sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Oração do furacão
Fui (palavra perdida) pela insensatez
Te desejar, loucura
Como se fosse meu esquecimento
Como se fundisse em minha oração
Como o veneno que move o poeta
O combustível da sua depressão.
Fui sugado por um monstro mitológico
Que suspira suas mitologias em meu ritual profano,
E lançado num furacão me vejo vivendo nesse caos
Sem saber quem é meu adversário
Ou minha salvação,
Mas fazendo da estória meu cotidiano.
Almejando futuro que me prende numa cadeira de cientista maluco
Me vejo maluco
Um maluco bem cômico
Do realismo fantástico ou dos desenhos animados.
Sou eu meu inimigo “mor”
Sem lagrimas, sem suor
Sangue é tudo que pode provar minha existência.
Pessoas não me vêem, a não ser por velhas fotos,
Eu não vejo pessoas, a não serem suas letras.
Pessoas não me ouvem, a não ser um canto histérico e desafinado de um cover de um sucesso da MPB.
Eu não ouço pessoas, a não serem as conversas atrás das portas.
Não sinto seus cheiros, não bebo seus cafés.
Elas não me vêem, pois sou uma imagem projetada nos muros pichados da cidade.
E mesmo assim, o futuro me chama, me aterroriza apesar de não me assustar.
Mas o presente me maltrata, me espanca, me estupra a cada manhã.
É o furacão que me leva a lugar nenhum, toda manhã de pão quentinho que não posso comer.
Lutando com Deus em Fanuel, não consigo vencê-lo, nem escapar, pois não carrego marca nenhuma comigo, que não sejam as velhas cicatrizes das pancadas matinais no furacão.
Hoje queria um amigo pecador, para me dar conselhos idiotas, para dizer que sou pecador e idiota como ele.
Mas já não possuo amigos deste tipo faz tempo,
Hoje sou um eremita político construindo desejos retrógrados por vidas passadas.
Não, não me confundam com os milionários espíritas,
Eu sou um mendigo do Reino dos céus, que não encontrou o monte sagrado para queimar os pés.
Por isso escrevo tanta bobagem e deposito toda minha fé que o que eu escrevo seja minha oração ao Deus Desconhecido, que me ouve toda vez que peco por abrir os olhos de manhã e desejar o sono, o café na cama e o futuro longe do furacão;
Mas o pecado não dura muito, pois logo ele, o furacão me carrega para mais um dia de sangue sem tempo para loucura.
Diego Marcell
07-10-10
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário