quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sebos, lugar de gente interessante, para alguns, esquisita…


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Quem nunca se perdeu num sebo não sabe o que está perdendo, utilizar o Google para buscas é sempre algo imediato e possível de incluir em alguns cliques um mundo geográfico imenso, mas um sebo não fica atrás, não tem a praticidade, mas quase sempre tem um interessante exemplar da espécie a nos ajudar, indicar direções e similaridades. O acaso acontece no Google, mas uma acaso com sabor de história acontece num sebo. Para os tecnólogos do presente, os trabalhadores e amantes dos sebos podem parecer esquisitos, mas se você não está acostumado, reserve uma manhã de sábado e se perca numa parte da produção intelectual do mundo, com certeza algum livro vai te chamar. Talvez você até ache que esquisito seja mesmo só se relacionar com bytes…
O André Ferreira do Livronauta pediu a colaboração deste blog para divulgar o que fazem, e foi prontamente atendido. Alfarrabistas são amantes da continuidade, ajudam a levar histórias de uns para outros, ensinam que muitos podem compartilhar o amor exclusivo e único e depois, passar a outros, que nunca viram. Um sebo é um dos lugares mais interessantes para se despender uma manhã. Veja abaixo o artigo produzido pelo Alejandro Rubio.
Sebos 
Segundo a Wikipédia, “Sebo” ou “Alfarrabista” é o nome popular dado a livrarias que compram, vendem e trocam livros usados. Segundo meu pai, era o único lugar onde ele podia buscar a leitura para cada dia, onde se achava nas mesas de ofertas livros baratos, e onde depois se podia reciclar parte da biblioteca fazendo um bom dinheiro. Para minha mãe era a ocasião perfeita para achar aquele livro que era um drama romântico, que o meu pai pedia que eu o escondesse para ela parar de chorar. Para os meus amigos, era o lugar perfeito para a caça ao tesouro….
Lembro bem da ocasião em que junto com Enrique, saímos de bicicleta e fomos ver revistas no Sebo e achamos embaixo de uma pilha, uma quantia de dinheiro. Ficamos congelados…..Nunca tínhamos visto tanto dinheiro assim. Nossa consciência nos dizia que esse dinheiro não era nosso, nossa cobiça dizia que essa pilha de gibis poderia ser lida, mesmo não tendo a grana. Repare que em nossa mente infantil, o dinheiro não valia nada, mais a possibilidade de ter livros e revistas para ler sim!
 Voltamos dois dias depois e o dinheiro continuava por lá, aguardando seu dono. Na nossa inocência de nove anos de idade, perguntamos ao dono : “O senhor nunca guarda dinheiro entre os livros?”, ele respondeu que nem louco faria isso, qualquer cliente poderia achar. “Nunca perdeu dinheiro aqui na loja?”, ele nem sequer nos respondeu e continuou com sua tarefa.O que fazer? Depois de pensar vários dias, decidimos que a melhor coisa que podíamos fazer era pegar o dinheiro e gastá-lo todo em gibis e livros. Venho então um dos períodos de maior felicidade da minha infância. O dinheiro ainda estava lá, e deu para comprar uns 50 gibis e 10 livros para cada um dos sócios. Graças a Deus o dono dalivraria não fez perguntas, assim, nem precisamos mentir. Já tínhamos tarefa para essas férias escolares: LER!Uma vez que li todo meu acervo, o troquei com Enrique. Dias depois, esgotada a leitura, decidimos voltar até o sebo para fazer uma troca. Entreguei 50 gibis e 10 livros e fiquei com 20 gibis, desta vez de super-heróis. Continuamos com nossa tarefa enfadonha e no fim das férias, quando conseguimos colocar toda a leitura em dia, devolvemos todos os gibis e livros, não ficando com qualquer um e ainda entregando vários que tínhamos em casa. No fim das contas, o livreiro ficou satisfeito e nunca soube da nossa malandragem juvenil. Assim, nossa consciência ficou aliviada e acreditamos ter participado do final tipo mocinho da historia.
 Sobre o autor:
Alejandro Rubio, dono da Livraria Osório, faz parte do Portal de Sebos Livronauta.

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