domingo, 16 de janeiro de 2011

Para nós


Para o poeta, nascer é expressão, expressão e causa divina, palavra maior, exprimida e dolorida, quer sair e como veneno curar.

Para o rimador eu só quero esquecer de rimar, de clichês que gosto de usar, de ritmos que vicio em fazer, em canções que gosto de copiar.

Para um pensador eu só quero vagar, pelas ruas da noite, banhado de lua e de mar, quero deitar e deixar, a suave canção que o vento trás, me transpassar, quero comunhão, e rodas de violão, um perfume mareado a rodopiar em breves raios fora de compasso a enviesados olhares a comungar, um sentido que volta, pelas veredas da vida e da poesia, um pensamento que contagia azas que soam em ouvidos dispersos, infantes rabiscos que beliscam nossa vida, nosso viver e nossos versos.

Se precisamos de refrão, agora não, antiga lembrança de verão, Jesus traga pra perto, aqueles que passaram, aqueles que não ficaram.

Antiga oração, cantiga de época fria, de neblina, de gramado e balança vazia.

Antiga melodia, tecnologia que nos leva, idéia que regressa, películas e lugares, fantasmas que percorrem o passado.

Pra onde foram todos, o que está nascendo para um poeta que dorme, que sonha, que as vezes acorda e as vezes cochila? O que está acontecendo enquanto isso, se Deus está agindo e ninguém está vendo?

Algo vai acontecer!


Diego Marcell 19-06-10

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