Não tenho amigos para sorrir nas festas; não tenho uma banda de rock para mudar o mundo numa noite; não sou ator para fazer emocionar alguém, nem atleta para romper limites; não sou clérigo para dar conselhos, nem profeta para ser ouvido; o que faço eu aqui se toda minha obra é nula, é como cinza na vastidão do mundo, se não tem público por estar escondida, ou por mover de forma errada, ser então incompreendida?
Neste tempo fico velho, sem nada apreciar, aprisionando meu pensamento por ser incapaz de raciocinar.
Se há algo para mim, responda-me como se a emergência fosse acionada, como fizeste, mas esqueci, pois hoje me encontro aqui, no deserto em meio a cidade que me ronda, como se não existisse, me ignora e isso me assombra.
Privado do meu café, do meu vinho e do mar, parado, estático, abandonado e nulo, nem a solidão física me encontra mais, rodeado do velho pensamento que insiste em me sistematizar. O que fizeste de teus filósofos, de teus profetas, por quê me deixaste à deriva sob controle, para enlouquecer, num domingo sem futebol, sem amanhecer, para me contorcer em espiral em busca de você, na epifania da palavra que torno a recorrer?
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