sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Dica musical - Eu não sei dançar - Ervilhas Astrais (O melhor do ano)
Este ano o Nucleo Pensante teve a honra de conhecer coisas novas, mudamos nossos conceitos e agimos apenas como registro pós-moderno, já não damos bola para aquilo que Max Weber registrou no seu principal livro; com tudo e por tudo isso elegemos a melhor música do ano em definições bem objetivas: aquilo que mais nos tocou e mostrou originalidade.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Dica musical - Toxina - Lírios Platônicos
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Dica musical - Pretin - Flora Matos
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Trechos extraídos do livro ‘A revolução do Cinema Novo’ de Glauber Rocha
Para
fazer cinema é fundamentalmente necessário quatro coisas: amor, inteligência,
sensibilidade e sobretudo insolência. (Miguel Torres)
O primeiro filme independente de produção foi Rio, 40 graus (1955) de Nelson Pereira dos Santos, este
filme foi influenciado pelo Neorrealismo, apesar de ser muito anterior ao
‘movimento’ do cinema novo, ele é um
marco inicial neste conceito todo, sendo considerado pelos cinema novistas o primeiro filme brasileiro de fato.
Diferente
dos intelectuais franceses, nós temos uma formação cultural muito confusa:
lê-se primeiro os dadaístas, depois a tragédia grega. (p. 112)
Os três primeiros filmes mais importantes do movimento
são: Vidas secas, Deus e o diabo na
terra do sol e Os fuzis. Foram
feitos longas e curtas antes destes, mas que ainda não refletiam a satisfação
estética dos autores.
Devemos
refletir sobre a violência e não fazer um espetáculo com ela... o interessante
não é a ação em si, mas o seu caráter simbólico. (p. 125 – sobre
a violência usada no cinema, principalmente norte-americano)
Uma grande turma entre cineastas e críticos espalhados
por Rio, São Paulo, Bahia e alguns na Europa mantinham além das primeiras
produções, muitos artigos em jornais e revistas, até que surge a expressão (que
era nova apenas no Brasil) de Cinema Novo. A proposta era se desvencilhar do
colonialismo norte americano, do modo industrial colonial que no Brasil
dominava através dos grandes estúdios (Vera Cruz e Atlântida) com as suas
chanchadas. A ideia do cinema de autor era além de criar argumentos condizentes
a nossa realidade, produzir e também fazer a distribuição, ou seja, colocar
todo o processo na mão do artista, por isso foi criada a Difilm, que era produtora e distribuidora do cinema novo.
No inicio haviam os fortemente influenciados por
Eisenstein como Glauber Rocha, Miguel Borges, Carlos Diegues, David E. Neves,
Mario Carneiro, Leon Hirszman e Marcos Farias; e os que defendiam Bergman,
Fellini e Rossellini que eram Paulo Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Mas
com o tempo a busca por uma linguagem latino-americana se firmava.
Gustavo Dahl disse que
‘nós não queremos saber de cinema. Queremos ouvir a voz do homem.’ Gustavo
definiu nosso pensamento. Nós não queremos Eisenstein, Rossellini, Bergman,
Fellini, John Ford, ninguém. Nosso cinema é novo não por causa da nossa idade. O
nosso cinema é novo como pode ser o de Alex Viany e o de Humberto Mauro que nos
deu em Ganga Bruta nossa raiz mais forte. Nosso cinema é novo porque o homem
brasileiro é novo e a problemática do Brasil é nova e nossa luz é nova e por
isto nossos filmes nascem diferentes dos cinemas da Europa.
Nossa geração tem
consciência: sabe o que deseja. Queremos fazer filmes antiindustriais; queremos
fazer filmes de autor, quando o
cineasta passa a ser um artista comprometido com os grandes problemas do seu
tempo; queremos filmes de combate na hora do combate e filmes para construir no
Brasil um patriotismo cultural.
Não existe na America
Latina um movimento como o nosso. A técnica é haute couture, é frescura para a
burguesia se divertir. No Brasil, o cinema novo é uma questão de verdade e não
de fotografismo. Para nós a câmera é um olho sobre o mundo, o travelling é um
instrumento de conhecimento, a montagem não é demagogia mas pontuação do nosso
ambicioso discurso sobre a realidade humana e social do Brasil! (p. 52)
Novo não quer dizer
PERFEITO pois o conceito de perfeição foi herdado de culturas colonizadoras que
fixaram um conceito de PERFEIÇÃO segundo os interesses de um IDEAL político. Os
artistas que trabalhavam para os príncipes faziam uma arte HARMÔNICA segundo a
qual a terra era plana e todos os que estivessem do outro lado da fronteira
eram bárbaros. A verdadeira Arte Moderna, aquela que ética - esteticamente
revolucionaria, se opõe, pela linguagem, a uma linguagem dominadora. (p. 133)
Porque a linguagem que
o cinema novo persegue, a linguagem
que dependerá de fatores sociopolítico-econômicos para se comunicar efetivamente com o público e influenciar na sua libertação
não pretende ser a organização de uma academia, no sentido tão prezado pelos
teóricos que necessitam de Deus para se salvar, mas proliferação de estilos pessoais que coloquem em duvida permanente
um conceito de linguagem, superestagio da consciência.
A qualidade da obra de
arte, me disse outro dia na praia o poeta Ferreira Gullar, será resultado da
capacidade que o artista terá de elaborar seu material dentro do maior rigor
dialético: é ele que conjugará informação, imaginação, razão e coragem,
elementos sem os quais qualquer obra de arte não se realiza. (p. 149)
A final o Glauber
queria dizer que o Cinema Novo não era um movimento, mas uma forma de expressão
que não era restrita a nada, como ele escreve em 1965 no famoso texto EZTETYKA
DA FOME:
Onde
houver um cineasta disposto a filmar a verdade e a enfrentar os padrões
hipócritas e policialescos da censura, aí haverá um germe vivo do cinema novo.
Onde houver um cineasta disposto a enfrentar o comercialismo, a exploração, a
pornografia, o tecnicismo, aí haverá um germe do cinema novo. Onde houver um
cineasta, de qualquer idade ou de qualquer procedência, pronto a por seu cinema
e sua profissão a serviço das causas importantes de seu tempo, aí haverá um
germe do cinema novo. A definição é esta e por esta definição o cinema novo se
marginaliza da indústria porque o compromisso do cinema industrial é com a
mentira e com a exploração. (p. 67)
Todo este discurso e esse
legado ideológico continuam validos para os nosso dias, num tempo novo,
precisamos encontrar uma linguagem relevante para o audiovisual brasileiro do
terceiro milênio.
O
cinema novo não é uma escola acabada, é um movimento que se faz, se processa,
se desenvolve à medida que se realiza... precisamos de uma linguagem nova e até
mesmo complexa. A tal simplicidade, as vezes, é apenas um disfarçado recurso da
mediocridade, da pobreza de imaginação, do mau gosto, do primarismo etc. (p.
81)
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Exposição fotográfica 'Imagens de um mundo em fim'
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Rádio Transamérica de Curitiba
A
Transamérica é a primeira rádio FM de Curitiba, sendo inaugurada em 10 de março
de 1977. Ela tem um dono só, Aloísio de
Andrade Faria que em 1973 recebeu 6 concessões de rádio e as situou em
Curitiba, São Paulo, Recife, Salvador, Brasília e Rio de Janeiro, sendo que hoje já são mais de 65 emissoras afiliadas.
Desde
1991 tem programação via satélite o que faz com que se faça uma programação
padrão nacionalmente, ficando o conteúdo local restrito apenas das 10 ás 12 e
das 16 ás 19 horas, além da programação esportiva que depende do horário dos
jogos.
Como
se trata de uma rádio comercial ela direciona no que é vendável e explora a
pesquisa com o publico e a atualidade do que toca ou se busca de programação;
um exemplo é que a 4 meses em decorrência da popularidade do MMA eles iniciaram
um programa sobre o assunto toda segunda-feira das 20 ás 21 horas.
Antigamente
o publico da Transamérica era de 15 a 29 anos nas classes A e B, depois que
investiram no esporte variou muito, mas a média é de 20 a 45 anos nas mesmas classes
A e B. Ela segue uma programação basicamente de musica norte-americana, por ser
uma rádio que explora o pop. Segundo o diretor da mesma eles não pagam o famoso
Jabá, apenas mandam para o ECAD o valor referente a quantidade de vezes que as
músicas foram tocadas.
A
transamérica tem um transmissor Norte-americano que possui uma qualidade bem superior
aos nacionais e consequentemente tem o custo maior também. Em termos de
funcionamento técnico o sistema da emissora se resume fundamentalmente ao
conjunto: transmissor, antena, torre, cabo e mesa de operação; eles têm um transmissor
de 35 kg e a antena alemã que consegue radiar 380 mil watts, chegando até a
Camboriú sendo a mais potente do sul do país e garantindo a popularidade e a
tradição que a rádio tem nesta região do Brasil.
Diego Marcell
Marcadores:
comunicação,
jornalismo,
publicidade
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Dica musical - For ozim - Jeferson Five
terça-feira, 20 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Foto poema - Século atômico - Helena Kolody
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Furo e opinião
Marcadores:
bizarro,
comédia,
cultura,
jornalismo,
notícias
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Opinião de Brasileiro
Marcadores:
cultura,
educação,
jornalismo,
notícias
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Dica musical - Foozer - Fúria
domingo, 21 de outubro de 2012
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
O povo que habita o facebook me comove...
Sei do trabalho de inúmeros artistas [diretores, atores, dançarinos,músicos...] gente de talento que precisa de apoio, de uma ajuda, que seu link seja partilhado pra ganhar reconhecimento, que uma contribuição seja dada no Catarse ou que simplesmente se divulgue um evento mesmo que não vá... mas todos finjem que não veem...
Mas quando se trata de futilidades é para isso que existe esta populosa região da nuvem... nos milhares terabytes de informação... E ai numa bela tarde entro no facebook e só vejo o frisson do momento "O Mendigo de Curitiba"... e todos querendo ajuda-lo, porque ele é lindo e precisa que alguma agência o lance no mercado!
Ah vá!
Todos pisam em cima dos mendigos, fogem deles, criticam-os e agora, só porque uma turista tirou a foto do mendigo galã todos tem que ajudar ele e compartilhar...
Vê-se que ninguém, [nem brasileiro, nem curitibano] conhece ou já conversou com algum mendigo... a maioria deles está na rua por opção, abandonaram o que tinham por causa de vícios... mas ninguém fala com os carrinheiros, estes sim estão batalhando pra ganhar um dinheiro, sustentar famílias, quem sabe se um dia aparecer um carrinheiro galã ele não ganhe espaço nas redes sociais e na nossa maravilhosa midia que também está pronta a tornar matéria de capa o mainstream.
As descobertas sobre o tal mendigo surpreenderam a todos: se descobriu que é um ex-modelo fotográfico que abandonou tudo por causa do crack... [me chamem de moralista ou o que quiserem, mas aqueles que se permitem viver no vício, que buscam em drogas um escape tem mais é que perecer mesmo!]
Não adianta internar... internação só é efetiva àquele que quer mudar de vida... e não quando é imposto os pais quererem não vai resolver nada!
As pessoas querem fazer o bem, não importa a quem, elas apenas precisam que alguém seja objeto de sua generosidade, como Kant coloca em sua obra Reflexiones (apud SCHNEEWIND, 2005, p. 534)
muitas pessoas sentem prazer em fazer boas ações,
mas por isso não querem ter obrigações para com os outros.
Se alguém chega até elas de maneira submissa, eles farão tudo.
Não querem se sujeitar aos direitos das pessoas,
mas encará-los como objeto da sua generosidade.

Já tô até anciosa pra encontra-lo na rua e perguntar como tá o faturamento agora... deve tá dando pra fumar um pouco mais por dia.
Fonte Raquel Zanini
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Lei
A lei [é] dura, porém [é] a lei.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
GodArt 2
No trafico subjetivo da opção artística, cada um entende a experiência a sua maneira, podendo sair em estado alterado ao fim do processo.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Dica musical - Loucos Poetas - Meus Fundamentos
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
J Pop dança haru matsuri Curitiba
Marcadores:
cultura pop,
Curitiba,
dança,
vídeo
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Picasso no MUMA
Em junho deste ano reabriu o Museu Municipal de Arte de Curitiba
que estava fechado desde 2005, o Muma teve a sua estrutura interna revitalizada. O prédio recebeu uma nova cisterna, elevadores, obras de acessibilidade, cabeamento elétrico e um sistema de ar-condicionado.
Circulei pela sala dos artistas paranaenses contemporâneos (com algumas manifestações que são as minhas favoritas pela mescla de materiais), pela sala dos artistas paranaenses do passado com obras do século XIX até o início dos anos 80; no centro de artes digitais pude interagir com um belo trabalho de vídeo mapeamento, além de cruzar pela biblioteca que fica perto da entrada do museu.
No térreo está o Cine Guarani que oferece filmes de circuito mais alternativo e com ótimos preços, principalmente aos domingos que pode assistir ótimos trabalhos por apenas 1 real. Ali também fica o teatro, com espaço razoavelmente grande para ambientes internos, tudo num clima moderno e claro.
Também numa sala no térreo está disposto o acervo pessoal do casal Lazzarotto. Poty Lazzarotto foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro, tem obras espalhadas por toda capital paranaense, além de ter ilustrado livros de grandes escritores da nossa língua como Guimarães Rosa, Gilberto Freire, Jorge Amado, Dalton Trevisan, Rachel de Queiroz entre outros. Ao entrar na sala damos de cara com um quadro de sua mulher Célia Lazzarotto, seguindo em sentido horário passamos por Di Cavalcanti depois cruzamos por artistas de vários lugares e até por artesanatos de culturas específicas, até chegarmos a algumas obras de Cândido Portinari e seus clássicos registros de Tiradentes. Quase saindo da sala vamos de encontro com Picasso, uma espécie de vaso feito pelo espanhol quase passa despercebido, mas quando batemos o olho em dois quadros de desenhos logo identificamos o gênio, toda sua reflexão, seu surrealismo, que para um desavisado contemporâneo poderia ficar evidente uma espécie de história em quadrinhos psicodélica, uma ficção científica fantástica e onírica, com alguns códigos decifráveis talvez apenas por especialistas, mas de fácil apreciação para qualquer contemplador de arte. Com intenção exclusivamente subjetiva foi onde fiquei mais tempo, ‘preso’ naquelas linhas, naquelas formas, naqueles monstros que pareciam querer me dizer algo, não por palavras, mas aquela criatura de Picasso parecia querer dizer algo ao meu espírito.
Quem estiver por Curitiba vale sair um pouco do circuito turístico e conferir também o Muma que fica na Av. República Argentina, 3.430. (Em frente ao terminal do Portão).
Marcadores:
arte,
crônica,
Curitiba,
Dica de Arte
Leitura no Brasil
Em 2011 o Instituto Pró-livro realizou a terceira edição da pesquisa de Ibope Inteligente Retratos da Leitura no Brasil, mostrando aspectos da leitura em nosso país que podem nos esclarecer um pouco o que as pessoas pensam sobre, de forma geral, o ambiente literário. A pesquisa foi realizada de acordo com a Probabilidade Proporcional ao Tamanho (PPT) das cidades, com a margem de erro máxima de apenas 1,4p.p.
Para 64% dos brasileiros ler bastante faz a pessoa vencer na vida, apesar disso, apenas 28% revelou gostar de ler no tempo livre, mesmo acreditando que ela é fonte de conhecimento para a vida, o brasileiro ainda opta pela tevê nas horas que lhe vagam.
No Brasil é considerado leitor quem leu um livro nos últimos três meses, mesmo que nos últimos 12 meses tenha feito alguma leitura ele não pode ser considerado, lembrando que quando falamos de livro, são livros tradicionais, livros digitais, livros em braile e apostilas, excluindo manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais.
Foi mostrado que as mulheres leem mais que os homens cerca de 15% e que os livros didáticos e a Bíblia ainda são os mais lidos. Os fatos que mais influenciam as pessoas a ler são 1° o tema (65%), 2° o título (30%) e 3° dicas de outras pessoas (29%). Os professores (45%) e as mães (43%) são as maiores influencias que instigaram o leitor. Percebe-se que há pouco costume de presentear outros com livros (8%), apesar disso 88% disseram que é uma importante influência para leitura ganhar livros.
A pesquisa também mostra que o maior acesso que o brasileiro tem aos livros é pela compra (48%), superando os empréstimos (30%) que na pesquisa realizada em 2007 aparecia em igualdade. As maiores motivações do leitor na hora de escolher onde comprar é em 1° lugar o preço mais barato (47%), 2° comodidade (33%), 3° variedade (29%) e 4° proximidade (28%); e a principal motivação para consumir livros é o prazer, gosto pela leitura (35%), isto converge numa nova forma de comercialização que é o comercio virtual (comodidade), um bom exemplo disso é o portal de sebos Livronauta que reúne mais de 3,5 milhões de livros usados (variedade) com até 80% de custo a baixo do valor de um novo (correspondendo a 47% do que se busca), sendo centenas de livrarias de todo país num só lugar (proximidade). Já as bibliotecas são vistas mais como ‘lugar para estudar’ (71%) e ‘lugar de pesquisa’ (61%), apenas 17% dos entrevistados veem a biblioteca como lugar para emprestar livros de literatura.
Outro fator que é tendência e vem num crescimento acelerado são os livros digitais, a pesquisa mostra que a maioria dos seus leitores possui ensino superior, em aproximadamente 9,5 milhões de usuários de livros digitais, a maioria (54%) tem gostado muito desta ferramenta, mas o número de consumidores que baixaram gratuitamente é de 62% contra 38% dos que pagaram pelo download. Quando perguntado sobre o mercado futuro entre livros impressos X livros digitais, 52% responderam que os livros impressos nunca vão deixar de serem publicados e irão conviver igualmente com os digitais.
O panorama geral indicou que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste declaram serem leitores de livros indicados pela escola e livros lidos apenas parcialmente (este segundo aspecto mais Nordeste e Centro-Oeste). Já nas regiões Sul e Sudeste aumentaram aqueles que leem livros inteiros e por iniciativa própria.
Também mostrou um aspecto que já é recorrente, que quanto maior a escolaridade e o poder aquisitivo, maior é a penetração da leitura e a média de livros lidos nos últimos 3 meses. Baseado nestas informações vê-se que a saída tem uma questão primeira, a educação e esta vêm atreladas a questões sociais, não bastante ter acesso à escola, mas ter uma boa educação é fundamental para termos um país mais leitor, naturalmente buscador de cultura e conhecimento.
Diego Marcell
Publicado no Instituto humanitas unisinos
Para 64% dos brasileiros ler bastante faz a pessoa vencer na vida, apesar disso, apenas 28% revelou gostar de ler no tempo livre, mesmo acreditando que ela é fonte de conhecimento para a vida, o brasileiro ainda opta pela tevê nas horas que lhe vagam.
No Brasil é considerado leitor quem leu um livro nos últimos três meses, mesmo que nos últimos 12 meses tenha feito alguma leitura ele não pode ser considerado, lembrando que quando falamos de livro, são livros tradicionais, livros digitais, livros em braile e apostilas, excluindo manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais.
Foi mostrado que as mulheres leem mais que os homens cerca de 15% e que os livros didáticos e a Bíblia ainda são os mais lidos. Os fatos que mais influenciam as pessoas a ler são 1° o tema (65%), 2° o título (30%) e 3° dicas de outras pessoas (29%). Os professores (45%) e as mães (43%) são as maiores influencias que instigaram o leitor. Percebe-se que há pouco costume de presentear outros com livros (8%), apesar disso 88% disseram que é uma importante influência para leitura ganhar livros.
A pesquisa também mostra que o maior acesso que o brasileiro tem aos livros é pela compra (48%), superando os empréstimos (30%) que na pesquisa realizada em 2007 aparecia em igualdade. As maiores motivações do leitor na hora de escolher onde comprar é em 1° lugar o preço mais barato (47%), 2° comodidade (33%), 3° variedade (29%) e 4° proximidade (28%); e a principal motivação para consumir livros é o prazer, gosto pela leitura (35%), isto converge numa nova forma de comercialização que é o comercio virtual (comodidade), um bom exemplo disso é o portal de sebos Livronauta que reúne mais de 3,5 milhões de livros usados (variedade) com até 80% de custo a baixo do valor de um novo (correspondendo a 47% do que se busca), sendo centenas de livrarias de todo país num só lugar (proximidade). Já as bibliotecas são vistas mais como ‘lugar para estudar’ (71%) e ‘lugar de pesquisa’ (61%), apenas 17% dos entrevistados veem a biblioteca como lugar para emprestar livros de literatura.
Outro fator que é tendência e vem num crescimento acelerado são os livros digitais, a pesquisa mostra que a maioria dos seus leitores possui ensino superior, em aproximadamente 9,5 milhões de usuários de livros digitais, a maioria (54%) tem gostado muito desta ferramenta, mas o número de consumidores que baixaram gratuitamente é de 62% contra 38% dos que pagaram pelo download. Quando perguntado sobre o mercado futuro entre livros impressos X livros digitais, 52% responderam que os livros impressos nunca vão deixar de serem publicados e irão conviver igualmente com os digitais.
O panorama geral indicou que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste declaram serem leitores de livros indicados pela escola e livros lidos apenas parcialmente (este segundo aspecto mais Nordeste e Centro-Oeste). Já nas regiões Sul e Sudeste aumentaram aqueles que leem livros inteiros e por iniciativa própria.
Também mostrou um aspecto que já é recorrente, que quanto maior a escolaridade e o poder aquisitivo, maior é a penetração da leitura e a média de livros lidos nos últimos 3 meses. Baseado nestas informações vê-se que a saída tem uma questão primeira, a educação e esta vêm atreladas a questões sociais, não bastante ter acesso à escola, mas ter uma boa educação é fundamental para termos um país mais leitor, naturalmente buscador de cultura e conhecimento.
Diego Marcell
Publicado no Instituto humanitas unisinos
terça-feira, 18 de setembro de 2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Reencontro
Marcadores:
Dica de Filme,
filmes,
filosofia,
vídeo
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Desculpa de brasileiro: o mercado de livros no Brasil!
Conversando com um amigo sobre o comércio brasileiro de livros, eis que eu escuto a seguinte resposta para uma pergunta sobre o porque não ler: “Livro no Brasil é uma coisa muito cara. Esses dias eu fui comprar um livro para minha filha e custava mais de R$70,00, um absurdo”. Diante dessa conjuntura, gostaria de expor algumas opções que poderão ajudar você a se tornar um bom leitor e garantir a economia que sempre sonhou.
Existem algumas empresas no mercado que já começaram a baratear os custos dos livros realizando a impressão das obras com um material mais econômico. As obras luxuosas não deixaram de ser produzidas porém, versões mais simples estão disponíveis nas livrarias, muitas vezes chegam a até 60% do preço mais barato que de uma edição mais elaborada. Está prática tem alimentado e muito o fluxo de livros no mercado brasileiro, fazendo com que mais pessoas tenham acesso a um material que, alguns anos atrás, seria praticamente impossível de ser adquirido devido seu poder aquisitivo.
Outra opção são os Sebos, que são livrarias que realizam o comércio de livros usados, fornecendo obras esgotadas, livros raros, obras autografadas e diversos outros exemplares por mais da metade do preço de um livro novo. Fora os inúmeros livros nas prateleiras, cada sebo possui uma política especial de compra/troca de livros, garantindo ao cliente créditos para adquirir outras obras no estabelecimento do livreiro. O hábito de comprar livros usados em um sebo é prazeroso para muitos leitores pois garante uma boa economia financeira e a descoberta de livros que sequer sabia-se da existência.
Estudos indicam que somente com a primeira opção (barateamento das edições), o brasileiro aumentou gradativamente o consumo de livros per capita saindo na frente das compras até mesmo do governo federal (geralmente o maior consumidor de livros). Apresentando alguns números: em 2010, o número de livros vendidos teve um crescimento de 13%; desde 2004, o livro teve uma queda nos preços de 34%; só no ano passado, as livrarias registraram um aumento nas vendas em mais de 40%. Não tem como negar que o comércio de livros está cada vez mais forte, procurando atender clientes como o meu amigo ali de cima.
Muitas vezes criamos barreiras sobre determinados assuntos que bloqueiam completamente nossa visão sobre um fato. Se o meu amigo procurasse maiores informações sobre onde comprar livros mais baratos – seja em livros, revistas, jornais, sites ou qualquer outro lugar que precisasse ler – talvez ele não bloqueasse a ideia e sua filha estaria lendo mais livros do que o de costume. Se a única saída para o desenvolvimento do ser humano é o estudo e a leitura, o que você está tentando fazer para que isso se torne possível? Pesquise, procure, garimpe! O mercado está se preparando para obter mais clientes e você pode se dar bem com isso. Tornar-se um consumidor de livros pode se tornar mais interessante do que você imagina.
Rafael é proprietario da Almeida Quadrinhos e Livros
FONTE Arteview
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Sevem secund
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Curiosidade: Primeiras bibliotecas no Brasil Imperial
Primeiras bibliotecas no Brasil Imperial
Em 1755, o terremoto de Lisboa destruira a Biblioteca Real Portuguesa. Logo, o rei D. José organizou então “La Ajuda”, movimento de compras e doações para a manutenção da biblioteca. Em 1805 D. Maria ordenou que, de todos os papéis impressos nas oficinas tipográficas, um exemplar deveria ser remetido a Biblioteca Real. A Biblioteca reuniaumais de 100 incunábulos e diversas primeiras edições portuguesas/espanholas,livros de horas iluminados, mapas, gravuras, etc. Todas as coleções foram encadernadas em marroquim vermelho, com detalhes dourados e o brasão de Portugal.
Pouco depois do terremoto, Diogo Barbosa Machado ofereceu uma doação de cinco mil volumes de diversos gêneros; seu acervo foi adquirido ao longo de sua vida de forma curiosa: ele recortava e encadernava tudo o que achava interessante. Informações fundamentais foram perdidas neste processo e como ele não seguia nenhum padrão para a encadernação, cada livro tinha a aparência de um amontoado de informações desconexas, porém muito valiosas.
A chegada das tropas de Napoleão precipitou a fuga da corte; não houve muito tempo para encaixotar tudo, mas por sorte conseguiram reunir muitos materiais que ajudou a administrar a nova sede. Chegaram salvos os arquivos das repartições públicas, a Biblioteca Real da Ajuda, os manuscritos da coroa e os do Infantado.
Uma vez organizada a corte, a biblioteca foi instalada no Hospital da Ordem Terceira do Carmo. A consulta era liberada somente aos estudiosos, sendo que em 1814 foi aberta ao público. Os dois primeiros bibliotecários foram: Frei Gregório José Viegas e o padre Joaquim Damásio, onde após independência, ambos voltaram para Portugal. Quando em 1825 Portugal reconhece a Independência, uma quantia é paga pelo bens portugueses deixados no Brasil e nesse valor foi incluído a biblioteca.
A biblioteca começou a enriquecer por meio do privilégio real, através de doações e de compras em leilões e alfarrábios, chegando rapidamente a 60.000 volumes. Era a maior biblioteca da América não só pela quantidade, mas também pela qualidade. Sabemos hoje que naquela época existiam outras bibliotecas no Brasil: Convento de São Bento, São Francisco, Real Academia Militar, Laboratório Químico-Prático, Academia Médico-Cirúrgica, Arquivo militar, Academia Real dos Guarda-Marinhas. Com a orientação destinada a educação da arte ensinada, o conteúdo destas bibliotecas se tornou muito completo, mas restrito somente a quem pertence-se a instituição. O conceito moderno de biblioteca pública somente desenvolveu-se com as ideias democráticas norte-americanas.
Em 1811, em Salvador, um rico senhor de engenho – Pedro Gomes Ferrão de Castelo Branco – conseguiu uma autorização real para fundar a primeira Biblioteca pública do Brasil, sendo administrada através dos ideais democráticos. A arrecadação de fundos, a doação de 3000 volumes e a permissão de uso da antiga livraria dos Jesuítas foi o que tornou possível a realização do projeto.
A inauguração ocorreu na sala do docel no palácio do governador, comemorando também a fundação da tipografia e lançamento da gazeta Idade d`Ouro. A biblioteca fez tanto sucesso que novos fundos eram necessários para manter o ambiente em atividade; foram feitas três loterias em beneficio da biblioteca. Infelizmente, o tempo foi inimigo da biblioteca; aos poucos, o projeto foi caindo no esquecimento e no abandono; a falta de cuidados com a manutenção e o empréstimo dos exemplares acabou diminuindo a qualidade e a quantidade do seu acervo.
Sobre o autor
Alejandro Rubio é amante de livros e trabalha em um sebo
Referências
MORAES, Rubens Borba de. Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial
sábado, 8 de setembro de 2012
Tese literária dos 12%
Periferia e pobreza
carlayedieneuneb.blogspot ![]() A luta contra as desigualdades sociais do Brasil também passa por ações no campo da educação, como a alfabetização de jovens e adultos. |
19 de novembro de 2011, do Rio de Janeiro, Alejandro Rubio
Estou entrando na metrópole. Costumo dizer que ela é igual a todas as outras, possuindo uma coroa cinza de poluição, ar pesado, trânsito lento, barulho, favelas, violência e muita pobreza. Faço uma reflexão: por que será que ainda existe tanta pobreza se o ser humano, a cada dia que passa, consegue produzir mais e mais riqueza? Aliás, segundo a economia, quanto mais produzimos, mais achamos que precisamos para existir. O pobre de hoje tem condições de vida da mesma forma que um nobre tinha há 300 anos. Mas minha reflexão anda por outros caminhos... Será que antigamente eles tinham uma vida melhor?
Falando das metrópoles latino-americanas, por que será que esta América tão rica tem filhos pobres? Antes da revolução industrial, a vida de cada família era de subsistência, onde cada grupo produzia seus alimentos, moradia, roupa e apenas fazia escambo do excedente, surgindo algumas profissões como sapateiro, médico, dentista, parteira, roupeiro e várias outras. Nada disso as deixava livres da fome, do frio e das injustiças muito comuns naquela época.
Na revolução industrial, as crianças a partir de seis anos eram colocadas para trabalhar em péssimas condições, chegando a completar turnos de 18 horas por dia nos sete dias da semana. O capital aparece e justifica as teses de Marx, o proletário deve se unir contra o demônio capitalista. Ao invés de termos benefícios com o emprego, o capital aumentou a diferença entres as classes sociais. A desagregação familiar foi outra consequência; muitas pessoas começaram a migrar sem sua família, visto que a indústria apenas oferecia alojamento para o trabalhador, deixando a família de fora. O êxodo cresceu de tal maneira que as cidades começaram a inchar desproporcionalmente, tornando-se o que conhecemos hoje.
Não há dúvida de que devemos impedir o avanço do capital em nome da ganância de poucos que chegaram ao poder por meios escusos. Todo tipo de injustiça se justifica, do trabalho escravo a manobras para deixar o pobre mais pobre. O arsenal da pessoa endinheirada passa pela manipulação das bolsas (onde o pobre coloca sua poupança na ilusão de ganhar um pouco, quando na realidade ela é usada pelos grandes para fins inconfessáveis), na exploração do trabalho escravo, a corrupção governamental e a imposição de regras de jogo que só beneficiam o grande capital.
Mas como o ser humano conseguiu diminuir a desigualdade? As profissões não diminuíram a pobreza, o emprego industrial menos ainda; o sindicalismo é uma mera cópia do capitalismo, no qual o sindicalista para de ajudar seus colegas por montanhas de dinheiro; e as revoluções de esquerda mudaram o foco para o totalitarismo ou para a destruição sistemática das fontes de produção. A grande resposta para essa pergunta é simples: estudo, capacitação, aprendizado.
Na idade média, apenas os nobres, os altos funcionários públicos e os religiosos aprendiam a ler. Após o descobrimento de América e com a invenção de imprensa por Gutemberg, os livros passaram a ser mais difundidos, mas ainda muito caros e poucos os podiam ler. O povo não sabia ler!
Na alvorada do século 20, quando chegamos per fare l`America, encontramos casa, comida e educação, ainda que muito precária, mas em uma base mais firme da que se tinha na Europa faminta. Por aqui não vemos o problema que eles possuem até hoje: falta de espaço para crescer e plantar. Esforços gigantescos foram feitos, baseados na teoria aprovada por Dom Pedro I de que governar é povoar, e que o imigrante trazia sua experiência em trabalho, sua vontade de progredir e um componente importante: muitos deles já eram na sua terra professores e vieram para aqui ensinando o que já sabiam, adaptando o seu conhecimento à nova pátria.
O livro que ainda era raro por aqui começou a ser produzido em escala industrial. Foram criadas bibliotecas públicas, foi dado incentivo ao plantio de árvores para a produção de papel e a importação de maquinários para indústria gráfica foi desonerada. E o mais importante: com poucos recursos, foi iniciada a tarefa da formação de professores, que tanto benefícios trouxe a todos. O conhecimento liberta e a leitura é a fonte do conhecimento.
Nenhum povo sem preparo e sem cultura consegue aprimorar sua vida. Na minha juventude, o terceiro mundo era composto pela América Latina, Ásia e África. Sabemos que os asiáticos investiram pesadamente em educação e hoje estão no primeiro mundo.
O que será que nos falta por aqui?
* Alejandro Rubio ama os livros e trabalha em um Sebo.
FONTE Estratégia e análise
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Sebos, lugar de gente interessante, para alguns, esquisita…

Quem nunca se perdeu num sebo não sabe o que está perdendo, utilizar o Google para buscas é sempre algo imediato e possível de incluir em alguns cliques um mundo geográfico imenso, mas um sebo não fica atrás, não tem a praticidade, mas quase sempre tem um interessante exemplar da espécie a nos ajudar, indicar direções e similaridades. O acaso acontece no Google, mas uma acaso com sabor de história acontece num sebo. Para os tecnólogos do presente, os trabalhadores e amantes dos sebos podem parecer esquisitos, mas se você não está acostumado, reserve uma manhã de sábado e se perca numa parte da produção intelectual do mundo, com certeza algum livro vai te chamar. Talvez você até ache que esquisito seja mesmo só se relacionar com bytes…
O André Ferreira do Livronauta pediu a colaboração deste blog para divulgar o que fazem, e foi prontamente atendido. Alfarrabistas são amantes da continuidade, ajudam a levar histórias de uns para outros, ensinam que muitos podem compartilhar o amor exclusivo e único e depois, passar a outros, que nunca viram. Um sebo é um dos lugares mais interessantes para se despender uma manhã. Veja abaixo o artigo produzido pelo Alejandro Rubio.
Sebos
Segundo a Wikipédia, “Sebo” ou “Alfarrabista” é o nome popular dado a livrarias que compram, vendem e trocam livros usados. Segundo meu pai, era o único lugar onde ele podia buscar a leitura para cada dia, onde se achava nas mesas de ofertas livros baratos, e onde depois se podia reciclar parte da biblioteca fazendo um bom dinheiro. Para minha mãe era a ocasião perfeita para achar aquele livro que era um drama romântico, que o meu pai pedia que eu o escondesse para ela parar de chorar. Para os meus amigos, era o lugar perfeito para a caça ao tesouro….
Lembro bem da ocasião em que junto com Enrique, saímos de bicicleta e fomos ver revistas no Sebo e achamos embaixo de uma pilha, uma quantia de dinheiro. Ficamos congelados…..Nunca tínhamos visto tanto dinheiro assim. Nossa consciência nos dizia que esse dinheiro não era nosso, nossa cobiça dizia que essa pilha de gibis poderia ser lida, mesmo não tendo a grana. Repare que em nossa mente infantil, o dinheiro não valia nada, mais a possibilidade de ter livros e revistas para ler sim!
Sobre o autor:
Alejandro Rubio, dono da Livraria Osório, faz parte do Portal de Sebos Livronauta.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Preacher, a obra-prima de Garth Ennis e Steve Dillon

Um jovem padre se revolta com Deus e em toda crença que ele criou resolvendo pedir esclarecimentos do porque este mesmo Deus deixou com que a civilização chegasse ao ponto que chegou, passando por cima de qualquer um que fique no caminho dentre os dois, por mais bizarro que seja.
Este é um curtíssimo resumo sem palavrões (o que é muito difícil nos padrões de Preacher), sobre a saga do Reverendo Jesse Custer em busca do encontro com o Figurão do céu.
A Palavra:
De uma relação sexual entre um anjo e uma demônio (!!!), nasce o que é chamado de Genesis, um ser que teoricamente tem tanto os poderes de ambos os lados. O casal é morto pelas entidades celestiais e o filho aprisionado no céu. Este consegue se libertar e busca encontrar um mortal para poder usar seu corpo. Como a entidade é bastante poderosa, os anjos invocam o Santo dos Assassinos para encontrar Genesis e o mortal que ele "encarnou".
Após uma ressaca e com algumas lesões da noite anterior, o reverendo Jesse Custer vê sua igreja lotada, como nunca vira - por sinal - depois de ter contado algumas confissões em voz alta no bar local. Genesis percebe toda a insatisfação de Jesse sobre sua fé e "encarna" no padre, permanecendo em sua cabeça. O poder desta ligação, acaba destruindo a igreja e matando todos os fiéis, restando apenas J. Custer.
A Palavra:
De uma relação sexual entre um anjo e uma demônio (!!!), nasce o que é chamado de Genesis, um ser que teoricamente tem tanto os poderes de ambos os lados. O casal é morto pelas entidades celestiais e o filho aprisionado no céu. Este consegue se libertar e busca encontrar um mortal para poder usar seu corpo. Como a entidade é bastante poderosa, os anjos invocam o Santo dos Assassinos para encontrar Genesis e o mortal que ele "encarnou".
Após uma ressaca e com algumas lesões da noite anterior, o reverendo Jesse Custer vê sua igreja lotada, como nunca vira - por sinal - depois de ter contado algumas confissões em voz alta no bar local. Genesis percebe toda a insatisfação de Jesse sobre sua fé e "encarna" no padre, permanecendo em sua cabeça. O poder desta ligação, acaba destruindo a igreja e matando todos os fiéis, restando apenas J. Custer.
Nesse momento, há o encontro de J. Custer com sua ex namorada Tulipa, que está fugindo junto com o vampiro Cassidy (mas não um vampiro convencional, tipo Bela Lugosi, e sim um cara de calça jeans e camiseta branca). Ao mesmo tempo, policiais e o Santo dos Assassinos aparecem, levando Jesse a descobrir a Palavra, um "poder" vindo de Genesis, onde as pessoas fazem tudo, literalmente tudo, o que o reverendo diz.
Logo em seguida, Jesse convoca, com a “Palavra”, algum anjo para lhe esclarecer o que estava acontecendo e por que o Todo-poderoso não fez nada ainda. O anjo lhe fala que o Nosso Senhor largara o céu, foi embora, não queria mais saber de mandar nas coisas, e deixou tudo a esmo. Com isso, o reverendo se revolta e traça uma meta: encontrar Deus, pedir satisfações e, se conseguir, dar um chute na sua bunda gloriosa.
Várias acontecimentos bizarros marcam toda a história (66 volumes divididos em oito arcos, que por sinal, a editora Panini acaba de lançar pela primeira vez no Brasil o oitavo arco), como um departamento especial do Vaticano - que cuida da linhagem de Cristo (muito antes do Dan Brown) e vai atrás de J. Custer; detetives sexuais e a origem dos três personagens principais (Jesse, Tulipa e Cassady) e tantas outra insanidades.
Várias acontecimentos bizarros marcam toda a história (66 volumes divididos em oito arcos, que por sinal, a editora Panini acaba de lançar pela primeira vez no Brasil o oitavo arco), como um departamento especial do Vaticano - que cuida da linhagem de Cristo (muito antes do Dan Brown) e vai atrás de J. Custer; detetives sexuais e a origem dos três personagens principais (Jesse, Tulipa e Cassady) e tantas outra insanidades.

Personagens:
Além reverendo, todo o elenco do gibi é fantástico: sua ex namorada Tulipa (que Jesse larga sem motivo aparente, porém no desenrolar da história é revelado); Cassidy, um vampiro irlandês radicado nos EUA desde o começo do século XX. Estes dois aparecem de uma forma inusitada na história, ou melhor, com o tempo de leitura do gibi, você começa a pensar que não é tão inusitado assim... Juntos, e em alguns momentos separados, os personagens principais encontrarão figuras atípicas, insanas, bizarras.
Por que ler Preacher:
A história roterizada por Garth Ennis e desenhada por Steve Dillon é ótima do começo ao fim. Há muito humor negro; muitos personagens são insanos, e uma coisa bacana, não há super heróis, todos são humanos, com personalidades, seus lados bons e ruins; o trio (Jesse, Tulipa e Cassady) sempre estão num bar, num restaurante típico das estradas norte-americanas conversando futilidades entre os assuntos "sérios" (chutar a bunda de Deus).
A Editora Panini lançou em setembro de 2011 o ultimo arco da saga "Alamo", e pelo que ouvi falar, a pretensão da editora é relançar os antigos arcos, todos em formato de luxo, afinal, o Reverendo Jesse Custer merece. Com sorte, você poderá encontrar as edições mais antigas em algum sebo especializado em histórias em quadrinhos.
Sobre o autor
André Ramos trabalha em um Sebo de Curitiba e coleciona gibis desde 2000.
@livronauta
Fanpage Livronauta
www.livronauta.com.br
@livronauta
Fanpage Livronauta
www.livronauta.com.br
Fonte Quadrinho

terça-feira, 4 de setembro de 2012
Da expressão glauberiana
A linguagem cinematográfica nos filmes de Glauber Rocha não é uniforme, sofrendo variações estilísticas bem acentuadas, principalmente em Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Terra em Transe (1967), sem falar no puzzle que é o seu canto de cisne, A idade da terra (1980). Se, antes de Glauber, o cinema brasileiro segue os cânones da narrativa griffithiana (de David Wark Griffith, cineasta americano que faz O Nascimento de uma Nação, em 1914, e Intolerância, em 1916, e é considerado o pai da narrativa cinematográfica), a registrar na sua história poucas ousadias formais – exceção se faça a Limite, 1930, de Mário Peixoto, é a partir dele que são introduzidos conceitos de Sergei Eisenstein no corpus do filme. Em Barravento(1959/1962), ainda que timidamente, a presença do soviético se faz sentir, assim como uma procura de distanciamento dos moldes praticados por Griffith – a narrativa de progressão dramática in crescendo, com a apresentação do conflito, desenvolvimento deste, clímax e desenlace.
Mas é somente a partir de Deus e o Diabo na Terra do Sol, obra que efetua um corte longitudinal na história do cinema brasileiro, que Glauber Rocha instaura um certo paradoxo estético num filme que conjuga várias influências, desde a tragédia grega (o cego Júlio como fio condutor), passando pelo western, na exploração dos grandes espaços, e Buñuel, na seqüência do assassinato do Beato Sebastião por Rosa, até chegar a Eisenstein, na matança dos beatos em Monte Santo (influenciada pela escadaria de Odessa de O Encouraçado Potemkin, 1925) e a Kurosawa, com os rodopios dissonantes de Corisco, entre outros.
O ritmo em Deus e o Diabo na Terra do Sol não segue um mesmo diapasão. Ora vem com cortes rápidos (quando Manuel esfaqueia o fazendeiro ou com os cavalos correndo na invasão da casa do vaqueiro que acaba por matar a sua mãe) num espírito quase fordiano, ora vem com tomadas longas (a segunda parte no encontro de Manuel com Corisco). Glauber Rocha, neste filme extraordinário, por mostrar uma enxurrada de influências, revela que sabe reprocessá-las, dando a elas um estilo, o estilo glauberiano, que seria copiado ad infinitum pelas gerações posteriores sem, contudo, nunca igualá-lo.
Este ritmo paradoxal de Deus e o Diabo na Terra do Sol não seria repetido em Terra em Transe, que possui uma estrutura narrativa de cortes ligeiros, montagem sincopada, e tomadas rápidas. O cineasta opta por este ritmo para adequá-lo melhor à sua temática. Um poeta que agoniza enquanto relembra fatos pretéritos. O filme se passa todo neste instante de agonia e as imagens surgem, portanto, dispersas, não enfeixadas dentro de uma narrativa corrente. Neste caso, é o pensamento tumultuado do personagem interpretado por Jardel Filho que se situa como o próprio móvel do filme. A Biografia de um Aventureiro, onde apresenta a trajetória do político vivido por Paulo Autran, é extremamente wellesiana até mesmo por seu tom radiofônico. O processo do pensamento agônico pode lembrar Alain Resnais.
Em O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), Glauber Rocha se apóia numa estrutura de narração que é, poder-se-ia dizer, antípoda da de Terra em Transe. Nela, uma espécie de suite de Deus e o Diabo na Terra do Sol, há uma radicalização estilística já experimentada em Cancer: a dos planos-seqüências – tomadas longas sem cortes. Em O Dragão..., todo filmado na aridez da paisagem de Milagres, no interior baiano, mais conhecido no exterior pelo nome de seu personagem principal, Antonio das Mortes (sempre interpretado por Maurício do Valle), a utilização do plano-seqüência chega às raias da exasperação. Um bom exemplo é a do enterro de Jofre Soares, quando a câmera acompanha uma ladainha e segue, em travelling, o trajeto do funeral. Há, no entanto, na abertura, uma invenção fascinante: Antonio das Mortes surge do lado direito da tela e passa por ela atirando com seu rifle até desaparecer do lado esquerdo. De repente, com o cenário vazio de pessoas, começam a cair vários cangaceiros, que foram atingidos fora do enquadramento. Genial, um verdadeiro cinema de invenção.
Em O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro procura uma transfer do ritmo da literatura de cordel para imprimi-la no cinema. A sensação que se tem, vendo este filme, é a sensação de quem lê uma história cordelista, com a diferença de que a transferência de uma linguagem a outra se processa com extrema felicidade. Da palavra escrita, da sintaxe verbal, passa-se à sintaxe cinematográfica que busca aquela.
O cinema glauberiano é um cinema de ritmo, portanto. Barroco, tem o sentido da linguagem, a compreensão de estar criando por meio de uma sintaxe própria, a unir esta à morfologia característica do específico cinematográfico. Um plano é morfológico, mas, quando este plano entra em contato com outro, deixa de sê-lo para dar lugar à sintaxe cinematográfica. Glauber, nesse sentido, é um cineasta que louva o verbo cinematográfico. Poucos os autores no cinema nacional, compreendendo-os como tais, como dizia François Truffaut, que possuem uma visão do mundo e um estilo de fazer cinema. Glauber Rocha encaixa-se perfeitamente na definição do severo crítico do Cahiers du Cinema.
FONTE SETARO
Assinar:
Postagens (Atom)