segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
O culto chato
prefácio
Esse texto parte de uma visão generalista, se na sua comunidade o culto, reunião, celebração ou como quer que você chame, não acontece desse jeito, deixe um comentário, que isso enriquece muito a conversa.
novos formatos
Esse final de semana você provavelmente vai ou foi num culto, reunião, celebração ou como quer que você chame na sua comunidade. Esse culto (vou chamar de culto, porque é assim que chamam na minha comunidade) deve ter um formato específico que se repete a cada semana.
A ordem dos acontecimentos deve ser essa:
o saudação
o louvor
o pregação
o benção
Talvez tenha santa ceia, batizado, avisos e outras coisas que são particulares a cada comunidadade ou denominação.
Não sei se falei no meu polêmico post introdutório que mudei para são bento do sul faz uns três meses. Antes morava em Curitiba e lá já estava habituado na comunidade que ia. agora que mudei, tenho dificuldade de ir pra igreja e isso por dois motivos — primeiro não conheço ninguém, segundo, o culto é chato. E é sobre o culto chato que quero falar.
o culto chato
Em Curitiba descobri que não ia no culto para ter comunhão com Deus, isso eu podia ter em qualquer outra comunidade. Eu participava daquela comunidade porque lá estavam (e ainda estão) os meus amigos, lá estavam pessoas com quem eu gostava de passar tempo junto e o culto era uma desculpa para isso acontecer (obviamente a palavra e o louvor me agradavam, mas isso eu conseguia em outros lugares também).
Eu, Gustavo Nering, acredito que o formato atual de culto está completamente ultrapassado. Não é que culto aqui em São Bento do Sul é chato, esse formato de culto é que é chato. O formato de culto atual não ajuda as pessoas em alguns dos principais problemas da nossa sociedade, o individualismo e a solidão. E consequentemente a maioria das comunidades deixam para depois do culto aquilo que podia ser contemplado dentro do culto.
Só quero deixar claro que acredito no poder do culto, não acho ele irrelevante, e não acho que isso é desculpa para deixar de convidar as pessoas a visitar nossa comunidade. Acredito no crescimento espiritual através do louvor e da pregação da palavra, só acho falta uma coisinha que é o ponto central desse texto.
a divisão
Em grande parte das denominações a igreja é disposta em bancos ou cadeiras viradas para o púlpito, altar ou palco onde ficam o grupo de louvor, o pregador e todo mundo que fala durante o culto.
As cadeiras ou bancos viradas para um mesmo ponto diminuem o contato humano e direcionam o olhar. Essa disposição tem a função de deixar as pessoas quietas para ouvir o pregador.
A comunhão, algo básico, essencial e elementar do cristianismo, fica para depois do culto, quando — os que tem a autorização — já falaram lá na frente. Quem vem pela primeira vez no culto só tem comunhão com alguém se for abordado ou se abordar alguém.
a conversa
Porque, ao invés de bancos que apontam para a frente, uma roda? Assim que eu imagino Jesus falando para as pessoas, alguns em pé, outros sentados, talvez um negócio parecido com o Altas Horas, tendo espaço para interação, perguntas, indagaçõe, etc.
Ou porque não tornar a comunhão como parte do culto? Um momento em que as pessoas se juntam em grupos e conversam sobre aquilo que foi falado no culto, e que, muito provavelmente, continua logo após o culto.
E esse é o ponto central do meu texto. Nosso formato de culto é muito semelhante à uma sala de aula, um formato vertical em que um fala e os outros ouvem.
Porém, com a internet, nós estamos num momento de estrutura social horizontal, num momento colaborativo onde todos podem contribuir.
Também, por causa da internet, muitas pessoas tem dificuldades sérias de se relacionar com pessoas de verdade, de ir ao encontro de outros, de puxar assunto e muitas vezes ir à igreja afirma a solidão.
A conversa deveria fazer parte do culto, e o culto deveria contemplar a comunhão como parte dele. É na conversa que nós conhecemos os outros e é na conversa que ensinamos e aprendemos.
A conversa é uma ferramenta fantástica, e ela é uma peça estratégica e fundamental na evangelização ao próximo. Nós temos que sair da nossa igreja para pregar, mas podemos também utilizar o espaço do culto para além dos nossos muros, mesmo estando dentro deles.
concluindo
Eu sei que novos formatos geram uma quantidade de problemas operacionais, que o espaço físico nem sempre ajuda e que muitas comunidades são muito conservadoras em relação ao seu culto, porém algo precisa ser feito para que nossas igrejas encham e se acalorem, ao invés de ficarem cada vez mais vazias e mais frias.
O número de pessoas sem religião aumenta a cada dia, e se não estivermos dispostos a conversar dentro da nossa igreja, fora será muito mais difícil. As pessoas clamam por um relacionamento em que haja confiança e fidelidade, e muitas vezes isso não acontece dentro da igreja. A Igreja precisa pensar em ferramentas para estimular relacionamentos reais e criar espaços de comunhão dentro do culto podem ser peça chave para o começo de qualquer relacionamento.
Fonte Crentassos
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