concebendo então a compreensão da morte do próprio Deus naquele momento, por sua criação inteira.

O que se vê no cristianismo de hoje que quer se dissociar a tri-Unidade de Deus, se assemelha a uma antiga crença chamada Triteísmo, analise sua doutrina:

Ensina três pessoas distintas, como se as pessoas da trindade fossem independentes umas das outras.
Método triteísta: muito do que se fala e se escreve sobre a Trindade aproxima-se perigosamente do triteísmo; fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo, como falando de três pessoas individuais humanas, fala-se muito em cooperação das três pessoas, num plano em que trabalham nele separadamente, ouve-se falar de concílios de eternidade, como se os três se reunissem numa mesa redonda e individual a fim de que chegassem num acordo. (Silveira, p. 118)

Se não for possível aceitar que ali na morte de Cristo estava Deus, se nossa fé é tão fraca e defeituosa a ponto de exercer novos conceitos para a Trindade, então este cristianismo não se vê muito fundamentado.

Andei lendo alguns comentários sobre o livro “A Cabana” antes de iniciar minha leitura, algo que estranhei foi um comentário de um pastor que admiro muito por suas análises teológicas cotidianas e culturais, ele elogiou bastante o livro, mas analisando uma questão do enredo como erro teológico, situação elevada pelos extremistas tradicionais à heresia.

Quando cheguei no capítulo da referente citação, confesso que me arrepiei pela definição que o mesmo dá de Deus, mas um arrepio bom foi este, já que o escritor mostra algo de admirável profundidade teológica e espiritual, o capítulo 6 faz jus ao título e realmente é uma “Aula de vôo” para os espiritualmente dispostos a irem a cabana encontrarem Deus. Quando o Pai diz que Ele estava sendo crucificado com Jesus não é um crime, como o título deste texto sugere, mas uma verdade que faz sentido desde quando obtive alguma compreensão teológica verdadeira, se não fosse assim, quem seria Jesus na cruz? Seria o Jesus de várias seitas que no decorrer da história surgiram e continua surgindo, que fazem planos e cálculos para estabelecer algum sentido racional onde só existe mistério e fé, por ser a não-limitação do Ser perfeito que não é concebido pelos conceitos reduzidos por conceitos e conseqüências dos arredores da mentalidade humana.

A Cabana é um livro profundamente espiritual para quem se deixa penetrar pela reflexão da vida, um livro que mexeu muito comigo e me fez aprofundar ainda mais nas questões relacionadas a este Ser que nos criou. Um livro que mexeu comigo de forma suave e cotidiana. Recomendo a todos como fundamental para compreender que Deus não é aquele cara do quadrinho nas instituições religiosas.

Diego Marcell 28-03-11

Referencias

SILVEIRA, Agissé B. GONÇALVES, Israel B. Teontologia – Um Ser que é Deus um Deus que é Pai. Mafra: FAEST editora, 2009.
YOUNG, William P. A Cabana. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
Novo testamento King James edição de estudo. São Paulo: Abba Press, 2007.

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