Por Diego Marcell
Identificamos o brilho da juventude que é a esperança e a manifestação na sociedade, mesmo que sem grande conteúdo e talvez por isso ousada para ainda almejarmos um futuro. A juventude que sempre trouxe nas suas revoluções trilhas sonoras que acompanhavam gerações. Porém, hoje amargamente vejo uma sociedade estuprada por não ter mais sua juventude um grande hino de rock. Se por liberdade já não se luta, quais ideologias queremos ou teremos para viver?
O ultimo resquício desta pré-adolescência tem seu foco em objetos pouco ou nada úteis. Se numa cópia muito mal feita de uma memória new wave, esta canção que toca é desculpa para manifestações estéticas visuais de apreços bem mais próximos de um Wando que uma Blitz.
Não questionando qualidade, apenas progresso (mesmo que indique regresso), mas mudança caracterizando mutação, ainda pouco ouvíamos características pessoais de uma geração num inicio de certas bandas como Fresno na sua “Pólo”, que identifica alguma manifestação temporal, o que já não se vê na “colorida” Restart, que é uma reprodução vazia de um José Augusto, ou seja, sem ideologia nem ao menos bucólica.
Se o rock em seus múltiplos estágios, nem melhores, nem piores, apenas diferentes, causavam histeria idiota ou política ou sexual ou artística, mas deixavam um sonho em noites acordadas em bares e romances desde sempre, se em dado momento hippie, em progresso espiritual, punk político, pós-punk existencial, heavy metal expressivo, hard core contestador e por aí segue-se; ele sempre foi o herói que morria de overdose quando falhava, ou quando Lobão o acusava de erro, mas que renascia com três acordes embrionários cada vez que se fundia no ar dos novos tempos. Mas se agora nossos jovens se divertem com uma atualizada roupagem do gênero sertanejo, isto me assusta, já que nosso sonho rural era ter casa no campo para plantar amigos, livros e discos, para fazer rock, e não, como deseja esta, reunir-se em torno de trajes beges de couro para cantar coisas que a mente não absorve em nome de uma diversão sem futuro.
Espero que surja de algum gueto que misture samba ou hip-hop, com algum instrumento oriental, um britânico chacoalhar de nossos corpos com jaquetas de couro, possuídos de um novo romance que inspire notas ao violão em melodias inéditas ou re-paginadas fabricando poetas e novos guerrilheiros de canto gutural para transcenderem nossas almas pelo ritmo que fará da próxima geração pessoas dignas de passarem pela curtição da juventude que se embriaga de rock’n roll; pois é preciso saber viver, que saibamos também saber crescer.
07-02-11
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